Os colunistas de esquerda “esqueceram” dos malfeitos dos governos de Lula da Silva e de Dilma Rousseff

Os que presenciaram, como nós, no Congresso Nacional, as grandes empreiteiras comandando  congressistas comprados a confeccionarem o Orçamento Geral da República e direcionarem as grossas verbas federais não para o saneamento dos bairros paupérrimos do Nordeste, onde crianças adoeciam nas palafitas, mas para as estradas,  pontes e outras obras que a elas empreiteiras, mais de que ao País,  interessavam construir; e mais ainda, superfaturarem essas obras e pagarem propinas a deputados, senadores e autoridades do Executivo; quem viu a impunidade intocada por anos, sentiu um grande alívio e uma enorme esperança, quando Sergio Moro, com a Operação Lava-Jato, teve a coragem de enfrentar os poderosos da corrupção.

José Roberto Guzzo e o Supremo
José Roberto Guzzo, jornalista: ex-diretor de redação das revistas “Veja”  e “Exame” e articulista do jornal “O Estado de S. Paulo” | Foto: Reprodução

Faço minhas as palavras do jornalista José Roberto Guzzo (diretor de redação da revista “Veja” por vários anos), que afirmou em artigo no jornal “Estadão”, em 24 de março deste ano: “Ao longo dos 520 anos de existência do Brasil houve um momento, apenas um, em que a população brasileira acreditou que havia realmente justiça em seu País; acreditou, nesses instantes, que de fato existiam leis e que elas eram aplicadas a todos por igual, incluindo os milionários, os influentes e os poderosos. Isso aconteceu durante o período, poucos anos atrás, em que o juiz Sergio Moro, à frente de uma vara penal em Curitiba, julgou, condenou e mandou para a cadeia um ex-presidente da República sentenciado por corrupção e lavagem de dinheiro, prendeu empresários-gigantes que confessaram publicamente os seus crimes e recuperou bilhões de reais em dinheiro roubado da Petrobrás e outros cofres do Estado. Mas foi apenas um intervalo fugaz”.

Continua José Roberto Guzzo: “A maior conquista já alcançada pela Justiça brasileira foi transformada em ruínas pela ação direta de um Supremo Tribunal Federal em que oito dos onze ministros foram nomeados justamente pelos dois governos mais corruptos da história nacional — e os que mais sentiram as punições aplicadas por força da Operação Lava Jato. Foi um trabalho contínuo, cauteloso e deliberado. No começo, os ministros foram devagar com sua operação de desmanche da Lava Jato. Temiam, então, causar resistências sérias aos seus atos — especialmente por parte das Forças Armadas, que chegaram a avisar, nas primeiras manobras do STF em favor dos acusados de corrupção, que não aceitariam a promoção da impunidade no mais alto tribunal do país. Mas, com o tempo, foi ficando cada vez mais claro que ninguém ia fazer nada. Os ministros, então, foram perdendo o medo, ganharam a certeza de que podiam agir com impunidade e acabaram por jogar na lata de lixo anos a fio de valioso trabalho da justiça brasileira. Nesta fase final do ataque em favor da corrupção e dos corruptos, aquilo que começou com uma calamidade, com a decisão do ministro Edson Fachin de anular todas as ações penais contra Lula, acabou com um deboche, agora por obra da ministra Carmen Lúcia — ela tomou a extraordinária decisão de decretar que, após a roubalheira histórica dos governos Lula e Dilma, o único culpado é o juiz que puniu os ladrões”.

Sergio Moro e Cármen Lúcia, ministra do Supremo Tribunal Federal | Foto: Reprodução

É triste, é uma desesperança, ver soltos os ladrões, ameaçado o brilhante juiz que os condenou em primeira instância, desrespeitados desembargadores e ministros que confirmaram as sentenças, ver a ameaça de pela segunda vez serem arrombados os cofres e outra vez roubado o dinheiro confessado e devolvido. É triste ouvir o silêncio das entidades de classe da magistratura, acovardadas nessa hora. Mas ainda mais triste é ver o cinismo ambulante do antigo presidiário, “a alma mais honesta deste país” almejar uma vez mais a Presidência da República.

“A ficha moral de Lula é suja”

Espero que J.R. Guzzo tenha razão em outro artigo no “Estadão”, este em 14 de março deste ano: “‘O Estado de S. Paulo’, num editorial recente, resume com notável exatidão tudo o que é realmente preciso dizer sobre o golpe judicial que anulou, de uma vez só, as quatro ações penais envolvendo o ex-presidente Lula, inclusive a sua condenação em três instâncias pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro: ‘A ficha moral de Lula é suja’. O STF pode até zerar o prontuário criminal que proíbe a candidatura de Lula à Presidência da República. Mas ‘para todos os efeitos — morais e políticos’, diz o Estadão, o chefe do PT ‘terá seu nome indelevelmente vinculado a múltiplos escândalos de corrupção, que nenhuma chicana será capaz de apagar’. Como achar outra coisa? Não há como.”

