Educação fracassa no combate ao analfabetismo
16 outubro 2023 às 13h01


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Fracasso define a educação básica no Brasil que não tem conseguido ensinar o mínimo: ler e escrever. Entre 2019 e 2021, a parcela alfabetizada dos alunos da rede pública diminuiu a ponto de os não alfabetizados se tornarem maioria entre os alunos matriculados no 2º ano do ensino fundamental, etapa em que todas as crianças deveriam estar alfabetizadas, conforme pesquisa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Em 2019, 60,3% dos estudantes pesquisados pelo Inep sabiam ler e escrever o básico. A proporção retrocedeu em 2021 para 43,6%, uma queda vergonhosa de 16,7 pontos percentuais. O cenário é um reflexo da falta de empenho por parte do governo em trazer educação de qualidade às escolas públicas, normalmente frequentadas pela população de baixa renda.
O cenário também se estende a Goiás. Quando cursava o 3º ano do ensino médio em um colégio estadual de Aparecida de Goiânia, precisamos [todo ensino médio da unidade de ensino] realizar uma prova anual por pelo menos três vezes em menos de um ano para atingirmos a média mínima.
Não julgo os alunos. Afinal, quando fiz o ensino médio, quase não tínhamos aulas de Língua Portuguesa ou de Inglês e, nas aulas de Química, tiramos nota máxima ao fazer sabão em pó e desinfetante em “experiências” para doar à escola. Isso beirava o ridículo.
Como já dizia a música “Homem na Estrada” do grupo Racionais MC’s: “Como é que vão aprender sem incentivo de alguém? Sem orgulho e sem respeito, sem saúde e sem paz”?
Investimento
Buscando diminuir o índice de analfabetismo, o Ministério da Saúde (MEC) lançou em junho uma política para tentar ajudar estados e municípios a reverter a situação vergonhosa: o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada. O governo federal pretende investir R$ 1 bilhão neste ano e R$ 3 bilhões nos próximos três.
O dinheiro servirá para distribuir 7 mil bolsas a articuladores do programa de alfabetização nos estados e municípios, se destinará à formação de professores especializados em alfabetização e financiará a produção de material didático. O resultado é incerto, devido à disparidade entre as estruturas educacionais de 27 unidades federativas e 5.570 municípios.