Bastidores

[caption id="attachment_54229" align="alignright" width="620"] Clécio Alves, Agenor Mariano, Célia Valadão e Dona Íris[/caption]
Há quem o chame de Exército de Brancaleone. Pode até ser. Mas, ainda assim, com veteranos e jovens, o pré-candidato do PMDB a prefeito de Goiânia está convocando seu exército para reuniões frequentes, em seu escritório do Setor Marista.
O peemedebista-chefe começa a sugerir, com seu estilo-código eventualmente enviesado de conversar — que às vezes precisa ser decifrado tal a malícia e a matreirice de sua argumentação —, que, como o partido não tem um nome consistente, deve disputar a prefeitura da capital. Já comunicou aos familiares.
Os principais integrantes do exército irista são: Agenor Mariano (coronel), Ana Paula Rezende (sargento), Célia Valadão (sargento), Clécio Alves (soldado), Dário Campos (soldado), Dori Mocó (cabo), Fernando Santana (sargento), Frederico Peixoto (capitão-intendente), Genésio de Barros (general), Gilmar Dias Ramos (cabo), Iris Araújo (coronel), Lázaro Barbosa (general), Lívio Luciano (major), Luiz Soyer (general), Mauro Miranda (general), Nailton Oliveira (sargento), Samuel Belchior (cabo, teme-se que se torne o primeiro desertor).
Daniel Vilela, Pedro Chaves e José Nelto, personas non gratas, não são chamados para as reuniões e convescotes.

Há duas costuras sendo feitas nos bastidores. O deputado federal Jovair Arantes, presidente do PTB em Goiás, trabalha para que o vice do pré-candidato do partido a prefeito de Goiânia, Luiz Bittencourt, seja o presidente nacional do PHS, Eduardo Machado — que, no momento, faz turismo em Amsterdã, na Holanda. O presidente do PTB em Goiás e o poderoso chefão do PHS são, como dizem os colunistas sociais, carne, unha e cutícula. A segunda costura inclui Vanderlan Cardoso (PSB), que, temendo perder a eleição, pode aceitar a vice do postulante petebista. Não é o que a senadora Lúcia Vânia planeja, mas o ex-prefeito de Senador Canedo faz suas próprias articulações.

[caption id="attachment_45140" align="alignright" width="620"] Governador Marconi Perillo | Foto: Eduardo Ferreira[/caption]
O governador de Goiás, Marconi Perillo, continua aberto ao diálogo com segmentos da Educação, mas não recua do projeto de implantação de OSs. O governo sugere que a invasão de escolas é motivada por interesses políticos e sindicais e que a maioria da comunidade estudantil, dos pais de alunos, professores e servidores, apoia a iniciativa que visa melhorar a qualidade do ensino.
Mesmo estando em 1º lugar no Ideb, a avaliação é de que é preciso prosseguir nas mudanças. O exemplo é a Finlândia, que, mesmo tendo o melhor sistema de ensino do mundo, zerou tudo este ano e iniciou ampla modificação nos modelos de educação para tentar melhorar ainda mais.
Não deixa de provocar estranhamento: o Sintego forneceu alimentação para o grupo de estudantes que invadiu o colégio Lyceu de Goiânia. Cabe perguntar ao Ministério Público: o sindicato pode gastar dinheiro, de origem pública, para incentivar exatamente a invasão de um edifício público?

[caption id="attachment_19558" align="alignright" width="620"] Fotos: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
Os marqueteiros adquiriram uma doença tida como grave e contaminadora — tanto que passou de um para outro. Trata-se de “iristite aguda”. Marqueteiros afiançam que Iris Rezende nunca paga o que é pedido e demora a pagar o que deve. Dimas Thomas é uma das vítimas do peemedebismo. Luiz Felipe Gabriel também não estaria disposto a trabalhar com o peemedebista-chefe.
Mas o problema com Iris Rezende — a rigor, um político decente; ser pão-duro não é crime — não é só dinheiro. Marqueteiros dizem que não segue orientações e duvida das pesquisas que, mesmo verdadeiras, não lhe são favoráveis.
Marqueteiros e pesquisadores sublinham que Iris Rezende é o rei do improviso e acredita mais em intuição do que na racionalidade das pesquisas quantitativas e qualitativas. Costuma dizer aos aliados que Deus vai ajudá-lo e que tem uma missão na Terra. Este tipo de discurso messiânico e pré-científico afasta cada vez mais profissionais com formação científica e adeptos do iluminismo, do racionalismo.

