O leitor terá ouvido muito sobre Paulo Freire (1921-1997). Dele se falam maravilhas: “Uma autoridade mundial em educação”; “tem 35 títulos de doutor honoris causa”; “criou um método revolucionário de alfabetização”. Será mesmo assim?

Por outro lado, pouco ou nada ouviu sobre Frank Laubach (1884-1970), uma indiscutível autoridade educacional internacional. Falemos um pouco sobre os dois. Poderá leitor comparar as duas figuras e avaliar como a desinformação afeta nosso conhecimento. Não à toa, ao tempo da Guerra Fria, o governo soviético pagava, em todo o mundo, ao menos 1 milhão de agentes para divulgar informações distorcidas em seu benefício.

Frank Charles Laubach, doutor por Princeton

Frank Charles Laubach (1884-1970), natural da Pensilvânia, formou-se e doutorou-se em Sociologia (Universidade de Princeton), em 1909, e em Psicologia (Universidade de Columbia), em 1915, época em que, missionário protestante, foi enviado às Filipinas, então possessão americana, em missão evangelizadora e educadora. Os espanhóis, colonizadores das Filipinas (o nome vem do rei Felipe II, da Espanha), após 300 anos de ocupação, haviam deixado um país atrasado, com dezenas de dialetos, sem escrita, e com analfabetismo generalizado. Como ensinar a Bíblia? — perguntava-se Laubach. Mas ele foi um dos mais criativos educadores do mundo, e não só adaptou a cada dialeto filipino o alfabeto inglês, como criou um método de alfabetização revolucionário.

Seu método, de enorme simplicidade criativa, partia das palavras conhecidas pelo aluno, associando sua imagem à escrita, com separação das sílabas e ênfase na primeira letra, além de assimilá-la a outras, também conhecidas, iniciando com a mesma letra, estimulando a informação já gravada no cérebro do aprendiz. Permanecendo nas Filipinas por quase três décadas, Laubach logrou alfabetizar mais de 60% de sua população. Seu método se espalhou pela Ásia, e chegou à América Latina. Esteve no Brasil em 1943, a convite do governo brasileiro e juntamente com um colégio presbiteriano (Colégio Agnes Erskine) de Recife, Laubach alfabetizou dezenas de milhares de pessoas em Pernambuco, onde distribuiu suas cartilhas. O seu método foi levado a 103 países e 313 idiomas. A ênfase nesse processo de alfabetização era cristã, valorizando a paz social, a ética e a religiosidade. Conhecido como “apóstolo dos analfabetos”, Laubach deixou mais de 50 livros publicados e legou indiscutível obra de elevação espiritual da humanidade. Pela desinformação, é pouco conhecido no Brasil.

Paulo Reglus Neves Freire

Apresentemos Paulo Freire, e comparemos sua estatura com a do admirável Frank Laubach.

Paulo Reglus Neves Freire (1921-1997), natural do Recife, ao que parece, sequer completou curso superior, fato que seus biógrafos, de esquerda, procuram esconder. Ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Recife, em 1943, mas nunca se exibiu seu diploma. Foi nessa época que Laubach esteve no Recife. Relata o historiador David Gueiros Vieira que Paulo Freire, que era professor (lecionava no recifense Colégio Osvaldo Cruz), teria encontrado Laubach e obtido algumas de suas cartilhas. Afirma ainda o historiador que logo depois da volta de Laubach aos EUA, apareceram em Pernambuco cartilhas muito semelhantes às suas, como se tivessem a autoria de Paulo Freire e com uma diferença: enquanto o ensino de Laubach apontava para a paz social e religiosidade, o de Paulo Freire encaminhava para o marxismo e a luta de classes. Freire ignorava Laubach nas publicações, a despeito de sua inestimável trajetória e de copiar seu método de alfabetização. Foi então que começou a carreira ascendente de Paulo Freire, sempre turbinada pelas esquerdas, ou “sinistras”. No governo João Goulart, foi chefiar a CCP – Comissão de Cultura Popular, responsável nacional pela alfabetização. Surpreendidos pelo movimento de 1964, Jango e toda a esquerda brasileira entraram em pânico e seus líderes debandaram do País. Entre eles Paulo Freire, que apoiado pela “sinistra” internacional, esteve na Bolívia, no Chile, nos EUA, no Reino Unido e na Suíça. Voltou ao Brasil em 1980, com a Anistia, já endeusado pelas esquerdas, que faziam grande alarde com “seu” método. Integrou-se ao Partido dos Trabalhadores, e foi apagado Secretário da Educação da prefeitura de São Paulo, no governo de Luiza Erundina. Faz-se muita algazarra no Brasil em torno do “método Paulo Freire” de alfabetização. Na verdade, trata-se do método Laubach plagiado e corrompido, mas esse método, ao contrário do original, nunca foi aplicado em massa, mas apenas em alguns bolsões marxistas. Felizmente, pois produz militantes, e não alfabetizados.

