Bastidores

Marcha da intolerância mostra que aprendemos a nos odiar de uma forma inteiramente desconhecida no passado. Não tardará e em breve iremos galgar novos degraus nesta escalada

O prefeito eleito nomeia professora da UFG para secretária da Educação e vai apoiar Thiago Maggioni para deputado e José Eliton para governador em 2018

Ao lado de Joffre Marcondes de Rezende e de Francisco Ludovico, Luiz Rassi, nascido em Cuba, era um ícone da medicina

[caption id="attachment_61359" align="alignright" width="620"] José Eliton e Marconi Perillo | Foto: Jota Eurípedes[/caption]
O governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB, é expert em política e, sobretudo, em ganhar eleições. De 1998 a 2014, o tucano-chefe articulou uma aliança política poderosa que conseguiu derrotar os candidatos do PMDB — Iris Rezende e Maguito Vilela — em cinco eleições consecutivas. Uma das curiosidades a seu respeito é que, nos momentos em que sua situação parece mais difícil, consegue dar a volta por cima, apresentando ideias renovadoras e mantém o apoio da sociedade. Há uma profunda sintonia entre as ideias da sociedade e as do gestor goiano. No momento, enfrenta algum desgaste e, curiosamente, não por fazer a coisa errada, e sim por fazer a coisa certa — um ajuste fiscal rigoroso que pretende aliviar a pressão sobre a sociedade, reduzindo o impacto da crise econômica nacional sobre a vida dos cidadãos goianos.
Hábil como poucos políticos, uma espécie de mineiro à Tancredo Neves no solo do Cerrado, Marconi Perillo antecipou que o candidato da base aliada a governador em 2018 será o vice-governador José Eliton, do PSDB. Por que o lançamento com tanta antecipação? Por vários motivos. Apresentemos alguns. Primeiro, para tornar o jovem tucano mais conhecido da sociedade (ao colocá-lo na Secretaria de Segurança Pública deu-lhe ainda mais visibilidade).
Segundo, para eliminar disputas fratricidas na base. Terceiro, para sugerir à sociedade que, depois de 20 anos de poder (a completar em 2018), a base aliada está apresentando um nome jovem e renovador. Quarto, para “encorpar” José Eliton como político, sedimentando-o em todo o Estado, no contato tanto com políticos quanto com a sociedade.
Recentemente, ao ser questionado sobre possíveis candidatos das oposições, notadamente Ronaldo Caiado, Maguito Vilela e Daniel Vilela, o tucano sublinhou que não se trata de problema seu. “Nós temos candidato — José Eliton.” Ele frisou que a base não tem um “problema”, e sim uma “solução”, enquanto a oposição, depois de cinco derrotas, não consegue apresentar sequer um candidato.

PMDB avalia que o postulante do DEM pode até sair na frente, mas, devido ao teto eleitoral e à rejeição, tende a desidratar-se durante a campanha

[caption id="attachment_66014" align="alignright" width="620"] Giuseppe Vecci | Foto: Renan Accioly/Jornal Opção[/caption]
O governador Marconi Perillo deve convocar o deputado federal Giuseppe Vecci, do PSDB, para ocupar a Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Como parlamentar mais ligado ao tucano-chefe, que sofreu desgaste para bancar sua campanha, o economista certamente não recusará o convite para se integrar à equipe (ele prefere a Secretaria da Fazenda).
Marconi Perillo fez um compromisso com o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, de que vai “puxar” um deputado federal para abrir uma vaga para o suplente Sandes Júnior. Como Heuler Cruvinel (PSD) e Célio Silveira (PSDB) não aceitaram o convite para participar do governo, a tendência é que Giuseppe Vecci, que aprecia a Câmara dos Deputados, vá para o sacrifício. Célio Silveira pode aceitar a Secretaria de Saúde, o que poderia levar à remoção de Leandro Vilela para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico.
Um deputado federal tem 15 milhões para distribuir, por meio de emendas, para os prefeitos que representa (7,5 milhões é contingenciado para a área de saúde). Num primeiro momento, dada a crise, os secretários não terão muito dinheiro para investir. Porém, com a venda da Celg, o governo de Marconi Perillo terá mais recursos para aplicar, por exemplo em recuperação de estradas, e sua capacidade de endividamento será ampliada. Um secretário atuante, com recursos, pode conquistar a reeleição mais fácil do aquele que ficar em Brasília, onde, nos próximos dois anos, terão de votar pautas (reformas da Previdência e Trabalhista) que, embora importantes para o país, são impopulares e, portanto, desgastantes eleitoralmente.

