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“O menino tornado homem pelas leis da droga e do Estado”

Antônio Lopes O ídolo adolescente Justin Bieber disse: “Escola é uma droga. Eu quero que o meu mundo seja divertido. Sem regras, sem pais, sem nada. Como se ninguém pudesse me parar” . A mídia local estampa a manchete da prisão de mais um sujeito sem face da sociedade apressada, banal e violenta. Redundam hipocrisias, normas, empurra a geração pós-moderna e efêmera estruturada na era dos signos, contemporânea, que assinala o território mental da vida remanescente do século passado, uma conjuntura que, de acordo com Hobsbawm, tornou “o mundo, ou seus aspectos relevantes, tornou-se pós-industrial, pós-imperial, pós-moderno, pós-estruturalista, pós-marxista, pós-Gutemberg, qualquer coisa”. Preso pela Polícia Militar nada mais que um homem, estanque ao corpo de menino, 10 anos de idade, junto a três outros adolescentes de 17 anos, apreendidos por fumar maconha, substância ilícita (Lei de Drogas 11.343/06) na periferia de Goiânia. Há um dito popular que ensina, a partir da história de um Brasil “descoberto, catequizado, explorado e expropriado” que existem leis e “leis”, segundo o barão de Montesquieu: “Quando vou a um país, não examino se há boas leis, mas se as que lá existem são executadas, pois boas leis há por toda parte”. No local do “crime”, a casa suja desmorona – destoa das mansões instaladas pelo cifrão em condomínios de luxo ou aquários sociais –, abriga e esconde jovens pobres alienados pelo tráfico articulado os quais tocam a “vida loka”. A pistola calibre ponto 45 e 300 gramas de cocaína denunciam o consumo e tráfico de substâncias; numa foto a criança segura seu brinquedo: uma arma de verdade, e, de fogo; o aparelho celular vaza áudios e vídeos que dão o tom de ameaça: “E aí, doido! Quem mandou foto minha aí vai cair na bala”. Provas materiais de uma “contravenção” abstrata, notícia que é raspa no prato do debate, denúncia da realidade concreta, “proposta de salário fácil” pago ao soldado da vida bandida protegida, proporcionada e assassinada pela máfia do tráfico organizado. Segundo Hart, “não precisamos apenas compreender os resultados de uma política, mas também analisar determinadas formas pelas quais as estratégias de combate ao uso de drogas vieram a ser usadas para fins políticos”. Para entender os verdadeiros efeitos das drogas sobre o comportamento e a fisiologia do usuário, é preciso estancar a hemorragia social de uma realidade provocada pelo nome da rua onde aconteceu o fato: Avenida Canaã, para muitos cristãos, a cidade bíblica, ou lugar que tem em abundância “leite e mel”, propiciador de conquistas materiais retratadas pelos fetiches capitalistas. Trespassada pela violência concreta, toda uma região, onde, muito antes da introdução da maconha e outras drogas, diversas famílias já eram esfaceladas pelo racismo institucionalizado, a pobreza e outras forças, como a do mercado imobiliário, alimentando a patologia social constatada em outros pontos da metrópole erguida para abrigar 50 mil habitantes. O serviço social determina a questão como resultado do processo histórico-político do modo de produção capitalista moderno, monopolista cumulativo, escancara sua consequência imediata, a desigualdade fomentada na má distribuição da riqueza socialmente produzida, fenômeno que alavanca a vulnerabilidade social e determina a luta de classes, história mal contada a partir dos vencedores ou a miséria da razão. A Carta Magna de 1988 esclarece que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei; por isso, pelo fato de ser justa a garantia dos direitos e a proteção à infância e adolescência brasileira, o ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente] deve ser lei, e como tal deve ser cumprido por todos”. O senso comum e hipocrisias da moral inundam a discussão sobre a expressão social da droga, enterra sua condição ontológica ao sugar direito, liberdade e saúde, estampa a mídia impressa que vocifera e lucra com a novidade da velha mentira que culpa o sujeito e não a droga. A realidade antropofágica de um garoto de 10 anos, “boca”, “gerente” ou “patrão” obrigado a comer sua própria história, coloca em xeque sua restrição de liberdade, denuncia o sistema que omite a criança, seus hormônios e sua adolescência. A coletividade, ocupada e covarde, endossa a negação de direito avalizada pela assistência social desarmada em conhecimento da causa e comprometida com o poder, revela-se incapaz de questionar e processar, ao contrário do menino, o Estado. Enquanto isso, na esquina, e, lá fora, direitos são negados, o sistema se omite, o baseado queima. A “boca”, braço lucrativo do Estado paralelo, retrata duas falácias: a do sistema capitalista e a do Estado. E o pulso ainda pulsa. Antônio Lopes é filósofo e mestre em Serviço Social pela PUC-GO.

