SUS e Samu em Goiânia: a urgência de fortalecer a saúde pública

08 agosto 2025 às 13h22

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O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) é essencial para salvar vidas em situações críticas, como acidentes, infartos e outras emergências. Ele funciona 24 horas por dia, em todo o território municipal, prestando atendimento rápido e transportando pacientes para unidades de saúde adequadas.
Contudo, dados levantados pelo Jornal Opção mostram que, em 2024, a frota do Samu em Goiânia operava com apenas três a cinco ambulâncias, um número alarmante para uma cidade com mais de 1,5 milhão de habitantes. Com a nova gestão de Sandro Mabel, o número passou para 17 ambulâncias.
Essa situação resulta em atrasos no atendimento, ou seja, aumento dos riscos para pacientes e sobrecarga para as equipes. A situação foi agravada pela falta de técnicos especializados — um déficit estimado em 70 profissionais — o que levou a uma greve dos trabalhadores em protesto contra condições precárias e ameaças de terceirização do serviço naquele mesmo ano.
O SUS como pilar da saúde pública brasileira
O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, com reconhecimento global. Seu princípio fundamental é garantir acesso universal, gratuito e integral à população, independentemente da classe social ou renda.
Em Goiânia, o SUS não se resume apenas a hospitais e postos de saúde, mas inclui uma complexa rede de serviços, que vão desde campanhas de vacinação até o atendimento móvel de urgência, o Samu.
Importante destacar que o SUS não trata apenas das unidades de atendimento emergencial. A saúde pública envolve também ações como saneamento básico, controle de vetores (como o mosquito da dengue), vacinação em massa e vigilância epidemiológica. Esses serviços, muitas vezes invisíveis, são fundamentais para prevenir doenças e reduzir a demanda por atendimentos hospitalares, inclusive no Samu.
Desmonte ou fragilização desses setores provoca efeitos cascata, ampliando crises sanitárias e sobrecarregando serviços como o Samu, que acabam assumindo demandas evitaveis.

A polêmica do consórcio e da terceirização: riscos para a saúde pública
A proposta de criação de um consórcio intermunicipal para gerir o Samu em Goiânia é motivo de controvérsia. Por um lado, a ideia busca integrar recursos e ampliar o alcance do atendimento em uma escala regional, o que pode trazer ganhos de eficiência. Por outro lado, especialistas, conselhos municipais e sindicatos alertam para os riscos reais de perda da autonomia local e de precarização do serviço.
A terceirização, ainda que disfarçada em modelos como consórcios, pode levar a uma gestão menos transparente, com foco em redução de custos em detrimento da qualidade e rapidez do atendimento. Em serviços de urgência, onde minutos podem significar vida ou morte, essa deterioração não é aceitável.
Para garantir a eficácia do SUS e do Samu, são indispensáveis investimentos contínuos em infraestrutura, equipamentos, insumos e, sobretudo, na valorização dos profissionais de saúde. Concursos públicos, planos de carreira justos e condições adequadas de trabalho são medidas básicas para fortalecer o sistema.
Além dos investimentos, é essencial que a gestão pública do SUS e do Samu seja transparente e aberta à participação da sociedade. Conselhos municipais de saúde, entidades sindicais e movimentos sociais devem atuar de forma ativa, fiscalizando e contribuindo para políticas que assegurem serviços públicos de qualidade. Privatizações e terceirizações podem parecer soluções rápidas, mas carregam riscos à universalidade, integralidade e equidade do sistema.
Sem isso, a saúde pública fica vulnerável a crises constantes, comprometendo o direito à saúde garantido pela Constituição.
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