Há até um livro, escrito por James Lindsay, filósofo americano com mais de uma vintena de obras publicadas, e traduzido no Brasil (Pedagogia do Marxismo, Editora Avis Rara, tradução de Fábio Alberti, 2024), especificamente sobre Paulo Freire, sua obra e os malefícios de sua pedagogia, mostrando como causou estragos até nos EUA. Curiosamente, conta como Freire foi levado para os EUA por dois padres de esquerda (e pedófilos conhecidos) e como se ligou ao professor esquerdista Henry Giroux, ainda vivo.

Paulo Freire publicou, em 1968, no exílio chileno, seu livro Pedagogia do Oprimido, que pretendia ser a apresentação e defesa do “seu método”. Novo escândalo laudatório da imprensa “sinistra”: o livro foi apresentado como grandiosa obra pedagógica e literária, e traduzido para algumas línguas, para deleite dos marxistas brasileiros. Até hoje é elogiado pelas esquerdas, que, como de costume, não leram o livro. Se o leitor dispuser de tempo e estômago para ler esta publicação, vai encontrar ali não um tratado de pedagogia, mas uma pregação comunista, escrita em português ruim. Não encontrará uma citação de um grande educador mundial, como Rousseau, Pestalozzi, Piaget ou Maria Montessori. Nem mesmo uma menção a um bom educador brasileiro, como Anísio Teixeira, e muito menos a Frank Laubach, a quem, no fundo, Freire deve sua fama. Mas não faltam citações de marxistas conhecidos, que nem educadores eram, como o próprio Marx, Lenin, Rosa Luxemburgo, Regis Debray (que ele escreve Regis Debret), Sartre, Mao-Tsé-Tung, G. Lukács, Karel Kosik, Francisco Weffort, Álvaro Vieira Pinto, e – pasmem – Fidel Castro e Che Guevara, que nunca tiveram algo a ver com educação. Quanto a Guevara, Paulo Freire chega ao tragicômico de ressaltar sua “humildade”. “Che” era humilde ao estourar cabeças de prisioneiros desarmados a tiros de pistola? – Perguntamos. Na verdade, só foi humilde uma vez, ao ser capturado na Bolívia, e implorar por sua vida.

Para Freire, todos somos opressores ou oprimidos. Até na família, onde pais oprimem filhos. Nada melhor, subentende-se, que trocar família por Estado. Como fica toda essa história de Paulo Freire? – perguntará o leitor. Tal como está – é a resposta. A esquerda, a “sinistra”, continuará a afirmar que ele foi grande educador. Quem tem seu discernimento perceberá que ele é uma fraude em nível mundial. Doutor honoris causa em 35 organismos internacionais! — bradará a sinistra. Não é verdade. Quase metade desses títulos foi outorgada por universidades brasileiras onde o corpo docente é – para prejuízo do ensino – “progressista”. Há em qualquer dessas entidades um fanático marxista para prestar uma homenagem motivada pela ideologia.

A Pedagogia do Oprimido é uma obra prima traduzida para muitas línguas! – dirá um filiado ao PT, PSOL ou PC do B, que nunca a leu. Sim, algumas traduções existem do monstrengo. Mas em que língua ou dialeto não existe um lunático de esquerda disposto a traduzir qualquer parvoíce que exalte o marxismo? Finalizando: que fiquem as esquerdas felizes e orgulhosas com seu ídolo. Sempre vivem na irrealidade, e veem valores onde existe maldade e corrupção. Quem leu Pedagogia do Oprimido, quem separa realidade de utopia, quem conhece a história e o meio universitário, quem sabe avaliar o poder da desinformação, sabe quanto vale Paulo Freire. Que se torna um pigmeu, em comportamento e cultura perto de Laubach. Mas — reconheçamos — ele tem um título merecido: “Patrono da Educação Brasileira” – pois ela é hoje uma das piores do mundo, em parte por sua causa.