“Henry McCullough criou um dos solos mais bonitos do rock”
João Paulo Lopes Tito Henry McCullough, guitarrista do Wings (já que a banda acabou, não tem por que dizer que ele é ex-guitarrista, não é verdade?), faleceu dia 14 de junho, aos 72 anos. Ele ajudou a moldar o álbum “Red Rose Spee­dway” (1973) e criou um dos solos mais bonitos do rock'n roll, a partir dos dois minutos do hit “My Love” (dizem que Paul McCartney ficou perplexo ao ouvi-lo pela primeira vez). Achei que valia a menção, pelo muito que fez em tão pouco. João Paulo Lopes Tito é assessor jurídico no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO).
 “Não somos mais o País do futebol”
Arnaldo B. S. Neto Quando eu era garoto, nossa seleção era objeto de devoção. Sugerir que não éramos simplesmente os melhores do mundo não passava pela cabeça de ninguém. Éramos os colecionadores de Copas, o celeiro dos craques, a pátria de Pelé e Garrincha. Isso parece que acabou. Não somos mais o País do futebol. Esta é, provavelmente, a única dimensão da sociedade brasileira em que passamos da glória para a decadência (nas demais, nunca fomos gloriosos). Mas nem por isso vou deixar de dormir. Arnaldo B. S. Neto é professor da Faculdade de Direito da UFG.
“Brexit foi uma vitória da xenofobia”
Wellington dos Santos Aqui no olho do furacão, a percepção é de que foi uma vitória da xenofobia. Toda a campanha para o Brexit [expressão resultante da fusão das palavras “Britain” (Grã-Bretanha) e “exit” (“saída”, em inglês)] foi baseada em cima do ódio e da raiva sobre os imigrantes. O que se sente é que não querem nenhum tipo de imigrante em UK. Mas se esqueceram de que esses mesmos imigrantes pagam uma bolada em impostos e que virá uma retaliação forte, por parte da União Europeia (UE), para servir de exemplo para outros países não seguirem o mesmo caminho do Reino Unido. Ainda sobre os imigrantes, os que eles mais odeiam – indianos, paquistaneses e africanos – em sua maioria têm documentação inglesa, pois a imigração deles para cá aconteceu há vários anos desde a reconstrução de Londres após a Segunda Guerra Mundial. No final, foi um tiro no pé. O primeiro ministro incendiou a casa para salvar os móveis e acabou sem a casa e sem os móveis. Wellington dos Santos é goiano e mora em Londres.
“Nada de positivo para o Reino Unido com sua saída do bloco”
Itamar Oliveira Pra mim não tem nada de positivo para Inglaterra. Irão perder o controle sobre a Escócia e a Irlanda do Norte provavelmente. Terão problemas com a política de imigração, digo com os ingleses que vivem fora de lá em outros países do bloco. Vários acordos comerciais serão desfeitos, tudo isso em nome dessa falso moralismo nacionalista. E o que é pior, se um dia quiserem voltar, terão de ter aprovação unânime de todos os países do bloco. Itamar Oliveira é engenheiro ambiental.
“Penso que os britânicos se precipitaram”
Paulo Júnior Engraçado que a diferença de resultado nas regiões do Reino Unido foram parecidas com a que vimos aqui nas últimas eleições no Brasil, guardadas as devidas proporções. Enfim, penso que toda decisão tomada em momento emotivo é ruim e tal decisão foi tomada em um desses momentos. Mo­mento conturbado no mun­do, principalmente envolvendo ataques, crise econômica em algumas regiões, diferenças religiosas. Penso que os britânicos se precipitaram, sim, assim como se realizassem um plebiscito sobre pena de morte ou redução da idade penal em um momento de explosão de violência no Brasil. Teríamos uma triste mudança sem as devidas discussões das implicações que isso poderia resultar. Paulo Júnior é funcionário público.