Aliados do vice-presidente Michel Temer só se referem à presidente Dilma Rousseff como “a finada”. Já o poderoso chefão do PMDB é chamado, o tempo todo, de “presidente”. A petista-chefe luta, com unhas, cutículas e dentes para sobreviver, e o peemedebista-chefe, para afogá-la.

O deputado Santana Gomes é um homem simples, sem cultura livresca. Mas é tremendamente inteligente e entende tudo que lhe explicam com uma rapidez impressionante. Com astúcia de quem é vivido e tem a cultura das ruas na ponta da língua, pôs no bolso tanto o irascível Adib Elias, apelidado pelos deputados de Urtigão do Sudeste — tal o mau humor —, quanto o trator de esteira Major Araújo. O parlamentar carrega uma pasta com documentais cruciais. Pelo menos um deputado estadual treme e sua frio quando vê Santana Gomes com sua pasta assustadora.

[caption id="attachment_11369" align="alignright" width="620"] Leonardo Vilela, secretário: “Goiás fez a lição de casa e organizou seu setor de saúde”[/caption]
Um dos mais experientes auxiliares do governador Marconi Perillo — a Saúde é a 5ª pasta em seu currículo —, Leonardo Vilela está animado. “O desafio é enorme e exige comprometimento integral. Como médico, sei o quanto as demandas são importantes para a população e para a própria imagem do governo.”
Com 3 mandatos de deputado federal, Leonardo diz que a crise orçamentária do governo Dilma Rousseff será dura para a Saúde. “Estados que não fizeram o dever de casa podem ficar em situação caótica com o corte anunciado de R$ 16 bilhões nos recursos do SUS. Goiás tomou decisões corretas em sua gestão e tem uma equipe azeitada.”
“A gestão por OSs nos principais hospitais do governo estadual garante um atendimento de qualidade e sobra tempo e fôlego para cuidar de outras ações importantíssimas”, como assumir parte do atendimento ambulatorial na Grande Goiânia. “Com o corte no SUS, viveríamos um caos na capital se não fosse a nossa participação.”
O secretário de Saúde lembra que, mesmo sendo uma atribuição dos municípios, o governo estadual está assumindo um protagonismo no combate ao mosquito Aedes aegypti. “Com a chegada do zika vírus, a crise epidemiológica se tornou mais grave ainda e o governador Marconi Perillo determinou que não medíssemos esforços. Vamos vencer a epidemia.”

Jornalistas de Brasília sugerem que a Operação Lava Jato está prestes a chegar em Goiás. O ex-senador Gim Argello (amigo da presidente Dilma Rousseff), do Partido Trabalhista Brasileiro, teria posto dois parlamentares do Estado na rota da mega operação da Polícia Federal. Não se sabe detalhes da história, mas comenta-se que os deputados teriam recebido dinheiro de empresas investigadas para suas campanhas, mas não teriam declarado o financiamento à Justiça Eleitoral.

