O tempo fará justiça a esses dois servidores que trabalharam com correção e honestidade, enquanto tantos se locupletaram

Uma palavra muito em uso, hoje em dia, ainda que muitas vezes empregada de maneira imprópria, é “empatia”. Vem do grego en+páthos, = em+sentimento, significando capacidade de compreender o que outrem está sentindo. Confunde-se, o mais das vezes, com “simpatia”, de mesmo radical grego, mas aqui significando não uma capacidade, mas um sentimento: syn+páthos = junto+sentimento, sentir o que o outro está sentindo, sentir a mesma coisa.

Se eu tenho empatia pelo que faz um jornalista de extrema esquerda, significa que eu compreendo o que se passa em sua mente, embora não concorde com suas ações. Se concordasse, sentiria simpatia. Um apelo à empatia se encontra num profundo mandamento cristão: “Não faça aos outros aquilo que não queres que te façam”. Uma das bases da doutrina cristã está justamente na empatia, de onde se originam a proximidade e o perdão, por exemplo. A escritora judio-americana Karen Berg dizia: “Não julgue alguém antes de caminhar uma milha calçando suas sandálias”.

As doutrinas autoritárias, materialistas e reformistas, marcham em sentido contrário: não tenho que compreender o que está sentindo o outro, se seu sentimento não é o coletivo: ou se enquadra ou deve desaparecer. Essa falta de empatia, aliás, foi responsável pelos grandes massacres da história, mesmo nos tempos modernos. Pois bem, vamos ao que interessa.

Ernesto Araújo, ex-ministro das Relações Exteriores, e Jair Bolsonaro, presidente da República | Foto: Reprodução
Futuro agradecerá a Ernesto Araújo

Na presente reforma ministerial, duas figuras foram bastante atacadas pela imprensa do establishment esquerdista, predominantemente oposicionista e desinformadora: os ex-ministros Eduardo Pazuello e Ernesto Araújo. Examinemos empaticamente a posição de cada um, deixando de lado o radicalismo e as paixões, coisa que a “grande imprensa” não fez. Não estranha, pois faz parte da patologia marxista, como dissemos, ignorar qualquer tipo de empatia. Comecemos com o chanceler Ernesto Araújo.

Não há como negar a mudança radical de rumo na política externa com a eleição de Jair Bolsonaro, e a atuação do Itamaraty teria que, forçosamente, apontar os novos rumos.

Vamos nos limitar aos fatos: a política externa de Fernando Henrique Cardoso, Lula da Silva e Dilma Rousseff seguia as diretrizes do internacionalismo ditado pelo Foro de São Paulo. Fato indiscutível, comprovado pelos acontecimentos, dos quais damos alguns exemplos: aproximação — e até concubinato — com ditaduras de esquerda na América Latina, na África e no Oriente Médio, com várias consequências negativas, como: expropriação à força das instalações da Petrobrás na Bolívia; triplicação desnecessária da tarifa paga ao Paraguai pela energia de Itaipu; financiamento de obras superfaturadas e com poucas probabilidades de ressarcimento pelo BNDES a Angola,  Moçambique e  outros governos ditatoriais; idem a Cuba, com o agravamento de ser certo, desde o início, o que já ocorre, que não haveria pagamento, com o Porto de Mariel; vexames internacionais como o alinhamento com o terrorista Muhamar Khadafi, a quem Lula chamava de irmão.

Não nos esqueçamos que Khadafi derrubou um avião da Pan Am de passageiros, matando 259 pessoas inocentes, por simples divertimento terrorista, em 1988, e assumiu a responsabilidade. Esses são apenas alguns fatos indiscutíveis, e indiscutivelmente danosos para nossa imagem e economia. O que Ernesto Araújo fez foi apenas realinhar nossa política externa à democracia e a antigos parceiros, como EUA e Israel. Foi acusado de hostilizar a China, como se divergências diplomáticas não existissem todos os dias, entre nações, sem prejuízo das relações entre elas. Prova é que compramos e vendemos hoje para a China tanto ou mais que antes. Foi acusado de acobertar depredação ambiental na Amazônia, numa campanha internacional cujo alvo oculto é nossa agricultura, indiscutivelmente também um enorme sucesso nacional, e que por isso mesmo incomoda tantos concorrentes internacionais.

Se, sinceramente, calçarmos as sandálias de Ernesto Araújo, veremos que sua ação no Itamaraty fez voltar aos trilhos um Brasil descarrilhado diplomaticamente. O futuro agradecerá a ele, e disso não tenho dúvidas.

Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, e o presidente Jair Messias Bolsonaro | Foto: Reprodução
Eduardo Pazuello, combatente da pandemia

Com Eduardo Pazuello ocorre que, não sendo político, mas militar, respondeu a um chamado do presidente Bolsonaro para o desempenho de uma missão. Militares dão o melhor de si, quando convocados, principalmente nas dificuldades. Não foi diferente desta vez.

Empenhado no combate à pandemia, com os poderes guilhotinados pelo Supremo Tribunal Federal e atribuídos a governadores e prefeitos, atacado pela imprensa alegadamente por não ser médico, mas na verdade por ser militar, algo imperdoável para as esquerdas, nem por isso perdeu a calma no desempenho da missão. Fez o que pôde — e foi muito — até o dia em que foi substituído.

Enquanto alguns governadores e prefeitos desviavam verbas repassadas pelo governo federal, superfaturando compras de medicamentos e respiradores — com o silêncio cúmplice da mídia — ele, honesta e corretamente, tomava suas providências para acudir aqui e ali, onde faltasse pessoal ou material, levando indevidamente culpas pelas menores falhas que ocorressem.

Faltou oxigênio no Amazonas? Culpemos Pazuello e Bolsonaro. A vacinação é lenta? Foi descaso de Bolsonaro e Pazuello. Elevou-se o grau de contaminação? Culpa de Pazuello, que não usou máscara para discursar numa coletiva de imprensa e de Bolsonaro que retirou a sua para tomar uma sopa com apoiadores. Elevou-se a mortalidade? Vê-se aí a mão dos genocidas Bolsonaro e Pazuello.

Amanhã, a história fará um exame isento do que se passou com a pandemia no Brasil, e à luz dos números que não mentem. Ficará claro que a falta de algum insumo, aqui, foi pontual, e em grau menor que em outros países, como Portugal e outros da União Europeia. Que foi prontamente combatida pelo ministro, que não se descurou e contou com seus colegas de farda e de boa vontade, no transporte dos mesmos insumos, a tempo e à hora.

Ficará claro que se vacinou aqui como em poucos países do mundo, apesar da falta universal de vacinas, que atingiu muito mais os poderosos da União Europeia do que nossa nação, e que mesmo potências como o Canadá não escaparam dessa privação.

Dirão os registros, ao contrário do que pregam tantos cronistas funerários, que aqui, proporcionalmente, tivemos menos doentes por Covid que nos Estados Unidos, Espanha, Itália, Reino Unido, Suécia, Suíça, entre outros, e menos mortes, também proporcionalmente, que estes países, exceto Suécia e Suíça, em que pese a renda superior e os serviços médicos mais apurados desses países de primeiro mundo.

O tempo fará justiça a esses dois servidores que trabalharam com correção e honestidade, enquanto tantos se locupletaram. Enquanto isso, leitor, já que poucos na imprensa têm a abertura moral para tanto, que tal calçarmos suas sandálias e percorrermos uma milha?