“A verdade que ela defende é mais verdade que a verdade dos demais?”
Mario Junior Essa sra. Sandra Lima de Vasconcelos Ramos se diz pesquisadora. Bom, ela acredita que por um lado há “doutrinação ideológica” aceitando “x” pensamentos. Mas aceitar os “y” pensamentos que ela acredita serem legítimos e ensiná-los de igual modo não seria “doutrinação ideológica” da mesma forma? Ou a verdade que ela defende é mais verdade que a verdade dos demais? Vamos ler Mi­chel Foucault, minha gente! Não existe “a” verdade. Toda crença tem para si um discurso legitimador. As verdades são construídas. A palavra ideologia é neutra. Tudo é ideológico. Causa-me admiração que uma “educadora” não saiba disso. Os cristãos fundamentalistas (sim, porque existem aqueles que não o são) achavam que estariam para sempre inabalados com suas fogueiras inquisidoras de verdades perenes. Sinto muito, “perdeu, playboy”. A tal “família tradicional” e a “verdade biológica” que a suposta professora Sandra defende continuarão a existir, mas não mais sozinhas. Há outras famílias e outras verdades e, que bom, que já há sistemas de ensino (como o de Goiâ­nia) que se alargam para incluir e não se estreitam para segregar. ["Prova de concurso público em Goiânia é mais um caso de estupro coletivo", no online do Jornal Opção] E-mail: [email protected]
“Escolas não têm intenção de doutrinar as pessoas, mas de abrir discussões”
Fran Brasil Não há doutrinação ideológica na educação, o que existe é o acesso à informação. As escolas e as bancas de concursos não têm a intenção de doutrinar pessoas, ao contrário das religiões, cujo propósito é bem claro. O que se vê nas salas de aulas é a abertura de pautas atuais para discussão de ideias. O que é bem saudável e construtivo. Nenhum professor e nenhuma banca têm a intenção de pregar valores e exigir uma conduta ou um ponto de vista específico, unilateral, dos cidadãos, ao contrário das igrejas; o que se busca é o conhecimento. Pois esse é o papel dos educadores: apontar as fontes de conhecimento, de produção científica, a fim de atualizar e inserir o educando na realidade do dia a dia. Não são descartadas as concepções do indivíduo como religioso e sua formação familiar, muito pelo contrário. O que é descartada é a visão unilateral, a bitolagem, o preconceito e censura de temas com demandas populares. Até mesmo para descartar uma ideologia, para renegá-la ou mesmo invalidá-la é necessário ter conhecimento do objeto que se critica. Esse conhecimento não deveria ser considerado nocivo, ou uma ameaça, se as concepções são condizentes, adequadas, sólidas e bem embasadas. Se o que se acredita for a postura correta e adequada para a atualidade em que está inserida, se não for algo inadequado e fraco de bom senso. Atualizem suas mentes e não tenham medo do novo e do conhecimento, porque o novo sempre vem, concordando ou não, achando-o válido ou não. E até mesmo para saberem posicionar-se contra ele, é de extrema importância que as pessoas fiquem atualizadas e que tenham conhecimento sobre essas ideologias. Não precisam concordar, mas é necessário que conheçam, sim. Afinal, a filosofia, a sociologia, a antropologia e a história nunca param de produzir, é preciso acompanhá-las para saber onde se está e onde se colocar. E-mail: [email protected]