O presidente do PSDB metropolitano, Rafael Lousa, conversou com três pré-candidatos do partido a prefeito de Goiânia: Waldir Delegado Soares, na quinta-feira, 10, Giuseppe Vecci e Fábio Sousa, na sexta-feira, 11. “Todos concordaram que devemos sair unidos do processo de definição do candidato e que devemos buscar o consenso até fevereiro.” Ele frisa que, como tinha um compromisso marcado anteriormente, o pré-candidato Anselmo Pereira, presidente da Câmara Municipal de Goiânia, não pôde comparecer ao encontro.
O repórter do Jornal Opção indaga: “Como buscar o consenso e sair unido se o deputado federal Waldir Soares afirma que, se não for definido como candidato, sai do partido e disputa de qualquer maneira?” Rafael Lousa, jovem ponderado, replica: “Eu sempre digo ao Waldir, um aliado de valor, que deve conquistar a candidatura. Acrescento que a candidatura dele é mais viável se for pelo PSDB, que conta com estrutura e enraizamento na sociedade”.
Rafael Lousa sugere que o partido está trabalhando pela “convergência, independentemente do nome que será definido. Todos os pré-candidatos concordaram com a tese da convergência. Estamos mais preocupados com projetos e soluções para os problemas de Goiânia. O eleitor goianiense é muito observador e aprecia quem apresenta programas criativos e, ao mesmo tempo, pragmáticos”.
O deputado federal Giuseppe Vecci postula mesmo disputar a Prefeitura de Goiânia? Lousa: “Vecci me disse que é pré-candidato. Ele quer que o governo o defina como seu candidato. De fato, no primeiro turno, nós e o governador Marconi Perillo vamos hipotecar apoio integral ao candidato do PSDB; não tem como ser diferente. O segundo turno é outra história”. O deputado federal Fábio Sousa, frisa Rafael Lousa, “também está no páreo. É outro nome qualitativo do partido”.
O presidente regional do PSDB, Afrêni Gonçalves, disse ao Jornal Opção que o deputado federal João Campos, que havia desistido da disputa, teria voltado ao páreo. Rafael Lousa apresenta outra versão: “João Campos, ótimo deputado, me disse que saiu do páreo”.
Jayme Rincón está ou não no páreo? “É outro pré-candidato excelente. Como Vecci, tem experiência com gestão, é ágil e eficiente. Se quiser disputar, é um nome forte. Mas precisa mostrar vontade, posicionar-se”.
Ficou definido que o último prazo para definição, para se firmar o consenso, é fevereiro de 2016 — antes do carnaval. “Afinal, todo mundo está cobrando a definição do nome de um candidato, até para que se possa trabalhá-lo. Até porque outros pré-candidatos estão em franca campanha, já buscando definir alianças, marcando posição, se apresentando à sociedade. Não podemos ficar muito para trás, não.”

O presidente do PSDB metropolitano Rafael Lousa avalia que de cinco a seis políticos devem disputar a Prefeitura de Goiânia em 2016. “Não acredito que Iris Rezende, até por ser um político experiente, será candidato a prefeito. Pode manter o nome na mídia para, em seguida, bancar outro candidato. Iris sabe que suas disputas estão cada vez mais difíceis e que, se perder em Goiânia, o partido não vai ‘perdoá-lo’ por não ter aceitado, mais uma vez, a renovação. Mas é claro que o PMDB vai lançar um candidato, Iris ou outro, por exemplo Agenor Mariano ou Bruno Peixoto.”
Vanderlan Cardoso, do PSB, deve ser candidato, acredita Rafael Louza. “Ele conta com uma estrutura razoável e o apoio de uma senadora, Lúcia Vânia, e de um deputado federal, Marcos Abrão.” O PSDB deve bancar, postula, Giuseppe Vecci, Jayme Rincón, Waldir Soares, Anselmo Pereira ou Fábio Sousa. “O nosso candidato vai ser competitivo. Quando definido, de imediato tende a polarizar com Iris Rezende, se este for candidato.”
“Luiz Bittencourt”, dada sua determinação, “deve ser candidato a prefeito”, crê Rafael Lousa. E o delegado Waldir? “Ele quer disputar, manifesta uma vontade indômita. E é um bom nome.”

[caption id="attachment_53356" align="alignright" width="620"] Deputado federal Alexandre Baldy, sub-relator da CPI do BNDES | Reprodução/Facebook[/caption]
As elites políticas e empresariais de Anápolis temem que a pré-candidatura de Alexandre Baldy a prefeito seja apenas fogo de palha. Porque, com a desculpa de apresentar um mandato qualitativo de deputado federal — de fato, tem sido qualitativo —, o jovem tucano quase não aparece para dialogar com a sociedade local.
O presidente do PSDB em Goiânia, Rafael Lousa, sublinha que não lhe cabe discutir a política de Anápolis, mas, como mantém ligação com o deputado e empresário, aposta suas fichas que Alexandre Baldy será candidato a prefeito. “Eu apoio a candidatura de Baldy, cuja atuação na Câmara dos Deputados é meritória. E concordo que, como foi eleito para ser deputado, é preciso apresentar um cartel de serviços. Sua atuação na CPI do BNDES tem sido exemplar, segura, em defesa dos interesses do país, da sociedade brasileira.”