[caption id="attachment_80011" align="alignright" width="620"] Laudenir Lemes e Izaura Cardoso: com os caciques articulando as campanhas, as duas políticas tendem a terçar forças em Senador Canedo[/caption]
Impedido de disputar a Prefeitura de Senador Canedo, Divino Lemos (PSD) pretende lançar seu filho, Daniel Lemes, como uma espécie de preposto. Sua mulher, a ex-deputada Laudenir Lemes, também quer disputar, mas não tem o apoio do marido, ou melhor, não tinha.
Ao saber que Vanderlan Cardoso, do PSB, prepara o lançamento de sua mulher, Izaura Cardoso — que é tida como mais política do que o próprio marido (tem mais vibração) —, para a disputa da Prefeitura de Senador Canedo, com o empresário Zélio Cândido na vice, Divino Lemes estaria disposto a retirar Daniel Lemes do páreo e emplacar Laudenir Lemes, que é mais experiente e mais conhecida do eleitorado.
Divino Lemes, segundo aliados, considera que Izaura Cardoso, por ser bancada por Vanderlan Cardoso — que agora terá tempo para fazer política na cidade —, é uma candidata muito forte. Por isso, para enfrentá-la, é necessário bancar uma candidata encorpada, como Laudenir Lemes, com Walter Paula na vice (ele quer disputar a prefeitura).
O prefeito Misael Oliveira anunciou que sua preocupação é fechar as contas de sua gestão e que não será candidato à reeleição. Franco Martins, do DEM, pretende disputar a eleição, se conseguir formatar uma aliança política sólida. A eleição deverá ser realizada entre fevereiro e março de 2017.

O prefeito eleito de Goianira, Carlão da Fox, deve trocar o PSDB pelo PP o mais cedo possível. O motivo é simples: o político que o banca, o senador Wilder Morais, é o presidente do PP em Goiás e pretende, com o apoio do governo federal e de verbas do Orçamento da União, contribuir para o sucesso de sua administração. Na eleição de 2016, o líder pepista teve uma contribuição decisiva para sua vitória, com apoio direto e indireto.

[caption id="attachment_80008" align="alignright" width="620"] Luiz Bittencourt e Lineu Olímpio[/caption]
O PTB do deputado federal Jovair Arantes controla o Ministério do Trabalho do governo de Michel Temer. Por isso, se decidir participar da nova formatação do secretariado do governo de Marconi Perillo (PSDB), o parlamentar tende a aceitar a Secretaria de Cidadania e Trabalho, hoje ocupada pela deputada estadual Lêda Borges — que poderia ser removida para a Secretaria de Desenvolvimento Econômica (ou outra, como a das Cidades, que seria desmembrada da secretaria hoje gerida por Vilmar Rocha).
Do grupo de Jovair Arantes, os dois nomes mais cotados para assumir uma secretaria são Lineu Olímpio, ex-prefeito de Jaraguá, e Luiz Bittencourt, ex-deputado federal. O próprio filho do parlamentar, o deputado Henrique Arantes, é cotado.
Se não indicar nenhum aliado para o secretariado de Marconi Perillo, ainda este ano, dificilmente o grupo de Jovair Arantes ficará na base aliada para a disputa eleitoral de 2018. Tende a compor com o senador Ronaldo Caiado, do DEM, ou, sobretudo, com Daniel Vilela, do PMDB. Os dois tendem a disputar o governo do Estado. Jovair Arantes seria bem-vindo como candidato a senador nas possíveis chapas dos dois postulantes.