Dar ou perder – uma questão europeia

Tratado de livre comércio entre UE e EUA divide opiniões e, se não sair rápido, pode não sair mais

Tomar vinho e estudar a respeito são caminhos incontornáveis para se tornar um sommelier

Importadores e donos de adegas e de restaurantes precisam investir mais em informação sobre vinhos. É provável que o comércio tende a se expandir

Terror online

No século 21, para cometer um atentado terrorista, só é preciso apertar Enter

“A insegurança no campus e na sociedade é um tema sério e urgente”

Correndo o risco de ser mal interpretado e até de sofrer com as consequências do que vou postar, acho que temos de tirar lições deste episódio por qual passa a Univer­sidade Federal de Goiás

É possível consumir um vinho brasileiro de qualidade pagando de 50 a 100 reais

O produto nacional tem qualidade, mas a informação a seu respeito não é das melhores e o consumidor tende a avaliá-lo desfavoravelmente em comparação a vinhos chilenos e argentinos

“O ‘black power’ do Eixo Anhanguera deixou meu dia mais leve”

VALÉRIA RAMOS Na sexta-feira, 3, estava eu vindo para o trabalho como de costume. Levantei de madrugada, fui para o ponto. Esperei, sem novidades, e tomei o ônibus também assim, mesmo porque não me sentei — porque sentar-me seria novidade! De Trindade até a Praça A, em pé, vim ouvindo conversas entre pessoas que não eram nada que chamasse tanto a atenção, a não ser pelo burburinho que incomodam um pouco quando se vai trabalhar morrendo de sono. Desci na Praça A para trocar de veículo e pegar agora o Eixo Anhanguera para chegar ao destino. Junto comigo entrou um casal. Uma senhorinha e um jovem senhorzinho. Alto, afrodescendente, forte, com cabelo “black power” (lindo por sinal) e muito, mas muito bem-humorado mesmo, levando em consideração o horário: eram 7 horas da matina, numa sexta-feira. Estar assim de ônibus cheio é para levantar o astral do resto da turma. Inclusive o meu. Assim que entrou, começou a conversar com essa senhora que estava com ele. Pareciam ser amigos de longa data. Em suas palavras: “Cara, minha mãe quer que eu corte o cabelo. Eu não queria cortar. Mas ela está falando tanto, que resolvi cortar...” A senhora sorriu e ele continuou: “Fui ali num salão na Avenida Goiás para saber o preço. O moço disse: ‘é (sic) 20 reais o corte. Pensei: meu Deus do céu, se é (sic) 20 um cabelo normal, o meu será de 25 reais pra frente”. Isso já foi suficiente para chamar minha atenção, olhar o cabelo dele e sorrir para ele, que de forma muito delicada sorriu de volta. E continuou: “Cara, falei para minha mãe; ô mãe, não vou cortar o cabelo mais não, Deus me livre, mãe. Vinte e cinco reais dá pra comprar um pacote de fraldas, num vou cortar, não!” Aí eu não resisti, soltei uma risada caprichada e quase todo o Eixo também. Todo mundo olhou para o rapaz e sorriam levemente. De repente, a senhora que estava com ele disse: “E eu, que tenho três filhos? Tenho de pagar para cortar dos três!” Foi demais. Ele se virou para ela: “Deus me livre, cara! Sessenta reais? Dá para pagar meu aluguel!”. Nesta hora foi impossível não entrar na conversa — eu era a que mais estava próxima dele —, e brinquei: “É, ao menos com o talão de água ou de luz 60 reais dá para ajudar, não é?” E ele: “Tá doído, mas é nunca que vou cortar o cabelo, deixa assim mesmo, está bom demais. Sessenta reais dá (sic) para água, luz, aluguel, fraldas...”. E falava tudo isso o tempo todo sorrindo. E não havia que não sorrisse! Então, desci no meu ponto e ele continuou a viagem. E eu fiquei a pensar naquela história toda e refletindo como o bom humor pode salvar o dia da gente. A vida da gente. Numa sexta-feira, quando o cansaço é visível, apesar de estar no Eixo lotado, meu dia ficou mais leve, mais agradável, mais digno. Não que eu estivesse mal-humorada, não é meu forte ficar de cara feia. Mas aquilo ajudou a desanuviar o pensamento da semana corrida. Fiquei pensando: é claro que 25 reais, ou mesmo os 60 reais, não vão resolver suas necessidades com filho pequeno, como no caso dele, que falou mais de uma vez nas fraldas, mas certamente farão diferença no orçamento nesse momento de crise. E afinal, que mal há em ter cabelos grandes? “Black power” é o máximo! Ele não está incomodado com a cabeleira e muito menos incomodando alguém com aquela “juba” toda. Enfim, foi um dia que começou e terminou feliz e leve —apesar de todos os pesares. Valéria Ramos é secretária.

“O caso Rugai é interessante para os seguidores de Agatha Christie”

HÉLIO MOREIRA Não li o livro “O Brasil na Fita — De Collor a Dilma, do Caso Magri à Lava Jato, O Que Vi e Ouvi em Mais de Vinte Anos”, do perito Ricardo Mo­li­na, e provavelmente não vou lê-lo. Porém, pela resenha do jornalista Euler de Fagundes Belém [“Perito da Unicamp garante que Gil Rugai não matou seu pai”, Jornal Opção 2135, coluna “Imprensa”], observo que poderá ser assunto interessante para alguém da literatura policial, principalmente se for um “se­gui­dor” de uma senhora inglesa, fa­lecida há quase 50 anos e que res­pirava o “fog”, movimentava-se pelas ruas Elton e Oxford S­treet, gostava (eu acho) de cerveja morna dos pubs de Londres. Seu maior personagem adoraria enfrentar este “drama” exposto, com maestria, como sempre pelo jornalista: o policial belga aposentado Hércule Poirot, baixinho, careca, pernóstico, vaidoso de seu bigode encerado e de enorme talento para desmascarar criminosos. Hércule Poirot não sabe lutar karatê, jamais deu ou levou um soco, nunca espancou uma mulher e se surgisse a oportunidade de beijar uma loura, provavelmente pensaria, primeiro, em não amarrotar os bigodes. Este trecho que transcrevi acima é a orelha do Livro “Noite sem fim”, da sra. Agatha Christie, e a trama desse livro é ainda mais complicada do que o caso Rugai. Hélio Moreira é médico e escritor.

