Um recente estudo conduzido pela Universidade de Londres revelou que 92% dos celulares no Reino Unido estão contaminados por microrganismos, sendo que um em cada seis aparelhos apresenta contaminações associadas a uma falta de higiene pessoal.

No Brasil, de acordo com uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas, há atualmente mais de 249 milhões de celulares em uso. Considerando todos os dispositivos digitais, como computadores, notebooks, smartphones e tablets, o país conta com um total de 464 milhões de aparelhos, o que equivale a uma média de 2,2 dispositivos por habitante.

Utilizamos esses dispositivos para nos comunicar, ouvir música, verificar e-mails, tirar fotos, entre outras atividades. Eles estão presentes em nossas mesas de reunião, na pia do banheiro enquanto tomamos banho, na mesa durante as refeições e, na maior parte do tempo, no nosso bolso.

Além de nós, os seres humanos, outra coisa que também se agarra facilmente aos dispositivos são os fungos, bactérias e vírus, que ajudamos a proliferar em cada superfície diferente em que os colocamos sem uma boa higiene.

Juntamente com maçanetas de portas, xícaras, moedas, botões de fogão e gavetas de geladeira, os aparelhos celulares estão entre os objetos com alto nível de contaminação e são responsáveis pela transmissão de diversos tipos de doenças.

“O celular é um veículo de transporte para os microrganismos, já que nossas mãos estão em contato constante com o ambiente e o aparelho. A manipulação em locais refeições ou até mesmo nos banheiros deveriam ser controladas, sempre realizando a higiene das mãos e do aparelho nesses ambientes, por exemplo antes de uma refeição ou utilização do sanitário”, explica Gabriela Castro, microbiologista da Richet Medicina & Diagnóstico.

Os especialistas também recomendam evitar emprestar seu dispositivo a outras pessoas e realizar uma higienização adequada da tela, da capa que envolve o celular e da parte traseira do aparelho.

Higienizar

As infecções relacionadas a dispositivos celulares ocorrem quando entramos em contato com superfícies que estão contaminadas, como pias de cozinha e banheiro, mesas de refeição e até mesmo bolsos de calças. Ao tocar essas superfícies, transferimos germes para nossos telefones, e quando levamos os dedos à boca, entramos em contato com a saliva e facilitamos a transmissão de patógenos.

Além disso, poeira e sujeira tendem a se acumular nas superfícies dos aparelhos, e a gordura e os ácidos presentes em nossas mãos podem se acumular nos celulares, proporcionando um ambiente propício para o crescimento de bactérias.

De acordo com especialistas, a melhor maneira de evitar esse tipo de contaminação é manter as mãos sempre limpas e higienizadas, além de limpar regularmente o aparelho. Embora não seja possível quantificar o nível de contaminação, é importante ressaltar que a superfície do celular é altamente contaminada.

A higienização adequada pode ser feita utilizando um pano seco para remover mecanicamente as bactérias, seguido de um pano umedecido com álcool isopropílico. Esse produto é eficiente na remoção de quase 100% das bactérias e também é utilizado para limpar placas de celular. No entanto, é importante não utilizar álcool comum, acetona, alvejantes ou produtos à base de sabão.

Embora o álcool tenha propriedades desengordurantes e seja eficaz na remoção de gorduras e sujeiras dos dispositivos, ele também pode ser agressivo, pois pode penetrar em plásticos e telas dos aparelhos, ressecando-os e causando manchas, rachaduras e até mesmo quebras. Outros produtos de limpeza comumente utilizados possuem aditivos alcalinos com pH elevado, que podem reagir negativamente com as superfícies sensíveis dos dispositivos, resultando em manchas e danos adicionais.

“A higienização é simples e pode ser feita com álcool a 70% e um pano. O álcool isopropílico também pode ser utilizado, mas pode não ser de fácil acesso para todos”, destaca a especialista.

É altamente recomendável evitar a aplicação direta de líquidos nas superfícies, pois, embora sejam seguros, eles podem penetrar nos componentes eletrônicos dos equipamentos e causar danos irreversíveis. Portanto, é aconselhável usar lenços e toalhas que geralmente acompanham os produtos para realizar a limpeza.

Os especialistas sugerem que a limpeza de tablets e celulares seja realizada diariamente devido ao acúmulo de gordura corporal, além de ácidos presentes nas mãos e outras sujeiras provenientes da boca e do rosto.

Quanto aos computadores, teclados, notebooks e impressoras, utilizar ar comprimido é uma excelente escolha para a limpeza. Essa abordagem ajudará a remover qualquer acúmulo de poeira e sujeira, e o ar comprimido pode ser direcionado em várias direções, facilitando o processo de higienização. Recomenda-se realizar essa limpeza pelo menos uma vez por semana.