Cade investiga duas plantas de possíveis terras raras em Goiás; disputa envolve disputa entre EUA e China

27 agosto 2025 às 15h21

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O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) abriu uma investigação sobre a venda de ativos da mineradora Anglo American para a MMG Singapore Resources, subsidiária da estatal chinesa China Minmetals. O negócio, avaliado em US$ 500 milhões, mais de R$ 2,7 bilhões, inclui duas plantas de níquel em Goiás, de Barro Alto e Niquelândia, além de projetos de exploração no Pará e em Mato Grosso.
A Superintendência-Geral do Cade publicou, nesta terça-feira, 26, um despacho que instaura o Procedimento Administrativo para Apuração de Ato de Concentração (Apac), com o objetivo de verificar se a transação deveria ter sido previamente notificada ao órgão. Caso se confirme a omissão, o tribunal administrativo do Cade poderá aplicar multa de até R$ 60 milhões e abrir processo por concentração de mercado.
A venda marca a entrada da MMG no mercado brasileiro de níquel, mineral estratégico para baterias e tecnologias de energia limpa. O local tem também a possibilidade de ter terras raras. A movimentação acendeu alertas internacionais: o Instituto Americano de Ferro e Aço (AISI) alertou o governo dos EUA sobre o risco de “influência direta” da China sobre reservas globais de níquel, ampliando vulnerabilidades na cadeia de suprimentos.
Além das tensões geopolíticas, o negócio gerou controvérsia empresarial. A mineradora holandesa Corex Holding, controlada pelo bilionário turco Robert Yüksel Yıldırım, afirma ter oferecido US$ 900 milhões, valor superior ao da proposta chinesa, e foi ignorada. “Nunca vi um vendedor recusar um preço maior”, disse Yıldırım à Folha, criticando a decisão da Anglo American. A Anglo ainda não se pronunciou sobre a investigação do Cade.
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