A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, defendeu na terça-feira, 7, o fim das emissões por combustíveis fósseis.  “A Amazônia continuará sendo prejudicada se o mundo não parar com as emissões de combustíveis fósseis”, disse Marina durante a Cúpula da Amazônia em Belém, Pará. A declaração da ministra corrobora o movimento mundial de busca por um combustível que colabore com a sustentabilidade do planeta. O aumento da produção de carros elétricos é um exemplo.

A procura por esses veículos tem batido recordes dia após dia, de acordo com um relatório divulgado pela Consultora EV – Volumes. Segundo a pesquisa, mais de 10 milhões de unidades já foram vendidas somente no ano de 2022. Em relação ao ano de 2021, ocorreu um acréscimo de 55%.

Os dados da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE) mostram que, no Brasil, o cenário também tem sido positivo. Apenas no primeiro trimestre de 2023 o mercado de eletromobilidade cresceu 50,2% em comparação ao mesmo período de 2022.

De acordo com uma matéria divulgada pela revista Exame, o mundo tem abraçado essa ideia. 5% dos carros novos comercializados nos Estados Unidos em 2022 foram os eletrificados. Os americanos se juntam à Europa e à China, formando assim os três maiores mercados desses automóveis.

No Brasil, estima-se que o futuro desses modelos seja promissor a curto prazo. Uma pesquisa realizada pela PwC Brasil revela que as vendas de carros elétricos no país podem deslanchar a partir de 2027. Em Goiás, as marcas chinesas já estão entrando com força no mercado. Goiânia já conta com lojas da GWM, da BYD Eurobike, e a maior delas – a CAOA Chery, que possui sua linha de montagem em Anápolis.

Gasolina sem petróleo

Com tudo isso, os carros elétricos serão mesmo o futuro automobilístico? Não necessariamente. O que muitos ainda não sabem é que uma planta industrial de combustível ecológico já está em operação em Punta Arenas, na região de Magallanes, no extremo sul do Chile. A plataforma é capaz de produzir a chamada gasolina sem petróleo.

Para os idealizadores desse novo combustível, esse será a salvação do motor a combustão, pois não haverá a necessidade de um motor próprio para receber a nova gasolina sem petróleo. A dona da ideia é a montadora alemã Porsche, que em parceria com a empresa chilena HIF (Highly Innovative Fuels), acredita que a gasolina sintética será a revolução; apesar de o mundo caminhar em direção à eletrificação.

A grande vantagem desse novo combustível é neutralizar, durante sua produção, o carbono resultante de sua queima no motor dos veículos. O eFuel é fabricado a partir de um processo físico-químico denominado hidrolise, que utiliza como matéria prima o ar e a água, sendo composto por hidrogênio e dióxido de carbono. Durante o processo da retirada do CO² da atmosfera, um dos principais causadores do efeito estufa, a produção do combustível beneficia o meio ambiente ao colocar um fim na dependência de um recurso natural fóssil.

Os pesquisadores da Porsche garantem que o potencial da gasolina sem petróleo é muito grande. Existem mais de 1,3 bilhões de veículos a combustão no mundo e muitos deles estarão na estrada nas próximas décadas. Nesta primeira fase está sendo prevista a produção de cerca de 130.000 litros por ano de combustível sintético, que serão usados inicialmente em projetos da própria Porsche.

Para o futuro, o projeto prevê atingir a marca de 55 milhões de litros por ano, até a metade dessa década. Dois anos depois, a capacidade poderá chegar a 550 milhões de litros. O eFuel é considerado o mais sustentável, justamente porque não deriva do petróleo.

Embora a tendência seja de que o mercado automotivo migre gradativamente para os veículos elétricos, a montadora alemã e outras marcas estão investindo pesado em tecnologias sustentáveis que contribuam para a redução de quantidades de poluentes despejados na atmosfera. Nesse sentido, a Porsche garante estar produzindo uma gasolina 100% limpa e pura.

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