“O setor imobiliário sempre mandou em Goiânia desde sua fundação”

JOSÉ ABRÃO Em relação ao texto “Na gestão que priorizaria a sustentabilidade, surge uma cidade para o sustento do setor imobiliário” (Jornal Opção 2135), o pior é sabe que foi esse setor que sempre mandou na cidade desde sua fundação. Mesmo uma análise rasa, superficial, do crescimento urbano da cidade já é o suficiente para perceber que ela cresceu não apenas descontroladamente, mas completamente fora dos planos originais e conceituais da cidade—exatamente porque os políticos nunca se importaram. Cons­trutoras enfiando dinheiro “é progresso”, vai ficar “que nem São Paulo”. José Abrão é jornalista.

“Um radar sobre Goiânia para multa pesada em ‘monstrinhos’ do trânsito”

TIAGO RASSI As pessoas em Goiânia dirigem mal demais. Dá náuseas toda vez que pego o carro. São sujeitos mal educados, agressivos e perigosos ao volante. Correm como loucos em ruas residenciais, furam sinal, bloqueiam cruzamentos, colam na traseira dos carros em rodovias. Eu sou a favor de um radar bem em cima da grande Goiânia para multa pesada em “monstrinhos” que adoram pisar no acelerador e colocar outras pessoas em risco. Poderíamos fazer, inclusive, uma pagina no Facebook só com fotos de denúncia sobre essas questões no trânsito. Tiago Rassi é médico oftalmologista.

O Brasil tem excelentes vinhos; o que falta é divulgação de qualidade

No Brasil temos vinhos bons, o que se precisa é de mais divulgação, principalmente da parte dos produtores. A divulgação é escassa tanto por parte dos donos de vinícolas quanto dos lojistas

Cartas

“Terão de investigar tudo do BNDES”

Alberto Nery dos Santos Se querem mesmo investigar o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], devem investigar tudo, porque aqui no Brasil as grandes empresas conseguem, num piscar de olhos, vultosos empréstimos. Agora, terão também de investigar os empréstimos para esses países nanicos, que através do palestrante Lula da Silva (PT) levou a Odebrecht a construir até ferrovia no deserto. Têm de serem passados a limpo todos os empréstimos. Mais não acho que Michel Temer (PMDB) consultou a cúpula do Friboi para nomear o ministro Henrique Meirelles, porque ele era o sonho de consumo de Lula para a Fazenda, mais Dilma Rousseff (PT) não o quis. E, por ser teimosa, perdeu a Presidência. [“Governo Temer vai investigar empréstimos pra Angola, Venezuela e Cuba, mas não se interessa pela JBS”, Jornal Opção 2134, coluna “Bastidores”] E-mail: [email protected]  

“Onde vai parar o Brasil com essa torrente de políticos envolvidos?”

Marco Antonio Chuay Dizem que será a mãe de todas as delações. Uma fonte altamente confiável, amigo meu de Curitiba, diz que a força-tarefa já tem indícios que comprometem 80% do Con­gresso Nacional. Tudo vai caminhando nesse sentido mesmo. E aí surge uma grande questão: onde vai parar o Brasil com essa torrente de políticos envolvidos? Como limpar o cenário? [“O­debrecht fecha acordo de delação premiada e vai comprometer centenas de políticos de vários partidos”, Jornal Opção Online 2134, coluna "Bastidores"] Marco Antonio Chuay é publicitário  

“Agradeço a lembrança do Jornal Opção a minha investigação”

Fernando Venâncio É meia-noite em Lisboa e parto de manhãzinha para casa. Agradeço a bela lembrança do jornalista Euler de França Belém de publicitar a minha investigação. O excelente apontamento resume um artigo saído no jornal português “Público”, que por sua vez resume a conversa que eu tive com uma jornalista, que por sua vez resume aquilo que um dia será publicado em livro (também em edição brasileira). Tanto não obstou a que a leviandade já se manifestasse na sua autossuficiência. Mas tenho no lombo 15 intensos e excitantes anos de debate na internet. Imagine quanto ouvi, li, aprendi, aguentei, ripostei e calei. [“Linguista garante que Camões não criou ‘uma Língua Portuguesa’”, Jornal Opção 2134, coluna “Imprensa”]  

“O russo era a língua dos camponeses até o século 19”

