Até que ponto o consumo do conteúdo gerado por digital influencers é danoso?
27 abril 2020 às 17h16

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Quando passa a ser um problema acompanhar tudo o que um famoso que vive de anunciar produtos e marcas nas timelines e stories de redes sociais publica?

As redes sociais tornaram o anonimato e a privacidade conceitos descartáveis na necessidade de exposição. E há quem consiga transformar a rotina em trabalho. Mas até onde vai o limite para quem consome o conteúdo gerado por um digital influencer, que vive profissionalmente de se mostrar na timeline e stories nas mídias digitais?
O caso Gabriela Pugliesi, que gerou revolta, perda de patrocinadores e contratos no último final de semana, gerou uma discussão sobre os limites de atenção que as pessoas devem dar aos digital influencers e o que uma pessoa que vive profissionalmente de se expor na internet tem a acrescentar na vida dos seus seguidores além da venda de produtos, muitos deles que ninguém precisa, mas acaba por comprar.
A falta de respeito da digital influencer com as famílias que perderam pessoas queridas para a Covid-19 ultrapassou todos os limites aceitáveis. Pugliesi foi uma das convidadas da festa de casamento da irmã que teve a doença, se recuperou, agradeceu ao novo coronavírus e resolveu reunir amigas em casa para se divertir enquanto mais de 4 mil pessoas morreram no País em decorrência da pandemia.
Ex-garota-propaganda
Garota-propaganda – ou ex – de produtos fitness, Gabriela Pugliesi posta imagens que vendem uma rotina de exercícios físicos, busca pelo corpo perfeito e alimentação saudável. Além disso, ficou claro que não há muito além de produtos e marcas em fotos bem clicadas e produzidas a oferecer nos perfis da digital influencer. Qual o problema de consumir tal conteúdo? Nenhum.
Muitas pessoas ganham dinheiro, parcerias e produtos na base da ultra-exposição da própria vida, ou do que parece ser real, a cada foto e vídeo publicado, dos mais produzidos aos feitos na hora e que duram só 24 horas no ar. Milhões de pessoas acompanham passo a passo do que os digital influencers postam e divulgam.
Se ficou um bom exemplo com o caso Pugliesi foi o de que há um limite entre acompanhar musas fitness, influenciadores dos mais diversos conteúdos nas redes sociais e reproduzir na sua vida o que elas fazem quando não estão a vender um produto ou dar dicas no assunto ao qual se propõem a falar. É claro que a palavra da maioria dos digital influencers não substitui o conhecimento de um profissional com formação naquela área de conhecimento.
Lidar com o conteúdo
Para quem gosta, os perfis dos digital influencers podem servir como um distração ou início da busca de conteúdo sério sobre determinado assunto abordado nas publicações. Mas é preciso tomar cuidado na relação que a pessoa que acompanha o conteúdo de alguém que faz a vida com a venda de produtos como se fossem postagens naturais. Entre uma curtida e uma publicação compartilhada, vale a pena buscar outras distrações, conteúdos ou atividades.
Os digital influencers existem porque há público para consumir suas postagens e produtos mostrados em fotos e vídeos. Até aí tudo bem. O que preocupa é a importância que você dá a vendedores disfarçados de criadores de tendência. Essas pessoas podem até indicar modelos de saúde, leitura, alimentação, tendências políticas ou opções de lazer, diversão e lugares para conhecer. Cabe a você absorver ou não o que os vendedores das redes sociais dizem e mostram.
Pugliesi fazer uma festa, gerar uma aglomeração em casa com pessoas que não moram com ela e aumentar o risco de mais pessoas serem contaminadas pelo novo coronavírus é um problema gigantesco. Mas o erro só vai se repetir se, além da falta de noção da digital influencer, você der atenção para o que ela faz, dedicar muito tempo ao conteúdo de pessoas como Pugliesi e atribuir um nível elevado de importância ao que ela e outros vendedores on-line disfarçados de modelo de vida perfeita publicam.