Com o objetivo de transformar o centro histórico de Anápolis, o município realiza em 2025 seu primeiro concurso público nacional de arquitetura e urbanismo, oferecendo uma premiação total de R$ 350 mil, sendo R$ 250 mil destinados ao projeto vencedor, 60 mil para o segundo colocado e 40 mil para o terceiro. A iniciativa busca atrair propostas inovadoras que revitalizem o coração da cidade, fortalecendo o comércio local, valorizando o patrimônio e criando novos espaços de convivência. As inscrições estão abertas e vão até o dia 8 de setembro.

Além disso, estudantes de Arquitetura a partir do 7º período também podem participar, na categoria “proposta estudantil”. O melhor projeto será reconhecido com uma Menção Honrosa concedida pela Administração Municipal. As inscrições devem ser realizadas no site da Prefeitura de Anápolis, acessando a opção “Publicação de Editais” e, em seguida, o edital do concurso de requalificação, por meio do link: https://www.anapolis.go.gov.br/nosso-centro/. É necessário preencher os dados pessoais, informar o número de registro no CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo) e anexar as pranchas do projeto.

Os projetos inscritos devem contemplar soluções urbanas para os trechos inseridos no edital, com propostas que envolvam a realocação de áreas existentes, criação de novos espaços públicos, além de adequações voltadas à mobilidade, acessibilidade, lazer, estacionamento e à melhoria da qualidade de vida da população. Segundo a Secretaria Municipal de Obras, Habitação, Planejamento Urbano e Meio Ambiente, o concurso é uma oportunidade de valorizar o Centro Histórico de Anápolis, promovendo impactos positivos na mobilidade urbana, turismo, economia local e no uso dos espaços públicos pela comunidade.

Ao Jornal Opção, o arquiteto e urbanista, Wilker Leonel, disse que os centros urbanos, que já foram o coração pulsante das cidades, sofreram nas últimas décadas com o esvaziamento, a degradação e a perda de vitalidade econômica e social. “Hoje, diante da necessidade de repensar esses espaços, uma estratégia tem se mostrado cada vez mais eficiente: os concursos públicos de arquitetura e urbanismo. Eles são, ao mesmo tempo, democráticos e transparentes, capazes de reunir propostas diversas e inovadoras para resolver problemas complexos e recolocar as cidades no caminho do desenvolvimento”, apontou.

Segundo o arquiteto, exemplos internacionais comprovam essa força. “Em Bolonha, na Itália, um plano de revitalização iniciado em 1969 integrou o centro histórico à vida contemporânea, preservando sua escala humana. Em Quito, no Equador, o centro histórico tombado pela Unesco passou por intervenções que envolveram moradores, governo e iniciativa privada, resultando em melhorias de infraestrutura, redução da criminalidade e valorização do patrimônio. Em Buenos Aires, a antiga área portuária de Puerto Madero foi transformada em pólo turístico e cultural após um concurso de ideias. Mas talvez um dos casos mais emblemáticos seja o do Parc de la Villette, em Paris”, explicou.

Wilker disse que o Parc de la Villette foi projetado por Bernard Tschumi a partir de um concurso internacional lançado em 1982. Segundo ele, o parque ocupou uma área industrial desativada e propôs algo inovador: em vez de seguir o modelo tradicional de parques verdes, La Villette combinou arquitetura, urbanismo e cultura em uma nova lógica espacial. “Foram criadas 26 estruturas vermelhas espalhadas pelo parque, que funcionam como pontos de encontro e referência visual. O espaço também incorporou áreas culturais, científicas e de lazer, incluindo a Cidade da Música e a Cidade da Ciência, tornando-se um dos maiores parques urbanos da Europa e um verdadeiro laboratório de novas ideias”, afirmou.

O arquiteto apontou que o La Villette influenciou profundamente a maneira como projetamos nossos parques e espaços públicos no século XXI, ao mostrar que um parque pode ser, além de espaço de lazer, também centro cultural, científico e de experimentação arquitetônica. “Esse exemplo mostra como a boa arquitetura e o urbanismo têm capacidade de transformar não apenas a paisagem, mas também a forma como as pessoas vivem e se relacionam com a cidade”, disse.

“É nesse cenário que Anápolis realiza em 2025 o seu primeiro concurso público nacional de arquitetura e urbanismo, voltado para a requalificação do centro histórico da cidade. As inscrições estão abertas e vão até o dia 8 de setembro, com premiação de 250 mil reais para o primeiro lugar, 60 mil para o segundo, 40 mil para o terceiro e uma menção honrosa para estudantes de arquitetura a partir do sétimo período”, explicou Wilker Leonel.

O profissional acrescentou que mais do que uma competição entre projetos, o concurso de Anápolis é uma oportunidade histórica de repensar o centro da cidade, fortalecer o comércio, valorizar o patrimônio e criar novos espaços de convivência. “Assim como La Villette se tornou um marco para Paris e para o urbanismo mundial, há a chance de que essa iniciativa seja lembrada como um divisor de águas para o urbanismo anapolino”, disse.

“Seja em Bolonha, Quito, Buenos Aires ou agora em Anápolis, o que se comprova é que a arquitetura e o urbanismo, quando associados à participação pública por meio dos concursos, têm o poder de devolver vitalidade às cidades e de transformar seus centros em espaços vivos, atrativos e cheios de futuro”, finalizou o profissional.

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