Sonia Branco Guardadas as devidas proporções, a língua russa até meados do século 19 era também a língua dos camponeses — a língua culta era a francesa. Isso não impede que Púchkin [Alexander Sergueievitch Púchkin, escritor da era romântica, considerado por muitos como o maior poeta russo e fundador da moderna literatura daquele país] seja considerado o criador da língua literária russa, ao resgatar o léxico popular, o eslavo antigo e o eslavo eclesiástico, modernizando o seu uso, atribuindo novas acepções, lado a lado com os estrangeirismos. A antropofagização do outro e a ressignificação do próprio atribuíram um novo estatuto à língua russa. Sonia Branco é professora da Faculdade de Letras e doutora em Ciência da Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)  

“Uma pesquisa assim não pode ser demonizada com argumentos rasos”

Fábio Coimbra Pelo que li, trata-se um estudo sério, categorizado. Espero que saia na Espanha. Esse tipo de pesquisa não pode ser demonizado com argumentos rasos, de quem, mesmo que domine assuntos parecidos (digamos um professor de literatura), não sabe do que está falando com precisão, pois não a consultou. A pesquisa, por aquilo que li no artigo, não desmerece, em nenhum momento, Camões e sua obra. Aliás, a descoberta de outro par de Camões, na questão da iberização da língua, não foi notada por leitores assim. Se Deus mora nos detalhes, como dizem no Brasil, há detalhes expostos no texto do jornalista Euler de França Belém, a partir da pesquisa do professor Fernando Venâncio, que não foram considerados. Não se trata, lógico, de abolir a crítica, mas sim, na verdade, de observar com mais atenção o que foi exposto. Por fim, é preciso considerar que um texto de jornal, e de pequena extensão, não tem como sintetizar um estudo aparentemente tão fecundo e exaustivo. Fábio Coimbra é sociólogo  

“Dilma tomou partido para ‘aliviar o lado’ das empresas”

Thiago Cazarim Em relação à matéria "Operações Mãos Limpas destruiu políticos e pegou leve com empresários" (Jornal Opção 2134, coluna "Imprensa"), é importante ressaltar que o discurso de que Dilma Rousseff (PT) não interveio nas investigações “esquece” a tentativa da presidente de aliviar o lado das empresas. Então, me parece que, se Dilma não interferiu no curso da Lava Jato, ela ao mesmo tempo tomou partido de um grupo específico – justamente o das empresas. Depois disso, quem ainda achar que o PT é um partido comunista pode pedir para decretar falência cognitiva. Thiago Cazarim é professor de música do Instituto Federal de Goiás  

“Salvar o Goiânia será o maior desafio da vida de Eduardo Machado”

Fagner Pinho Será o maior desafio da vida de Eduardo Machado. Que tenha isso em mente. Ao menos trabalhará sob menos pressão do que o presidente do Vila Nova, por exemplo. Acho que todos os goianienses, independentemente de time, se simpatizam com o Galo. [“Edu­ardo Machado assume presidência do Goiânia. Conseguirá ressuscitar o time?”, Jornal Opção Online 2131, coluna “Bastidores”] Fagner Pinho é jornalista  

“O ideal para o Galo seria uma fusão com o Atlético”

Hélio Torres Eu acho que o Goiânia quer acordar muito tarde. Não cabe mais no futebol atual. O ideal seria soprar no ouvido do Atlético e propor uma fusão, já que as diretorias possuem alguma afinidade. Hélio Torres é historiador e profissional de TI  

“Goiânia tem condições de retomar seu lugar no futebol goiano”

João Paulo Lopes Tito Se, felizmente, não sumiu até hoje, acredito que o Goiânia tenha ainda condições de retomar seu lugar no futebol goiano. Torço por isso. João Paulo Lopes Tito é assessor jurídico no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO)

Em busca dos últimos manuscritos

Arqueólogos israelenses realizam a maior escavação arqueológica do país nos últimos 30 anos. O objetivo: encontrar nas montanhas do Deserto da Judeia os manuscritos perdidos do Mar Morto

Tá rindo do quê, idiota?

Rafinha Bastos é um humorista polêmico do tipo que ou você ama ou você odeia. Não tem meio termo. Mas juro que nunca tinha tido uma opinião formada sobre esse sujeito

“O fato é que o emprego formal acabou”