[caption id="attachment_13030" align="alignright" width="620"] Foto: Reprodução[/caption]
Na semana passada, um repórter do Jornal Opção entrevistou um dos mais gabaritados pesquisadores de Goiânia e, sobre a proteção do anonimato — para não perder clientes —, fez uma análise dos motivos pelos quais o pré-candidato a prefeito de Goiânia pelo PSB, Vanderlan Cardoso, depois de uma expectativa positiva, não deslanchou, permanecendo bem atrás, nas pesquisas de intenção de voto, de Iris Rezende, do PMDB, e de Waldir Delegado Soares, do PSDB.
Frisa o pesquisador: “É preciso considerar que os eleitores, ao contrário dos políticos e dos jornalistas, não estão mobilizados. Não há, a rigor, uma campanha e a pré-campanha, que vai se tornar uma campanha, ainda é morna, porque não há o contraditório, o choque de ideias. Portanto, é preciso redimensionar a história de quem está na liderança, na vice-liderança e quem, como Vanderlan Cardoso, aparece em terceiro lugar. Em suma, os eleitores ainda não estão avaliando os nomes”.
Sobre Vanderlan Cardoso, especificamente, o pesquisador afiança que há vários problemas. “Ele saiu de uma oposição aguerrida para uma adesão intempestiva ao governador Marconi Perillo, do PSDB. Fica-se com a impressão de que, até agora, seu eleitor, que mantém certa independência em relação ao governador do Estado, não entendeu o que aconteceu e é provável que o esteja debitando na cota dos adesistas, dos oportunistas e arrivistas”.
“Vanderlan mudou de partido algumas vezes, mudou de cidade [era de Sendor Canedo e, agora, está em Goiânia] e, para a disputa deste ano, mudou de cargo — de governador saltou para prefeito. Ele mudou até o nariz, em 2014. O eleitor talvez fique com a impressão, que vai se firmando, de que, se necessário, o postulante do PSB muda até de nome. O que importa, aparentemente, é o poder a qualquer custo. O eleitor pode estar apreendendo-o, neste momento, como um político tradicional e não mais como o político que se apresentava e parecia diferente”, disseca o pesquisador.

O presidente da Juventude do PSDB de Goiás, Rodrigo Zani, tem um sonho: disputar a Prefeitura de Nerópolis e, se eleito, fazer uma administração revolucionária no município, requalificando a educação, criando programas culturais, qualificando a mão de obra dos moradores da cidade e atraindo indústrias modernas. “Não se trata tão-somente de um sonho. Eu trabalho para ser candidato a prefeito, mas, disciplinado e humanista, não piso na cabeça de ninguém para alcançar meus objetivos. Não avalio que vale tudo para se conquistar uma candidatura. O prefeito Fabiano da Saneago é o presidente do PSDB e, se quiser, será o candidato. E, se definido que vai disputar, vamos apoiá-lo. Agora, se declarar que não será candidato, coloco meu bloco na rua e disputo.”
Rodrigo Zani alerta que Fabiano da Saneago — cuja gestão está desgastada; “não cabe a mim fazer críticas a um aliado” — precisa definir se será candidato ou não. “Porque, se não disputar, é preciso preparar outro candidato. O outro candidato terá de unificar o grupo e trabalhar pela unidade. Não pode, portanto, passar de janeiro. Outros pré-candidatos, como o médico Luiz Alberto, do PSD, já estão articulando com a sociedade civil e com a sociedade política.”
O ex-prefeito Gil Tavares (PRB) aparece, em algumas pesquisas de intenção de voto, à frente do prefeito Fabiano da Saneago e de Luiz Alberto. Mas vai disputar? “Não sei. O que dizem na cidade é que tem problemas judiciais insanáveis. Ele faz uma oposição moderada ao governador Marconi Perillo. Luiz Alberto é um político e médico qualificado e respeitado. Fala-se que há restrições ao seu nome devido a possíveis desgastes do setor de saúde. O que posso dizer é que se trata de um político sério. Falo com frequência com ele e sei que planeja mesmo disputar”, anota Rodrigo Zani. “O PSDB precisa ter um candidato para ganhar, não apenas para disputar e marcar posição. Para tanto, precisa apresentar propostas renovadoras e práticas para modernizar a política, a sociedade e a economia de Nerópolis.”

O PSDB, com sete governadores, Fernando Henrique Cardoso e os senadores José Serra e Aécio Neves, vai adotar uma posição única, séria e responsável sobre a crise e o impeachment da presidente Dilma Rousseff
Tese do ex-presidente da República: PSDB precisa definir o que pensa sobre a crise e, a partir disso, definir um discurso que conduza a uma ação política eficaz