Os fanatismos religiosos foram responsáveis por genocídio, perseguições aos “hereges”, suicídios em massa, e até por prática sistemática de pedofilia

O aprendizado é um processo muito estudado. O ensinar e o aprender são nossos parceiros por toda a vida. Passamos o tempo ensinando e aprendendo, pelo menos em teoria. Todos somos capazes de aprender, a não ser em casos que exijam conhecimentos básicos ou existam limitações físicas e/ou mentais. Na prática, as pessoas dotadas de talento especial ou inteligência mais desenvolvida dominam o conhecimento em menos tempo e com menos explicações. Mas mesmo os menos favorecidos intelectualmente podem aprender, desde que o tempo seja ilimitado. Alguns demoram mais, mas aprendem. Até os animais irracionais podem ser treinados.

Pintura de Igor Morski

Dois processos usamos para compreender o mundo: a Razão ou a Fé. A Razão nos faz entender os fatos do universo, criando leis que os explicam. A lei da Gravidade, da Inércia, da Refração…, tornando acessível até para os mais simples o seu entendimento. O que não acontece com os fatos da metafísica. A origem do universo, a existência de um criador e o espírito que anima o corpo humano não têm respostas racionais. Há especulações. As explicações correntes são todas baseadas na Fé.

São as religiões que assumem a missão de explicar os fenômenos que a Razão não esclarece. Como os seres humanos não conseguem viver sem ter uma narrativa para a sua história, abrem espaço para os que tentam explicar o significado da nossa existência. E são as religiões que satisfazem esta carência, sendo a fé na Bíblia uma tentativa. As crenças baseadas na fé dão sentido às vidas para os religiosos. Elas explicam a dualidade do corpo e alma: de onde viemos, para o quê viemos e para onde vamos. A existência da alma e o seu destino só nos são explicados por uso da Fé. Sem ela não existe o demônio, o inferno, o pecado e nem deus.

Sem a Fé nenhuma religião sobreviveria. É o ponto de apoio que justifica a sua existência. O homem sem Fé, baseado na pura Razão, é um cético. Só os homens de Fé acreditam em um deus. Para os agnósticos, que se baseiam pura e simplesmente na Razão, não faz sentido um universo, tão amplo e complexo, ter sido criado tão somente para que na Terra, um insignificante planeta, existisse um animal “criado à semelhança do criador”

Pintura de Igor Morski

A pretensão dos homens de Fé só tem paralelo na modéstia dos homens que decidem pela Razão. Aqueles explicam dogmaticamente todos os mistérios da vida. Estes, em um ato de humildade, têm dúvidas. Como não têm respostas às grandes questões da metafísica, ao menos admitem ter como única resposta o não poder, com os nossos recursos de análise, compreender a existência deste nosso mundo. São contrários ao vício de se achar que tudo, baseado nas construções humanas, tem começo e fim; que tudo tem um criador; um significado; que tudo pode ser explicado com as limitações intelectuais de um insignificante micróbio chamado homem.

O agnosticismo, é um exercício de humildade, os agnósticos nem seguem os crentes na existência de um criador e nem os ateus, que tem certeza na sua inexistência. Os agnósticos têm dúvidas com relação a um criador e absoluta desconfiança das religiões. Como tem por formação basear-se   na Razão e como ela não demonstra a existência ou inexistência de um deus, permanecem céticos à espera de que um dia tenham explicações que não se baseiam na Fé religiosa.

Entretanto, se são céticos com respeito a deus, o são categoricamente descrentes de todas as religiões. Elas são ótimas e necessárias para darem conforto aos sofredores, que não conseguem explicar os percalços da vida, e para conter os apetites humanos, humanizando as relações sociais.  O seu maior valor está na esperança da redenção, pois “Deus na infinita bondade deve no Juízo Final compensar a injustiça de uma vida terrena desgraçada”.

As religiões não passam em nenhum exame das suas histórias. As entidades humanas são reflexos de todos os nossos vícios e defeitos. As maiores atrocidades da humanidade foram cometidas em seus nomes. Os fanatismos religiosos foram responsáveis por genocídio, perseguições aos “hereges”, suicídios em massa, e até por prática sistemática de pedofilia.

Dentro das nossas limitadas condições, dá até para imaginar a existência de   um deus, mas não há racionalidade na crença nas religiões. Use-as se lhes der conforto…ou, se gostar de apostar na sorte, faça uma “fezinha”! Vai que o céu existe!