Tom Coelho Observe a correlação entre a profissão exercida e o curso superior realizado pelos profissionais. Enquanto 70% dos dentistas, 75% dos médicos e 84% dos enfermeiros trabalham na mesma área em que se formaram, apenas 10% dos economistas e biólogos e 1% dos geógrafos seguem pelo mesmo caminho. Exame atento de outras profissões ainda nos indicará que apenas um em cada quatro publicitários, um em cada três engenheiros e um em cada dois administradores faz carreira a partir do título que escolheu e perseguiu. O fato é que o emprego formal acabou. Nas décadas de 1960 e 1970 o paradigma apontava como colocação dos sonhos um cargo em uma empresa pública. Nos anos 80 experimentamos o boom das multinacionais e empresas de consultoria e auditoria recrutando os universitários diretamente nos bancos escolares. Já na década de 90, o domínio de um segundo idioma, da microinformática e a posse de um MBA eram garantia plena de uma posição de destaque. Hoje, nada disso se aplica. Há anos que as grandes empresas têm diminuído o número de vagas disponíveis e são as pequenas companhias as provedoras do mercado de trabalho. Ainda assim, a oferta de trabalho é infinitamente inferior à demanda – e, paradoxalmente, muitas posições deixam de ser preenchidas devido à baixa qualificação dos candidatos. Assim como todos os produtos e serviços concorrem pela preferência do consumidor, os profissionais também disputam oportunidades. Engenheiros que gerenciam empresas, administradores que coordenam departamentos jurídicos, advogados que fazem estudos de viabilidade, economistas que se tornam gourmets. Uma autêntica dança das cadeiras que leva à insegurança os jovens em fase pré-vestibular. O que falta aos nossos jovens é preparo, o que deveria ser conferido desde o ensino fundamental por meio de disciplinas e experiências alinhadas com a realidade, promovendo um aprendizado prazeroso e útil, despertando talentos e desenvolvendo competências. Um ensino capaz de inspirar e despertar vocações. Ensino possível, porém distante, graças à falta de infraestrutura das instituições, programas curriculares anacrônicos e desqualificação dos professores. Em vez disso, assistimos a estudantes adolescentes que às vésperas de ingressar no ensino superior sequer conseguem escolher entre Psicologia e Co­municação Social, entre Ar­quitetura e Educação Física, entre Veterinária e Direito. A escola e a família devem propiciar ao aluno caminhos para o autoconhecimento e descoberta da própria personalidade e identidade. Fornecer informações qualificadas e estimular a reflexão, exercendo o mínimo de influência possível. Muitos são os que direcionam suas carreiras para atender às expectativas dos pais, aos apelos da mídia, à busca do status e do sucesso financeiro, em detrimento da autorrealização pessoal e profissional. Orientação vocacional não se resume aos testes de aptidão e questionários. Envolve conhecer as diversas profissões na teoria e na prática. Permitir aos estudantes visitarem ambientes de trabalho, ouvindo relatos de profissionais sobre objetivos, riscos, desafios e recompensas das diversas carreiras. Tomar contato com acertos e erros, pessoas bem-sucedidas e que fracassaram. Provocar o interesse e, depois, a paixão por um ofício. Precisamos voltar a perguntar aos nossos filhos: “O que você vai ser quando crescer?” A magia desta indagação é que dentro dela residem os sonhos e a capacidade de vislumbrar o futuro. Aliás, talvez também devamos colocar esta questão para nós mesmos, pais e educadores. Tom Coelho é educador, escritor e palestrante em gestão de pessoas e negócios. E-mail: [email protected].

