A política goianiense viveu quatro anos de muita turbulência com uma relação caótica entre a Câmara Municipal e o Paço Municipal. De pedido de impeachment, aumento súbito do IPTU, investigação da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) em uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) e próximo do fim há várias crises simultâneas assombrando o quinto andar da Prefeitura de Goiânia.

Tudo tende a mudar a partir de janeiro, porque a situação fiscal e administrativa da capital requer muita habilidade política para lidar com interesses pessoais e empresariais de fortes lobbies que operam constantemente entre os dois poderes.

A expectativa, até o momento, é que vereadores que chegaram a ter 100, 200 e até 300 cargos na administração municipal, que somam mais de R$ 1 milhão em salários, não devem ter mais de 20 ou 30 cargos, a depender da importância dentro da Câmara.

Segundo interlocutores que estão atuando na transição, o prefeito eleito, Sandro Mabel (UB) não deve ter mais de 900 a 1.000 cargos ara distribuir as funções de confiança que servem para abrigar lideranças partidárias, entre elas vereadores não eleitos.

Um dos lugares onde vereadores mantém a boa parte dos seus cargos é dentro da Comurg e outras empresas públicas em liquidação da Prefeitura como: Compav, Comob (essas que ficam dentro da Comurg), além da Comdata e do GoiâniaPrev.

Está legislatura que está terminando se acostumou com esses vastos espaços, mas a história vai mudar e o Mabel promete um choque de gestão em várias áreas.

Ele já disse durante a campanha e agora na transição, que vai acompanhar pessoalmente a situação da Comurg, do Instituto Municipal de Assistência ao Servidor (Imas) e também a área da saúde.

Na Comurg, Mabel não quer que a empresa pública custe mais de R$ 25 milhões por mês, atualmente paga-se o dobro para a empresa. O Imas enfrenta problemas com atrasos nos pagamento de prestadores de serviço e também sofre com o descredenciamento de profissionais.

Na saúde, Goiânia vive um verdadeiro caos com dívidas milionárias com hospitais conveniados e com a Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc), problemas na gestão do Serviço Atendimento Médico de Urgência (Samu) e a precariedade das unidades de saúde do município.

Com esse cenário, que também é agravado com um panorama fiscal nada favorável, não haverá muito espaço para negociar e o Legislativo vai ter que deixar a fome por poder e ganhos de lado – lógico que não significa que isso irá acontecer.

Uma coisa é certa, os parlamentares não terão o mesmo conforto e mordomia que tiveram durante a gestão de Rogério Cruz (SD). Ao mesmo tempo que não é possível saber como Mabel irá lidar com a pressão que poderá vir da Câmara e também nem qual será o nível de ajuda política que pode vir do Palácio das Esmeraldas.

Uma coisa é certa e o prefeito eleito reforçou isso nos últimos dias. O primeiro ano da nova gestão, ou seja, 2025, será um período difícil em que será necessário muito esforço político e de gestão para arrumar a “casa”. 

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