Cientistas dos EUA transformam baterias de carros elétricos em fertilizante; entenda
27 outubro 2025 às 16h48

COMPARTILHAR
À medida que os carros elétricos ganham espaço nas ruas, cresce também um problema silencioso: o que fazer com as baterias de lítio que chegam ao fim da vida útil? Um grupo de cientistas da Universidade de Wisconsin-Milwaukee (UWM), nos Estados Unidos, acredita ter encontrado uma resposta surpreendente, e promissora: transformar essas baterias em fertilizantes agrícolas.
A pesquisa, liderada pelo professor Deyang Qu e desenvolvida em parceria com a estudante de pós-graduação Soad Shajid, propõe uma abordagem inovadora para reciclar baterias de fosfato de ferro-lítio (LFP), amplamente utilizadas em veículos elétricos como ônibus, vans e carros de passeio. Em vez de tentar extrair metais valiosos, que essas baterias nem sempre contêm, os pesquisadores decidiram reaproveitar seus componentes químicos para alimentar o solo.
O processo desenvolvido pela equipe da UWM utiliza uma técnica de troca iônica que remove o lítio das baterias e o substitui por potássio. O resultado é um composto rico em três nutrientes essenciais para o crescimento das plantas: fósforo, potássio e nitrogênio.
Essa transformação não apenas dá novo destino a um resíduo tecnológico crescente, como também oferece uma alternativa mais barata e ecológica à produção tradicional de fertilizantes. O método dispensa o uso de fornos de alta temperatura e produtos químicos agressivos, reduzindo o consumo de energia e a pegada de carbono da operação.
Fertilizante local
Além dos benefícios ambientais, a proposta tem implicações econômicas e estratégicas. A produção local de fertilizantes a partir de baterias descartadas pode reduzir a dependência de importações de países como Rússia, China e Marrocos, grandes fornecedores globais de fósforo e potássio. Em tempos de instabilidade geopolítica, essa autonomia pode ser crucial para garantir a segurança alimentar.
Nos Estados Unidos, onde a agricultura moderna depende fortemente de insumos externos, a iniciativa representa uma oportunidade de fortalecer cadeias produtivas locais e criar empregos verdes. O estado de Wisconsin, com sua base industrial robusta e setor agrícola diversificado, desponta como candidato ideal para liderar essa nova fronteira da economia circular.
Do laboratório para o campo
Com apoio do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) e financiamento interno da UWM, o projeto já demonstrou viabilidade em laboratório. O próximo passo será testar o fertilizante em plantações reais, começando com tomates cultivados em um hectare de terra.
Leia também:
Goiás registra 11 notificações de infecção por metanol, mas nenhum caso confirmado
Produtividade sobe, mas lucros caem no agro goiano, alerta presidente da Comigo
