A presença do Presidente dos Estados Unidos em cúpulas internacionais exige uma logística de segurança sofisticada e adaptada às particularidades de cada local. Com a próxima reunião marcada para ocorrer no Rio de Janeiro, o Serviço Secreto dos EUA e as autoridades brasileiras trabalham em sinergia para garantir a segurança do chefe de estado. Esse esforço envolve um planejamento minucioso, inspeções de segurança detalhadas e operações coordenadas entre forças americanas e brasileiras. A cúpula no Rio, uma cidade com desafios únicos, requer um nível ainda mais elevado de cuidado e execução, especialmente em um contexto geopolítico onde ameaças externas e questões de segurança regional são preocupações constantes.

A segurança do presidente americano começa com um planejamento de meses, até anos, de antecedência. Antes de cada cúpula internacional, o Serviço Secreto envia equipes ao país-sede para conduzir avaliações exaustivas, incluindo estudos sobre infraestrutura, segurança pública e potenciais riscos. No caso do Brasil, agentes do Serviço Secreto trabalham de perto com a Polícia Federal, o Exército Brasileiro e as forças locais para coordenar um plano de segurança que cubra desde o transporte até os locais de estadia e eventos.

Cada detalhe é analisado: rotas de deslocamento, possíveis rotas de fuga, alternativas em caso de emergências e ameaças em áreas de grande circulação pública. As autoridades locais têm acesso às informações do plano, mas parte dos detalhes permanece sob sigilo para garantir que, em uma eventual situação de risco, apenas os agentes designados saibam exatamente como proceder. No contexto do G20 no Rio, essa colaboração também significa estabelecer uma comunicação constante para monitoramento de ameaças potenciais, incluindo terrorismo e manifestações.

O transporte presidencial inclui uma série de protocolos para assegurar que o presidente se mova com segurança em todas as fases da viagem. O Air Force One, aeronave oficial da presidência, oferece infraestrutura completa para transporte seguro, comunicação global e uma base de operações durante o voo. Em eventos como o G20, o presidente americano costuma aterrissar em locais mais restritos, como bases aéreas, onde o acesso é controlado. No Brasil, isso frequentemente inclui o uso da Base Aérea do Galeão, onde o ambiente pode ser isolado e preparado com antecedência para a chegada da comitiva presidencial.

No solo, o presidente utiliza veículos especialmente projetados, como a limusine blindada conhecida como “A Besta”, que é transportada para o país anfitrião com antecedência. Essa limusine é equipada com recursos de defesa de ponta, incluindo blindagem reforçada, selamento hermético para proteção contra armas químicas e sistemas de comunicação segura. Além disso, outros veículos, incluindo SUVs e veículos de suporte, acompanham a comitiva, formando uma espécie de “bolha” de segurança que bloqueia acessos não autorizados. Durante o evento, as rotas de deslocamento entre os pontos de encontro do G20 são previamente verificadas para minimizar qualquer risco de atentado.

O Serviço Secreto garante que o presidente esteja sempre rodeado por camadas de segurança. Além dos agentes próximos ao presidente, há um perímetro externo com outros agentes e seguranças locais que controlam o acesso ao público. O local principal da reunião, como o Riocentro, provável sede do G20, será cercado por controles rigorosos de entrada e saída, onde somente pessoas autorizadas têm permissão de entrada. Em eventos de alta segurança, atiradores de elite (snipers) são posicionados em pontos estratégicos, proporcionando cobertura a grandes distâncias para proteger o presidente e outras autoridades.

Em adição, cada entrada e saída do local é monitorada com scanners e detectores de metais. Unidades de resposta rápida estão estrategicamente posicionadas e prontas para intervir em caso de qualquer incidente. No Rio de Janeiro, onde a criminalidade em áreas próximas pode representar um risco adicional, o reforço de segurança e a mobilização de forças policiais locais são ampliados, inclusive com o fechamento de ruas e a criação de zonas de exclusão ao redor do presidente. Helicópteros podem sobrevoar áreas específicas para monitoramento aéreo e apoio imediato caso ocorra uma tentativa de violação do perímetro de segurança.

