Não pode ser normal homem presidir o Partido da Mulher Brasileira

06 junho 2023 às 16h12

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A presidência estadual do Partido da Mulher Brasileira (PMB) é ocupada por um homem: Santana Pires, um político profissional que está no meio desde o início do século e já passou por pelo menos PMN, PT, PRTB e Patriota antes de chegar ao atual.
Nesta terça-feira, 6, esse comandante do Partido da Mulher Brasileira foi acusado pela vereadora de Aava Santiago (PSDB) de ter agredido, na última semana, veja só, uma mulher. A vítima, servidora da Câmara de Goiânia, teria sido chamada de “imprestável” pelo líder do Partido da Mulher Brasileira em Goiás. Mais do que isso, ainda: o dirigente do Partido da Mulher Brasileira teria tentado também agredir fisicamente a trabalhadora do Legislativo, tendo sido impedido por outro vereador.
O motivo: a servidora – “a mais velha da Casa”, segundo Aava –, no uso de suas atribuições burocráticas, não havia autorizado a posse de dois vereadores do Partido da Mulher Brasileira, por questão de documentos.
Danilo Arraes e Edivaldo Carlos tomariam posse no lugar dos vereadores Edgar Duarte e Pastor Wilson, que pediram licença. Logo após a fala da colega no plenário da Casa, os dois outros vereadores do Partido da Mulher Brasileira, Leandro Sena e Ronilson Reis, anunciaram que deixarão a sigla.
Repare bem: até este parágrafo aqui, falando do Partido da Mulher Brasileira em Goiânia e Goiás, foram citados sete homens e duas mulheres. Os sete homens são do Partido da Mulher Brasileira e as duas mulheres, a tucana Aava e a servidora agredida.
Repare bem, de novo: o principal mandatário do Partido da Mulher Brasileira foi denunciado por agredir uma mulher idosa.
Não é preciso fazer comentários adicionais sobre o que significam siglas de partido. Mas no caso, mais do que a política em si, o Partido da Mulher Brasileira e o episódio acima explicam muito do que é a estrutura arcaica e carcomida da sociedade brasileira que teima em se manter de pé para, assim, grudar o País no atraso.
Pelo menos em nível nacional, o Partido da Mulher Brasileira tem uma presidente e não um presidente: é Suêd Haidar, também fundadora da sigla. Que, no entanto, segue nacionalmente sendo apenas uma sigla, porque do partido não sai nada de relevante que seja sua prioridade em defesa das mulheres. Pelo contrário, o partido não se mostra afeito ao movimento feminista, por exemplo.
Aquela reforma política séria, que nunca foi feita no Brasil, também precisa passar por essas questões, que parecem menores, mas mostram como poucas a gravidade do quadro em múltiplos aspectos.
Por enquanto, PMB é só uma sigla a mais, que serviria perfeita para um hipotético “Partido do Machista Brasileiro”. Ou hipotético é mesmo o Partido da Mulher Brasileira?