Fãs do Rock precisam sair da bolha e redescobrir o gênero musical

13 julho 2023 às 09h20


COMPARTILHAR
Todos os anos é a mesma história. Chega o Dia Mundial do Rock, celebrado em 13 de julho, e surgem diversos artigos sobre como “o rock morreu”. É verdade que nos últimos anos temos observado um declínio desse gênero musical, enquanto outros prosperam, como o pop, o rap e, no caso do Brasil, o pop sertanejo.
No entanto, o estilo musical que já adquire um ar de “clássico” está vivo, mesmo que repaginado, no imaginário dos saudosos dos ídolos do passado e, especialmente, naqueles que persistem no rock e garantem que ele terá uma vida longa e próspera, ainda que não da maneira à qual estamos acostumados.
Não podemos falar sobre a mudança no rock sem considerar algo que parece óbvio: os tempos mudaram. A forma como consumimos música, a velocidade da internet, fazem com que nossa relação com a música seja diferente da que tínhamos no passado.
O estilo já passou por altos e baixos e sempre se manteve relevante, mas não se pode negar que ele nunca esteve tão em baixa no Brasil, principalmente no que diz respeito ao mainstream. O fim da MTV Brasil e até mesmo a sempre polêmica escalação de artistas para o line-up do Rock in Rio também atestam uma dura e triste verdade: O rock and roll tem se tornado irrelevante para uma boa parcela da população do país.
Alguns fatos que deixam isso bem claro são a ausência absoluta de músicas de rock na lista das mais tocadas do ano das rádios, já há alguns anos, ou nas listas do Spotify, bem como o fim de vários festivais de grande porte majoritariamente formados por bandas de rock que atraíam milhares de pessoas.
Underground resiste
A cena roqueira acaba por ficar meio escondida, o que leva o movimento a ficar restrito nos “guetos” e aos fãs de sempre, não alimentando assim o surgimento de novas bandas, o que não expande o mercado, não atraindo o interesse dos meios de comunicação de massa. Esse fenômeno é bastante acentuado no Brasil, onde a indústria da mídia é concentrada nas mãos de poucos veículos de comunicação.
O rock não tem muitos fãs hoje em dia. O que temos são fãs de bandas antigas de rock, mas pouquíssimos fãs do rock, e isso ajuda a “matar” o estilo. Quer um exemplo: procure bares de rock em sua cidade: garanto que a maior parte dos shows será de bandas cover. O estilo, através de seus seguidores, se fechou na própria bolha impedindo que novidades oxigenem seu cenário e renovem seu público.
No entanto, creio eu, que o rock não morreu e nem está em vias de acabar. O rock não é apenas um estilo musical, ele transcendeu os limites do espaço musical, tornando-se um elemento presente na cultura contemporânea, uma espécie de filosofia de vida ou concepção de mundo.
A música não vai acabar, mas talvez nunca mais vejamos outro Led Zeppelin, Black Sabbath, The Doors, Deep Purple, Pink Floyd e Queen. Mas, o legado desses artistas permanece, da mesma forma que outros surgem. Até por que, enquanto um menino ou uma menina ainda olharem com carinho para uma guitarra e sonharem em empunhá-la em cima de um palco, o rock não morrerá jamais.