O cerco parece estar se fechando. Nesta terça-feira, 13, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sofreu mais uma derrota no Congresso: a CPI do 8 de janeiro aprovou requerimento que autoriza a quebra do sigilo do celular do ex-chefe de Estado. Qualquer irregularidade precisa ainda ser investigada e comprovada, mas o fato só corrobora para a confirmação de uma tese que circula até mesmo entre bolsonaristas: a de que Bolsonaro se tornará inelegível.

Mas, na falta do inventor do bolsonarismo, que é maior até que seu criador, quem seria o sucessor natural do ex-presidente? A resposta é uma só: não há. Justamente por isso, diversas lideranças insurgem para ganhar destaque entre o eleitorado bolsonarista que valoriza mais a falácia que a razão.

No clã Bolsonaro, seus parentes poderiam despontar como sucessores naturais. Eduardo seria, talvez, o mais preparado para esse posto. Deputado federal desde 2015 por São Paulo, adota um discurso conservador, alinhado com a extrema-direita. Graduado em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é concursado da Polícia Federal.

Flávio, o outro filho de Bolsonaro, senador pelo Rio Janeiro, também poderia ser uma opção. No entanto, quando disputou a Prefeitura do Rio, em 2016, ficou apenas em quarto lugar. E Carlos, já no sexto mandato como vereador, teria sido o principal estrategista de marketing do pai e o responsável pela propagação do bolsonarismo nas redes sociais.

No entanto, nenhum dos três filhos parecem animar a base bolsonarista como o pai. Não a ponto de lançar qualquer um dos três como candidato a presidente. Ao mesmo tempo, Michelle corre por fora nesse páreo entre a “família real” do PL. Ela surgiria como quase um fator surpresa, a zebra da disputa. Mas a inexperiência em eleições pode ser um fator decisivo para o veto de seu nome.

Agora, caso o bolsonarismo opte por lançar um candidato com o mesmo perfil falastrão do ex-presidente, o deputado federal por Goiás, Gustavo Gayer (PL), poderia ser um nome. Não se pode negar que é um dos bolsonaristas mais atuantes na internet e que carrega consigo uma legião de seguidores, para o bem e para o mal.

Outro nome de peso que circula nas rodas direitistas é do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). No entanto, seu perfil mais moderado (comparado a Bolsonaro) o torna quase uma persona non grata entre bolsonaristas mais radicais, que são muitos e orquestram uma massa pelas redes sociais, como Facebook e Instagram, ou aplicativos de mensagem, como Whatsapp e Telegram.

O governador Romeu Zema (Novo) também poderia surgir como uma opção. Ele foi um dos principais cabos eleitorais de Bolsonaro na última campanha, mas no dia seguinte aos atos golpistas de 8 de janeiro já deu entrevista sugerindo que o ex-presidente deveria “prezar pela democracia”, quase que o acusando pelo descontrole da base bolsonarista. Esse poderia ser um fator que pese contra seu nome no grupo de apoiadores mais radicais.

Entre os governadores, o de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), entrou no tabuleiro político nacional e fez uma “jogada de mestre” ao topar participar da CPI do MST. Saiu de lá como um presidenciável pelas declarações que agradaram os direitistas – inclusive os mais extremistas – e sua experiência como parlamentar fez com que tivesse um bom desempenho no embate discursivo entre esquerda e direita.

Há ainda muita água para passar debaixo da ponte. Muitos nomes ainda podem surgir e outros devem cair nessa lista nos próximos anos. Mesmo assim, 2026 está mais perto do que se imagina e as eleições de 2024 serão um degrau no caminho da conquista do Planalto que não pode ser subestimado.

De qualquer forma, hoje temos mais perguntas do que respostas. Quem será o próximo Bolsonaro? Teria o ex-presidente capacidade de transferência de votos? A direita se uniria em torno de um único nome? Seria Bolsonaro insubstituível? Sem ele, o bolsonarismo resiste? Aguarde cenas do próximo capítulo.