Imprensa tratou viagem de Bolsonaro à Rússia e à Hungria com má vontade e má-fé

27 fevereiro 2022 às 00h00

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A aliança dos líderes do PT com a Venezuela e com Cuba, duas ditaduras, não é malvista pela esquerda e pela imprensa
Não é nada fácil ficar bem-informado seguindo apenas a imprensa brasileira. A informação e a desinformação se misturam, a politização é geral, sempre em detrimento dos fatos, e em alguns casos, principalmente se envolvem o presidente Jair Bolsonaro (PL), os comentários vão além da hostilidade. São raivosos. Aí se misturam duas vontades: a vontade dos jornalistas de esquerda, que até hoje, três anos depois, não conseguiram digerir a vitória de Bolsonaro. Para eles, só pode ser presidente, se for “progressista”, isto é, se achar que deve marchar para a frente até chegar ao estágio do Leste Europeu em 1950. E vontade a dos donos dos jornais, que se ressentem das verbas do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, do BNDES e principalmente da Petrobrás, que secaram. Até o governo atual, os donos continham esses jornalistas, cuja coragem nunca foi muita e não chega ao extremo de afrontar o patrão. Roberto Marinho, criador da Globo, enquanto vivo, preferia dialogar com o governo a hostilizá-lo. Continha seus jornalistas, para não agirem de maneira irresponsável. E manteve no topo seu conglomerado, enquanto vivo. A seus filhos parece faltar a competência que ele tinha e sobrar a prepotência e a indolência que não tinha.

Tomemos como exemplo a recente viagem presidencial à Rússia e Hungria. A viagem à Rússia foi vista pela imprensa local como uma temeridade. A guerra explodiria ainda com Bolsonaro por lá, que irresponsabilidade! Como ele explicará ao mundo sua presença? — indagavam. Conheço a diplomacia apenas superficialmente, mas quando vi Celso Amorim, o ex-chanceler, se somar às críticas, fiquei mais tranquilo. Amorim nunca acerta em suas censuras, como também não acerta em seus elogios. Acabei de me tranquilizar quando o embaixador Rubens Barbosa defendeu a viagem. Barbosa é uma das competências do Itamaraty, e, embora aposentado, é uma voz ouvida com respeito quando se trata de relações exteriores. E simplesmente, para desgosto dos jornalistas conhecidos, tudo correu bem na viagem e nada houve afinal a censurar, exceto por parte do governo Biden, já em declínio apesar de recente, e buscando meios de se recuperar nas avaliações internas nos EUA. E outros presidentes lá estiveram, nesse período crítico, como os da França e da Argentina, sem que sofressem censura. Só Bolsonaro não pode.

A visita de Bolsonaro a Viktor Orban, primeiro-ministro húngaro, enfureceu os jornalistas tupiniquins (apenas os de esquerda, diga-se). Para eles Orban é de “extrema direita” e um “pária na Europa”. Bolsonaro teria ido até Budapeste para reforçar Orban, o “pária”. Para que os leitores saibam, Orban foi primeiro-ministro de 1998 a 2002, e voltou ao cargo em 2010, onde permanece. É deputado desde 1990. É presidente do Fidesz, o maior partido húngaro, desde 2003. Tudo isso pela mais tranquila via democrática. Encarna o repúdio de toda a Hungria à ocupação soviética e à sangrenta resposta ao levante húngaro de 1956, repúdio que a esquerda não aceita lá muito bem. Onde o extremismo de Orban? Só mesmo na cabeça dos extremistas de esquerda, para quem todo conservador deveria estar morto, evidentemente depois de esfolado.

Para uma pequena comparação: a companheira Dilma Rousseff, ex-terrorista (militou na VAR-Palmares), que levou dinheiro dos brasileiros pobres de presente para Cuba, nunca seria tachada de extrema-esquerda por essa turma. Ah, não, ela é democrata — diriam. Nem o pior terrorista brasileiro, o famigerado Carlos Marighella, recebeu por aqui a classificação de extremistas de esquerda.
Um comentário de Bolsonaro, aliás secundado por Orban, enaltecendo Deus, Pátria e Família, escandalizou a esquerda: “slogan fascista” — foi o berreiro. Em primeiro lugar, Bolsonaro não é sociólogo, sua formação é outra, e não deve sequer saber as palavras de ordem do fascismo. Que prega o respeito a Deus, o patriotismo e a preservação da família, não é novidade, e nem motivo para censura. Em segundo, há outros slogans fascistas, e o mais importante deles está arraigado também na crença dos esquerdistas. É até um dogma para eles, e um traço de união entre comunismo e fascismo: “Tudo no Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado”. Esse, o jornalismo canhoto não condena. No último dia 17, uma jornalista da Globo criticava essa viagem presidencial com tanta fúria que temi que ela tivesse um infarto ao vivo.

A imprensa de esquerda, principalmente a dos grandes jornais, há três anos, dia sim, outro também, bate na tecla das “rachadinhas” que teriam sido feitas pelos filhos do Presidente, e buscam prová-las. Enfurecidamente. As “rachadonas” do senador Davi Alcolumbre, provadas e comprovadas, não merecem a menor menção dessa turma — exceto na revista “Veja”. É que Alcolumbre é “companheiro” nos ataques ao presidente e pode fazer de tudo, inclusive despojar pessoas humildes da periferia de Brasília. É dos “nossos”.
Outro exemplo de desinformação de nossa imprensa lulista-esquerdista surgiu com a chamada CPI da pandemia. Proposta para atacar a qualquer preço o governo federal e acobertar governadores e prefeitos corruptos, foi chefiada por uma trinca de senadores. Só que essa santíssima trindade não tem credibilidade sequer para comprar fiado na padaria da esquina. E não é que a tríade foi transformada em conjunto de heróis pela extrema imprensa? Isso enquanto o relator (Renan Calheiros) responde a mais de uma dúzia de processos no Supremo (que não andam) o presidente (Omar Aziz) teve mulher e outros parentes presos em processo policial sobre fraudes na Saúde e o vice-presidente (Randolfe Rodrigues) é apenas uma figurinha folclórica no Senado pelos frequentes chiliques que dá por qualquer motivo.

Mas não, para a imprensa parcialíssima destas plagas, eram cavaleiros templários defendendo tudo que há de sagrado nos recursos públicos, mesmo nada encontrando contra Bolsonaro e escondendo muita corrupção de prefeitos e governadores. Finda a CPI, tentaram os três indigitados — imagine o leitor — levar seus resultados à Corte Internacional de Haia, num ridículo esforço de incriminar o presidente. Sequer conseguiram ser recebidos. Levaram à Procuradoria-Geral da República, que, diante de tanta baboseira, já sinalizou que seu destino será o arquivo. Novo chilique de Randolfe, que quer ensinar ao procurador-geral, Augusto Aras, a fazer seu trabalho. Até o ameaça de impeachment. Logo ele, Randolfe. O Brasil, como dizia Tom Jobim, não é para principiantes.