A ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff e atual presidente do Novo Banco do Desenvolvimento ou somente Banco dos Brics, foi eleita a “Mulher Economista 2023″. Formada em ciências econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), Dilma assumiu a presidência do banco em março deste ano, com mandato até 2025. No entanto, para o economista Júlio Paschoal, Dilma ganhou esse prêmio muito mais por ser presidente do Banco do Brics do que propriamente por ser economista.

Paschoal diz desconhecer alguma publicação dela na área. O economista lembra que, há pelo menos dez anos, o Conselho Federal de Economia é presidido por economistas ligados à social-democracia, que tem suas raízes em partidos como o PT, PSB e PSDB.

Júlio Paschoal pontua que já foi conselheiro federal e por esse motivo justifica que o Conselho precisaria ser mais técnico do que político. “Quando há uma queda por um lado A ou B, acontece uma descaracterização da entidade. Falo como alguém que já foi presidente do Conselho Regional de Goiás e foi conselheiro federal por três anos de forma efetiva. Ao meu ver, eles quiseram crescer usando a imagem dela do que propriamente homenageá-la por justiça”, reitera.

Economista Júlio Paschoal l Foto: Arquivo pessoal

O economista cita como exemplo de economistas que, de acordo com ele, tem mais preparo técnico, como Aloizio Mercadante, Maria Conceição Tavares ou Reginaldo Gonçalves, que possuem artigos publicados. “Como economista eu nunca vi nada publicado de autoria dela. O Conselho está querendo ganhar holofote”, afirma Júlio.

O prêmio

O prêmio é oferecido pelos dois conselhos mais importantes na área da economia, que reúne o Conselho Federal de Economia (Cofecon) e os Conselhos Regionais de Economia do Brasil (Corecons) que em nota afirmou que a escolha por Dilma se deu em quatro fases, em que houve a formação da lista de indicadas pelos conselheiros federais, regionais e a comissão Mulher Economista e Diversidade. O plenário do Cofecon formou, posteriormente, uma lista décupla e os Corecons definiram em seus respectivos plenários uma lista tríplice.

Para a entidade, a escolha de Dilma Rousseff como a Mulher Economista de 2023 reflete o reconhecimento do seu legado e expertise no campo econômico, bem como seu papel fundamental na formulação e implementação de políticas que moldaram a trajetória econômica do Brasil.”

O prêmio foi lançado em 2020. Até o momento, apenas mulheres ligadas ao PT foram agraciadas. Já levaram o prêmio as economistas Denise Lobato Gentil e Esther Dweck, ambas professoras associadas do Instituto de Economia da UFRJ. Dweck, inclusive, é a atual ministra da Gestão e Inovação do governo federal. A entrega do troféu será em 2024, mas ainda não tem uma data específica.

Dilma Rousseff sofreu impeachment no dia 31 de agosto de 2016, pelo Congresso Nacional, acusada de crimes de responsabilidade, definidos pela realizações de operação de crédito com instituição financeira controlada pela União sem aval do Congresso, o que configura pedaladas fiscais, de acordo com a sentença proferida no relatório final.

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