“Acerca da empatia perdida”
É de se constatar cada vez mais adequada, hoje em dia, a aplicação, ao brasileiro médio, do conceito do “homem cordial”. A expressão — cunhada pelo historiador Sérgio Buarque de Holanda — que, numa análise precipitada, poderia levar à conclusão de que o brasileiro seria dotado de uma aura mítica, portadora de uma simpatia inata, tenta, na verdade, descrever os dois lados do atributo da cordialidade: o homem, que agindo de cor(ação), pratica atos que – para o bem ou para o mal — escapam à esfera da razão. As­sim, por um mesmo e indissociável princípio, “de coração”, enaltece-se ou apunhala-se o outro. Com as redes sociais — objeto sobre o qual o respeitável historiador perdeu a riquíssima oportunidade de se debruçar —, o referido conceito torna-se ainda de mais fácil percepção, vez que amplificadas e escancaradas as relações mantidas na grande ágora entre os “cordiais amigos” (aqui numa junção de conceitos talhados pelos pen­sadores Buarque e Zuckerberg). A empatia, instituída como regra nas relações, ao que parece, então, afigura-se como algo para um patamar bem posterior — grassando no nível das utopias. Assim é que — muito provavelmente — nenhum alemão ou dinamarquês esperará que seu vizinho aja, para consigo, com “empatia”, não abrindo mão, aquele, entretanto, do emprego do “respeito” no cotidiano convívio. Portanto, por ora, melhor talvez fosse priorizar-se uma sociedade em que houvesse — antes — o império do respeito ao indivíduo, para, num momento futuro, almejar-se — quem sabe — uma relação mais empática para com o outro (aí incluídos samambaias, tamanduás e o Meia-Ponte, por exemplo). Ou, como sempre bem soletrado por Aretha Franklin: “R-E-S-P-E-C-T”! Beto Almeida é técnico judiciário. “O recurso a antidepressivos poderia ser diminuído e até evitado” Bacana a pesquisa que aponta que metade dos que usam antidepressivos não estão efetivamente deprimidos. São inegáveis os casos em que a medicação é imprescindível, como os de surtos psicóticos, mas penso que a pesquisa aponta para a importância dos tratamentos psíquicos que resgatam a dimensão subjetiva e emocional de cada um. Se o tratamento possibilitar o encontro do sujeito com seus próprios traumas (e se nesse encontro houver uma delicada elaboração), o recurso à medicação poderia ser diminuído e até evitado. Cristiano Pimenta é psicanalista.
“O governo russo não assumiu suas responsabilidades diante da tragédia de Tchernóbil”
Vou ler o livro de Svetlana Aleksiévitch [“Vozes de Tchernóbil — A História Oral do Desastre Nuclear”] com calma, mas pela narrativa percebe-se que o governo russo não assumiu suas responsabilidades com a tragédia em relação ao extremo cuidado que se deve ter com todos os atores na hora e no pós-acidente nuclear. Um comportamento de Estado autoritário acostumado a conviver e criar tragédias de grandes dimensões, como foi a política para a Ucrânia na década de 50. Passados 70 anos das explosões de Hiroshima e Nagasaki, que sofreram os mais violentos efeitos da energia nuclear, essas cidades superaram os feitos devastadores de uma bomba nuclear e hoje são cidades referência no Japão, orgulho dos japoneses, que se superaram e conseguiram limpá-las de todos os resquícios das mortíferas radiações nucleares, tornando-as habitáveis novamente. Introduzi essa história japonesa para lembrar que, 30 anos após o acidente de Tchernóbil, a região é deserta e inabitável, pois lá o acidente ainda não terminou: o reator acidentado continua funcionando debaixo de espessas camadas de concreto. [“Livro de Svetlana Aleksiévitch revela o inferno de Tchernóbil narrado pelas vítimas”, Jornal Opção 2133, coluna “Imprensa”] Arthur Otto é físico nuclear.
“Um dos maiores assassinos do mundo”
Interessante o texto “Assassinou Nativo da Natividade e foi roubado pelo tio pistoleiro” (Jornal Opção 2051, coluna “Imprensa”). No livro, o escritor descreve com detalhes (mandante e vitima) a maioria dessas quase 500 pessoas assassinadas pelo tal do matador Júlio? Se sim, esse seria com certeza um dos maiores assassinos do mundo. Exemplo: o finlandês Simo Hayha —um dos snipers [atiradores de elite] mais famosos do mundo —, que nasceu em 1905 e foi apelidado de “Morte Branca”, alcançou o número impressionante de 505 mortes (que foram registradas) durante a Guerra Soviético-Finlandesa. Willian Barbacena de Oliveira é consultor em informática.
“Sinto orgulho de meu País”
Como brasileiro, filho de argentino (este, filho de alemão) e brasileira (esta, neta de italianos), sinto orgulho do meu País e, depois de morar em vários, sei como o Brasil progrediu nos últimos 30 anos. Não à toa está entre os dez mais ricos do mundo. Fábio Coimbra é sociólogo.
“Psicotrópicos podem minimizar o abuso de analgésicos”
De fato, existe uma certa banalização do uso de psicotrópicos e mesmo do uso de certos diagnósticos psiquiátricos, fatos que frequentemente são alvos de discussão (inclusive pelas implicações éticas e sociais disso). O risco de fazer uma clínica unicamente baseada nos sintomas e no uso da medicação, desprezando a subjetividade, é o de transformar a psiquiatria em uma espécie de “ortopedia da mente”. Mas o estudo em questão parece focar mais na questão do uso de antidepressivos para outras condições médicas, como a migrânea [enxaqueca] ou a dor neuropática. A medicina, infelizmente, ainda não tem tratamentos específicos para diversos quadros. E, na ausência de um tratamento ideal, usamos os recursos que temos. No tratamento da dor neuropática e da migrânea, por exemplo, alguns antidepressivos mostraram certa eficácia na profilaxia das crises álgicas. Assim, o uso deles pode minimizar o abuso de analgésicos e se constituir num recurso terapêutico mais seguro. Gustavo Macedo Mustafé é médico.