Cromossomo Y está desaparecendo. Seria o fim dos homens? Entenda
24 fevereiro 2024 às 16h26
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O cromossomo Y, responsável pela determinação do sexo masculino devido à presença de um gene específico, está gradualmente desaparecendo na espécie humana. Entretanto, sua completa extinção está prevista para ocorrer apenas daqui a 11 milhões de anos, um período suficientemente longo para que surja um novo gene determinador de sexo. Em resumo, isso não significa o fim dos homens, pois a espécie continuará a se perpetuar.
Para acalmar aqueles preocupados, é interessante observar que duas espécies de ratos já perderam o cromossomo Y na natureza, mas conseguiram sobreviver, oferecendo valiosas pistas sobre o futuro da humanidade.
Na maioria dos mamíferos, incluindo os humanos, as fêmeas possuem dois cromossomos X, enquanto os machos possuem um único X e um pequeno cromossomo chamado Y, notavelmente menor que os demais. O cromossomo X abriga cerca de 900 genes, a maioria deles desempenhando funções não relacionadas ao sexo biológico. Por outro lado, o cromossomo Y possui aproximadamente 55 genes, com grande parte de seu material genético ainda sem utilidade conhecida.
No que diz respeito ao sexo, é importante destacar que o cromossomo Y abriga o gene sexual “mestre” SRY. Durante as primeiras semanas da gestação, o SRY é ativado, desencadeando o desenvolvimento dos testículos nos embriões e possibilitando a subsequente produção de hormônios, como a testosterona.
O fenômeno responsável pelo desaparecimento do cromossomo Y ainda permanece como um enigma para a ciência. No entanto, é observado que esse cromossomo já possui uma quantidade menor de genes em comparação ao X. Em média, cerca de cinco novos genes são perdidos a cada milhão de anos, o que sugere que em 11 milhões de anos o cromossomo Y poderá desaparecer por completo.
O ser humano vai desaparecer?
Quanto ao impacto nos humanos, a professora de genética da La Trobe University, Jenny Graves, esclarece que não é esperado que a espécie evolua para existir exclusivamente com indivíduos do sexo feminino ao término desse período. Graves destaca que, ao contrário de alguns répteis, como lagartos e cobras, que podem ser exclusivamente femininos e reproduzir por partenogênese, tal cenário não é possível para os humanos e outros mamíferos.
A especialista vislumbra um futuro no qual a evolução da espécie humana pode seguir um curso semelhante ao observado em alguns roedores selvagens, como o Microtus rossiaemeridionalis do leste europeu e o Tokudaia muenninki do Japão. Surpreendentemente, ambos continuam a se reproduzir, mesmo sem a presença do cromossomo Y.
No caso do rato japonês, um estudo recente, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Science (PNAS), explora detalhadamente as alterações genéticas e como novos machos emergem durante o processo de gestação. Sob a liderança de pesquisadores japoneses, incluindo membros proeminentes do Instituto de Tecnologia de Tóquio, a pesquisa revela que a maioria dos genes anteriormente localizados no cromossomo Y foi redistribuída para outros cromossomos, enquanto novos genes surgiram. Dessa forma, os machos continuam a nascer, mas agora por meio de trajetórias genéticas inovadoras que envolvem um gene determinante do sexo diferente.
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