As eleições majoritárias na Venezuela acontecem neste domingo, 28. No pleito, Maduro busca mais uma reeleição em meio a atritos com opositores, potências mundiais, observatórios de democracia e, o menos improvável, o Brasil.

Nos primeiros mandatos de Lula (PT), as relações com a Venezuela era excelentes, muito por conta de Hugo Chavez, que liderava o país que na época era um dos mais ricos do mundo. Porém, com Maduro a frente do país, isso mudou.

Maduro e Lula se encontraram em algumas ocasiões, mas a relação entre os dois nunca foi muito boa. Muito se deve a atitudes do presidente venezuelano como, por exemplo, o plebiscito com a população da Venezuela, isso mesmo, para anexar a região do Essequibo, na Guiana. À época, Lula criticou a decisão de Maduro e demonstrou preocupação em relação a anexação. Além disso, o presidente brasileiro criticou o fato de duas candidatas da oposição serem proibidas de concorrer às eleições deste ano. Lula afirmou que não haveria justificativa para que isso acontecesse.

Sobre a fala de Lula, Maduro falou que a nota produzida pelo Itamaraty “parecia que havia sido escrita pelos Estados Unidos” e afirmou que a nota era imperialista e intervencionista. Outro ponto que causou desconforto nas relações é a declaração de Maduro contra a oposição. O presidente da Venezuela afirmou que caso ele não vença as eleições o país passará por uma guerra civil e um “banho de sangue”.

Isso demonstra preocupação a todos os países com influência da América do Sul por não se ter clareza sobre as intenções do presidente venezuelano. Por ser chefe das Forças Armadas do país, se teme que essa guerra civil, citada por ele, seja, na verdade, uma intervenção para um golpe que o torne ditador do pais. Lula reagiu a declaração dizendo ter ficado assustado com a declaração.

O atrito veio aumentando com o passar da semana. Maduro criticou o sistema eleitoral brasileiro falando que ele não “era auditável” e que a Venezuela teria o sistema mais seguro do mundo já que, segundo ele, as urnas do país “são auditáveis e seguras”.

A última declaração fez com que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidisse não enviar observadores para acompanhar a eleição presidencial da Venezuela. “Em face de falsas declarações contra as urnas eletrônicas brasileiras, que, ao contrário do que afirmado por autoridades venezuelanas, são auditáveis e seguras, o Tribunal Superior Eleitoral não enviará técnicos para atender convite feito pela Comissão Nacional Eleitoral daquele país para acompanhar o pleito do próximo domingo”, afirmou o TSE em nota.

O tribunal decidiu, na última semana, enviar observadores, o que é praxe, mas cancelou a medida. O não envio de técnicos do TSE ao país é um recado de que não quer participar do pleito na Venezuela.

As eleições de Maduro, que venceu em 2013 e 2019, tiveram, de acordo com a oposição e com entidades internacionais problemas, de transparência e de respeito a princípios democráticos. O pleito do fim de semana está sob suspeita de ocorrer como nos outros. Maduro controla a comissão eleitoral e já impediu duas rivais de participar das eleições. A oposição denuncia intimidações durante a campanha e manipulação na mídia.

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