[caption id="attachment_75674" align="alignright" width="620"] Carlos Amastha: se voltar para a Colômbia, a Polícia Federal não terá como investigá-lo e a Justiça brasileira não terá como julgá-lo[/caption]
O prefeito de Palmas, Carlos Amastha, não vai fugir para a Colômbia, seu país de nascimento, pois tem vários negócios no Brasil, notadamente no Tocantins. Porém, como sabem a Polícia Federal e a Justiça, se decidir liquidar seus negócios no país e voltar para a sua terra natal, o governo da Colômbia dificilmente o extraditará. É uma tradição, no país presidido por Juan Manoel Santos, extraditar colombianos, em geral para os Estados Unidos, exclusivamente quando estão envolvidos com o cartel de drogas — e, mesmo assim, é muito difícil. Portanto, se voltar para a nação de García Márquez, abandonando a política palmense, Amastha estará livre dos tentáculos da Justiça brasileira.
O governo de Michel Temer poderá alegar que Amastha, ao se naturalizar, se tornou cidadão brasileiro e, por isso, pode cumprir pena no país. O governo de Juan Manoel, porém, pode alegar que, apesar disso, o empresário e político permanece colombiano. Ressalve-se que, apesar de investigado pela Polícia Federal, até agora não há comprovação cabal de que o prefeito da capital do Tocantins está envolvido num rumoroso caso de corrupção. Por enquanto, ele está na condição de investigado, não foi acusado e tampouco foi condenado. Sua categoria é a dos suspeitos.

[caption id="attachment_80005" align="alignright" width="620"] Clécio Alves e Andrey Azeredo[/caption]
O prefeito eleito de Goiânia, Iris Rezende, do PMDB, não veta, de maneira alguma, o vereador Clécio Alves, que articula para ser presidente da Câmara Municipal. Mas o prefeito eleito tem convocado vereadores recém-eleitos e, sem meias palavras, está pedindo apoio para Andrey Azeredo. O peemedebista quer uma Câmara mais afinada com a prefeitura.

[caption id="attachment_80002" align="alignright" width="201"] Foto: revista Zelo[/caption]
Joel Braga Filho (irmão do deputado federal Alexandre Baldy), bancado pelo senador Ronaldo Caiado (DEM) e genro do ex-vice-presidente da República Marco Maciel (que tem Alzheimer), pode ser secretário da Educação da gestão de Iris Rezende na Prefeitura de Goiânia. O ministro Mendonça Filho é afilhado político do veterano líder de Pernambuco e, portanto, pode bancar Joel Filho. Só falta um empurrãozinho.
Um grupo de evangélicos planeja indicar Márcia Carvalho para a Secretaria da Educação. O problema é que os professores rejeitam a ex-secretária, que consideram autoritária, nada moderna e, por ser evangélica, não aceitar a separação entre religião e Estado.

[caption id="attachment_33234" align="alignleft" width="620"] Foto: Alego[/caption]
O presidente do Tribunal de Contas dos Municípios, Honor Cruvinel, planejava disputar a reeleição. Porém, como deve se aposentar, para abrir espaço para o deputado estadual Valcenor Braz — o próximo conselheiro será indicado pela Assembleia Legislativa —, não deve postular mais uma eleição. Os conselheiros vão bancar, na eleição da primeira quinzena de dezembro deste ano, Joaquim de Castro. Mostrando descortino, Daniel Goulart optou por não concorrer, abrindo espaço para o ex-prefeito de Jussara. Como não haverá disputa, Joaquim de Castro será eleito por consenso. Ele é tido como um gestor experimentado e conhece bem o TCM.

Se não for candidato a presidente da República, Henrique Meirelles (PSD), goiano de Anápolis — e primo do ex-deputado federal Aldo Arantes —, pode ser candidato a governador de Goiás em 2018. Com o apoio de Marconi Perillo, do deputado federal Thiago Peixoto, do secretário das Cidades, Vilmar Rocha, e de toda a base governista. O ministro seria o grande fato novo da disputa.

[caption id="attachment_78889" align="alignleft" width="620"] Economista Fernando Navarrete, futuro secretário da Fazenda| Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
Fernando Navarrete só deve assumir a Secretaria da Fazenda depois que a atual titular, Ana Carla Abrão, fechar as contas de 2016. O advogado e economista não vai assumir possíveis desgastes financeiros que não são de sua alçada.
Presidente da Celg GT, Fernando Navarrete é o responsável pela indicação de Braúlio Morais para sucedê-lo. Bráulio Morais, por sinal, é um técnico e político que tem o respeito do governador de Goiás, Marconi Perillo.