A insatisfação de vereadores é paradoxal e, por vezes, compreensível
13 dezembro 2024 às 20h00
COMPARTILHAR
O prefeito Rogério Cruz (SD) protagonizou um episódio controverso na Câmara Municipal de Goiânia nesta sexta-feira, 13. Durante a prestação de contas do segundo quadrimestre, o líder do Executivo abandonou a audiência. Isso é, enquanto a Secretaria Municipal de Finanças (Sefin) apresentava dados importantes.
Ele justificou sua saída com uma suposta reunião com a equipe de transição do prefeito eleito Sandro Mabel (UB), mas a atitude revoltou os vereadores presentes.
Até porque, a audiência já começou com atraso de 30 minutos, após um café da manhã entre o prefeito, o secretário de Finanças, Cleyton da Silva Menezes, e alguns vereadores na sala da Presidência.
A reunião ocorreu em um formato menor e menos formal que o habitual, na sala de reuniões da Presidência, com apenas 10 parlamentares presentes. Mesmo assim, os vereadores esperavam que Rogério Cruz permanecesse para responder a questionamentos, especialmente diante do cenário político de transição.
Logo após o início da apresentação dos dados fiscais, o prefeito surpreendeu ao deixar a audiência. Os vereadores interpretaram o gesto como uma tentativa de evitar o confronto direto em um momento delicado de sua gestão.
Reações
O episódio evidenciou a fragilidade política de Rogério Cruz. A ausência de vereadores da base aliada chamou atenção, especialmente no último ano de seu mandato. A vereadora Aava Santiago (PSDB) lamentou a falta de compromisso de antigos apoiadores do prefeito e destacou o desrespeito à população goianiense.
“É lamentável que vereadores que sempre foram da base sequer tenham aparecido. Isso demonstra o abandono e a falta de coragem política”, afirmou Santiago. Outros vereadores, como Kátia Maria (PT) e Bill Guerra (MDB), também criticaram a postura do chefe do Executivo e pediram o encerramento da audiência.
Em coletiva após o encerramento da audiência, Cabo Senna reconheceu a insatisfação dos colegas, mas lembrou que a Lei de Responsabilidade Fiscal não exige a presença do prefeito. A lei obriga apenas o titular da pasta de Finanças a comparecer.
Para evitar situações semelhantes no futuro, Senna sugeriu que os vereadores apresentem uma emenda para estabelecer sanções contra prefeitos que abandonem audiências públicas de prestação de contas.
O vexame protagonizado por Rogério Cruz marca uma das últimas interações do prefeito com a Câmara Municipal antes do fim de sua gestão. Com a audiência encerrada, a Comissão de Finanças, Orçamento e Economia (CFOE) analisará o relatório.
Resta saber se a manobra política do prefeito trará consequências mais profundas para sua imagem e legado. Afinal de contas, a insatisfação dos vereadores contra Rogério Cruz não é apenas compreensível, mas é também um reflexo do sentimento de grande parte da população goianiense.
Leia também
Prestação de contas do prefeito Rogério Cruz indica déficit de R$ 349 milhões
Prefeito de Goiânia abandona prestação de contas e revolta vereadores