Lula da Silva, Cármen Lúcia e Sergio Moro | Foto: Reprodução

A ideologia pode ser mais destrutiva que a corrupção, até porque acaba por promovê-la. Que o digam os “empréstimos” do BNDES feitos pela ex-presidente Dilma Rousseff para ditaduras, que não serão pagos e nunca poderão servir ao saneamento e à saúde dos brasileiros mais pobres. Que o digam as nomeações para o Supremo por critério de crença e não pelo mérito e pela experiência jurídica, como essas de Cármen Lúcia e Edson Fachin, autores das infelizes medidas que comentamos.

Cármen Lúcia contraria a lei

E veja, mais uma vez, a lucidez de J. R. Guzzo, em outro artigo, este do dia 28 do mês passado, também no “Estadão”: “Está escrito na lei brasileira o seguinte: ‘São crimes de responsabilidade dos ministros do Supremo Tribunal Federal: 1. Alterar por qualquer forma, exceto por recurso, decisão ou voto já proferido em sessão do tribunal’. O que poderia haver de mais claro que isso? A lei, por sinal, foi aprovada em 1950, quando os deputados e seus redatores ainda sabiam escrever em português. Se vale o que está escrito, então, e segundo requer a lógica mais comum, a ministra Cármen Lúcia, que acaba de fazer exatamente o que a lei diz que é crime, deveria estar dando alguma satisfação sobre o que fez; pelo menos isso. Mas aí é que está: ela não precisa fazer absolutamente nada. No Brasil de hoje, que é o Brasil como o STF quer que ele seja, é mais fácil o simpático camelo da Bíblia passar pelo buraco de uma agulha do que a lei valer alguma coisa quando os ministros supremos não querem que valha. A solução universal, então, é dizer: ‘Nesse caso a lei não se aplica’. Pronto: tudo resolvido e vida que segue, até a próxima.”

Edson Fachin, Gilmar Mendes, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski e Kássio Nunes Marques: cinco ministros do Supremo Tribunal Federal | Fotos: Reproduções

Por que menciono o jornalista J. R. Guzzo neste artigo, e por mais de uma vez? Porque ele é, como disse Euclides da Cunha numa frase a Coelho Neto, “uma espiga de milho num cafezal”. Num ambiente de imprensa corrompido pelo marxismo e pela desinformação, o jornalista é a exceção, com pouquíssimas outras, a nos dizer que nem tudo se perdeu na mídia brasileira. É a voz da ponderação, quando tantos estão ensandecidos. Nos traz a verdade dos fatos, quando outros querem apenas impor suas versões destorcidas. Quando critica, e critica oposição e governo desde que o mereçam, o faz com temperança e equilíbrio. Não esconde os roubos de ninguém, como os outros fazem. Não odeia, noticia e comenta, com inteligência e sensatez.

O ódio é parte integrante da natureza marxista, desde que o czar Nicolau II, a mulher, os cinco filhos e, de quebra, seus animais de estimação foram massacrados pelos bolcheviques em 1918. Nunca mais deixou de sê-lo. O ódio moveu as experiências da URSS stalinista, da China de Mao, do Camboja de Pol Pot, da ditadura cubana de Fidel Castro e muitas outras. O ódio passou a fazer parte da natureza dos esquerdistas contra seus alvos, como fazendeiros, empresários, militares ou a classe média, que no seu jargão chamam de latifundiários, capitalistas, golpistas e burgueses. Os jornalistas de esquerda que falam em “gabinete do ódio bolsonarista” são os que mais ódio destilam em suas colunas e em suas aparições televisivas. Se tanto odeiam, nem por isso merecem outra coisa senão compaixão por seu destino, como merece o animalzinho atropelado e morto, que jaz à beira da estrada. Mas merecem também, como ele, uma dose de asco, pelo que exalam. O ódio que eles professam cheira mal.

J. R. Guzzo tem se mostrado jornalista de outra estirpe, pertence a outra fauna, bem distinta. Patrulhado, como deve ter sido, não se intimidou, não perdeu a compostura. Merece o nosso respeito.

Para terminar, leitor, você viu alguma condenação dessa liberação de Lula e seus quarenta ladrões confessos criticada por algum desses colunistas de esquerda que pululam na Globo, na CNN, na UOL, na “Folha” e até no “Estadão” e que pregam furibundos contra pecados reais e imaginários do governo federal? Ou viu um sequer que discordasse da absurda suspeição de Sergio Moro, a quem o Brasil tanto deve?  Não? Nem eu.