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celeiro Globo Goiás produções audiovisuais

Goiás tem se tornado protagonista a cada dia em grandes produções audiovisuais. São séries, filmes e agora até a nova novela das 19h vai se passar em solo goiano. Isso tem acontecido por vários motivos, mas, sobretudo, é uma tratativa para trazer mais telespectadores locais para frente da TV. A estratégia é fazer com que as pessoas se identifiquem mais com que é retratado na obra gravada na terra natal. 

Sem sombra de dúvidas, isso traz uma certa curiosidade do goianiense, mas fica uma dúvida: será que vai ser mais uma produção carregada de estereótipos com o nosso sotaque, vestimentas e traços culturais? Na líder de audiência, tivemos uma série de produtos que foram gravados por aqui que não fizeram sucesso. Uma das mais marcantes foi a última novela de Manoel Carlos, “Em Família”, que teve como locação as cidades de Goiânia e Pirenópolis. Em uma das cenas, Bruna Marquezine cavalgava no meio da Praça Cívica. Algo meio pasmoso, mas não ilógico. 

Todas as produções que passam por Goiás têm uma presença do “erre” muito forte nos diálogos.  Acredito que seja uma forma de evidenciar o sotaque, mas nunca acertam o tom e sempre é algo que fica mais caricato, que beira o ridículo. Além disso, o xadrez sempre está compondo as roupas dos personagens, assim como as calças apertadas, com cintos de fivelas chamativas e, claro, o famoso chapéu de peão. Como se toda pessoa utilizasse o acessório sempre que saísse de casa. 

Mas a presença de Goiás na tela não é por acaso. O estado tem se tornado dor de cabeça para a Globo quando falamos de audiência. Dados do Kantar Ibope mostram que o último capítulo de Vale Tudo rendeu apenas 24,2 pontos em Goiânia para a emissora carioca. Por muito tempo ignorada, a capital goiana passou a ser um centro de irradiação para todo o país impulsionado com a força do agronegócio. Questões essas que preocupam a vênus platinada

Outro dado do Painel Nacional de Televisão (PNT) é que a Globo vem perdendo audiência de maneira contínua. Em 2025, a emissora pode fechar o ano abaixo dos 30% de market share, que é a participação no total de TVs ligadas. Em Goiânia, essa é a realidade desde a pandemia. Até setembro deste ano, o share diário era de 26,4%, o pior do painel. 

A Record ainda é uma pedra no sapato da Globo em solo goiano, mas até mesmo a emissora de Edir Macedo vem perdendo espaço, que está sendo preenchido pelo streaming. Somando todas as plataformas, são 29,1% de participação nos televisores de Goiânia nas 24 horas do dia. 

Por causa disso, a Globo tem investido em produções gravadas para a sua plataforma. Reencarne, por exemplo, teve cenas gravadas no interior de Goiás. Nesta quarta-feira, 29, estreia o doc-reality “Poderosas do Cerrado”, que acompanha seis mulheres ricas e influentes do Centro-Oeste. É uma versão mais regional do Mulheres Ricas, exibido pela Band em 2012/2013, como nomes conhecidos pelo grande público, como Val Marchiori, Narcisa Tamborindeguy e Andréa de Nóbrega. Segundo a Globo, Poderosas do Cerrado terá dez episódios com mulheres que “se destacam na elite de Goiânia.” 

Além disso, a substituta de Dona de Mim, atual novela das sete, será Coração Acelerado, que vai permear o universo sertanejo. As gravações já acontecem em Goiânia. As atriz Isadora Cruz postou stories curtindo o Parque Vaca Brava e Isabelle Drummond decidiu conhecer um x-tudo da Rua 10. Goiano, o ator Filipe Bragança também estará na produção em um personagem que faz sucesso na música sertaneja. A novela foi encomendada após o sucesso de Rensga Hits, que já está na terceira temporada e que também aposta na cultura sertaneja, com cenas gravadas em Goiânia. 

Tudo que é feito para levar que mais pessoas conheçam a cultura do nosso estado é válido, mas é preciso tirar essa ideia da “roça asfaltada” e mostrar as outras potencialidades na capital e no estado. Goiânia tem uma vida noturna agenda, boa gastronomia, uma cena de rock preservada, além de um estado recheado de belas paisagens e que tem somado tecnologia e inovação. Goiás vai além do erre arrastado…