Safra ou vidas: o que a taxa do agro deve priorizar nas rodovias?

25 abril 2023 às 16h40

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Na tarde desta terça-feira, 25, um homem perdeu a vida em uma colisão frontal de uma picape Fiat Toro com uma carreta, na GO-462, no trecho que segue rumo ao Setor Orlando de Morais, região norte de Goiânia. O carro e o utilitário ficaram destruídos. Mais um infeliz, porém rotineiro, acidente fatal na rodovia, que, não tem nenhum trecho duplicado e está cada vez mais movimentada, por causa do adensamento populacional (indevido, diga-se, segundo diretrizes de qualquer planejamento urbano sensato) nas proximidades.
E o que isso tem a ver com a taxa do agro? Tem muita coisa, a partir da destinação do tributo.
O Fundo Estadual de Infraestrutura (Fundeinfra) – o “nome de batismo” da taxa – é, sem dúvida, uma ótima alternativa encontrada pelo governo de Ronaldo Caiado (UB) para fazer justiça social colocando nos holofotes o setor mais bem-sucedido da economia goiana: o agro exportador, aqui um termo utilizado no sentido amplo, já que inclui nele rotambém as empresas que trabalham com extração mineral.
Na verdade, os contribuintes da taxa, agora com cobrança assegurada por votação no Supremo Tribunal Federal (STF), vão fazer uma devolutiva de parte dos subsídios que recebem do Estado. É uma medida justa moralmente e também inteligente como mecanismo fiscal.
Como informa o presidente da Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra), Pedro Sales, todo o valor arrecadado retornará para o próprio setor contribuinte, por meio de infraestrutura que bem lhe servirá, como obras como a pavimentação de novas rodovias e a construção de pontes e outros itens, que aumentarão o poder de escoamento da safra goiana.
Mas há um ponto que precisa e pode ser melhorado na destinação da taxa, até porque é mais urgente: a melhoria do estado e da segurança das rodovias goianas. Com o fim da estação chuvosa, facilitado o trabalho das equipes de manutenção, mas a questão não se resume a tapar buracos e roçar o mato: isso é apenas o básico – e que, claro, precisa ser executado “pra ontem”.
A questão é que grande parte dos trechos das GOs precisam de, no mínimo, uma minirreforma: estão com sinalização horizontal e vertical inexistente ou bastante desgastada e totalmente às escuras em trechos onde a estrutura de postes está implantada – como é o caso da GO-080 entre Goiânia e Nerópolis.
São medidas que diretamente visam poupar vidas – inclusive dos trabalhadores que transportam as riquezas geradas no campo. Se for para levar pelo lado da economia pura e simples, não são medidas para aumentar a velocidade do escoamento da produção, mas com certeza servirá para um transporte com mais qualidade e menos perdas. Se for para pensar nos aspectos materiais, basta se ater ao exemplo que inicia o texto: o condutor da carreta perdeu o dia de trabalho e os envolvidos na negociação da carga que carregava também perderam tempo e dinheiro com o acidente.
Um buraco em uma rodovia não é só causa de prejuízos financeiros a quem trafega, como pneus estourados e rodas e suspensões destruídas: é também risco de acidentes sérios, com ferimentos graves e mesmo perda de vidas.
Com a responsabilidade que o atual governo vem tendo com o erário, certamente a taxa do agro vai servir a ampliar a malha viária de Goiás. Mas isso passa por antes trazer mais segurança às rodovias que já estão aí, precisando de duplicação em vários pontos (como o caso do exemplo inicial) e muitos reparos.