A integração entre o Serviço Secreto e as autoridades locais é fundamental para uma operação bem-sucedida. As forças de segurança brasileiras, incluindo a Polícia Federal e as Forças Armadas, já têm experiência em operações de grande escala, como as Olimpíadas de 2016 e a Copa do Mundo de 2014. Para o G20, essa cooperação é intensificada, com unidades de inteligência compartilhando informações e forças de segurança locais auxiliando no monitoramento de atividades suspeitas nas imediações do evento.

Além disso, a cooperação com os agentes de segurança locais permite que o Serviço Secreto entenda melhor o ambiente e possíveis ameaças específicas, como manifestações políticas. Para garantir a segurança nas rotas e locais de eventos, a Polícia Rodoviária Federal e as polícias estaduais de São Paulo e Rio de Janeiro podem participar de operações preventivas. Esse suporte local é crucial para garantir uma resposta rápida e eficiente em caso de qualquer situação de emergência ou necessidade de evacuação do presidente e sua comitiva.

A comunicação durante a visita do presidente é feita com sistemas de ponta para evitar interferências e garantir a segurança. Equipamentos de comunicação avançada e codificados permitem que o Serviço Secreto mantenha contato constante, com canais de comunicação redundantes para evitar qualquer falha. Em caso de uma ameaça iminente, o Serviço Secreto também pode utilizar dispositivos de bloqueio de sinais para impedir a detonação de dispositivos explosivos por controle remoto.

Além dos tradicionais sistemas de vigilância, drones são empregados para monitoramento em tempo real, e veículos com câmeras e sensores percorrerão áreas-chave. Essa tecnologia permite que o Serviço Secreto tenha uma visão panorâmica do local e detecte atividades suspeitas ou perigosas. Os agentes têm, ainda, acesso a câmeras de segurança de locais próximos, e os sistemas de inteligência integram informações para alertar antecipadamente sobre qualquer movimento suspeito.

O Rio de Janeiro possui características que trazem desafios adicionais para a segurança presidencial. A geografia da cidade, cercada de morros e áreas de difícil acesso, exige uma adaptação nas estratégias de monitoramento e mobilidade. Além disso, o índice de criminalidade em certas regiões do Rio é um fator de risco que exige reforço adicional. O histórico de eventos de grande porte no Rio, como as Olimpíadas e a Copa do Mundo, fornece uma base de experiência para as autoridades brasileiras, mas o risco de atentados ou atividades hostis permanece.

Esses fatores tornam necessária uma operação de segurança intensificada e, em certas áreas, a criação de zonas de restrição mais amplas para afastar o público de locais estratégicos. As forças de segurança do Brasil se concentram em áreas críticas e colaboram com o Serviço Secreto para minimizar o impacto desses desafios. Além disso, protocolos de emergência para evacuação rápida do presidente foram preparados, caso alguma ameaça significativa seja detectada.

A segurança do Presidente dos Estados Unidos durante a cúpula do G20 no Rio de Janeiro é resultado de um planejamento meticuloso, cooperação internacional e utilização de tecnologia de ponta. Os protocolos rigorosos e a coordenação entre as forças de segurança americanas e brasileiras são essenciais para garantir a integridade do presidente e o sucesso do evento. Os desafios únicos apresentados pelo Brasil, especialmente pelo Rio de Janeiro, são administrados com uma combinação de estratégias preventivas, controle de perímetros e vigilância em tempo real, evidenciando a complexidade e a importância da segurança presidencial em eventos de tamanha magnitude.

Antônio Caiado | Foto: Acervo Pessoal

Antônio Caiado é brasileiro e atua nas forças armadas dos Estados Unidos desde 2009. Atualmente serve no 102º Batalhão de Operações de Informação como Primeiro Sargento (1SG), liderando grupos de soldados em busca de informações que possam facilitar as estratetgias militares americanas em solo estrangeiro.