Bastidores
Na semana passada, Iris Rezende (PMDB) prometeu asfaltar a estrada de Bonópolis à GO-353, na região Norte. O problema, segundo lembra o deputado tucano Júlio da Retífica, de Porangatu, é que o edital para a licitação da obra já tinha sido publicado no Diário Oficial do Estado.
Elias Vaz (PSB), conhecido por muitos como “o polêmico”, é candidato a deputado estadual. Ele, que se considera um homem dedicado à fiscalização do poder público, quer ser deputado para ampliar sua atuação. Porém, compreende que a tarefa é difícil. “Sei das dificuldades que vou enfrentar. Muitos candidatos realizam campanhas milionárias, financiadas por práticas lesivas ao patrimônio público. Espero contar a com a colaboração das pessoas de bem”, diz. Agora, é esperar para ver.
No site de acompanhamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a única candidatura que ainda não havia sido deferida na última sexta-feira, 1º, era a de Marta Jane (PCB). Porém, ao que consta, não há nada errado. É que os trâmites burocráticos para deferimento de candidaturas são, realmente, demorados. Falando em Marta Jane, a candidata tem se dedicado bastante a reuniões internas, principalmente na região metropolitana e "com grupos específicos de trabalhadores". Os trabalhadores são os principais apoiadores da candidatura de Marta. Segundo ela, parcerias com agentes políticos não são bem-vindas. Motivo: “Para que não haja amarras políticas”, caso ela vença as eleições de outubro.
A estratégia do governadoriável José Roberto Arruda (PR) é fazer colar em seu adversário Agnelo Queiroz (PT) a imagem de quem não fez nenhuma obra no DF. Isto é, a imagem de um político incompetente. Em contrapartida, Agnelo quer usar a condenação de Arruda para grudar nele a imagem de corrupto. Poderia ser mais fácil, uma vez que, de fato, Arruda luta para conseguir continuar como candidato. A briga deverá ser decidida no STF. Porém, a rejeição de Agnelo é grande demais. Até os petistas estão começando a duvidar de que consiga vencer essa.
É possível perceber algo sobre a campanha até o momento, além do esvaziamento financeiro, sobretudo dos candidatos a deputado federal e estadual: há pouca movimentação. Por todo o Estado, percebe-se que os candidatos ainda estão trabalhando na estruturação de seus comitês de campanha. A questão é que estão todos esperando o início da propaganda eleitoral nas emissoras de rádio e TV. As propagandas começarão a ser veiculadas no dia 19 de agosto. Até lá, pode-se afirmar que a campanha está em “banho-maria”, nem fria nem quente. A questão deverá ferver mesmo no início de setembro, quando faltará apenas um mês para as eleições do dia 5 de outubro.
A ideia de Vanderlan Cardoso (PSB) em atrair o público jovem para sua campanha foi muito boa. Ao propor ao eleitor que gravasse uma mensagem de vídeo em seu site, com a promessa de que cada um de seus programas eleitorais teria a veiculação de um vídeo, Vanderlan ganhou mídia e alcançou o público mais ligado em novas tecnologias. Mas esqueceram de orientar. Mais de 60 vídeos já foram enviados. Muitos deles de qualidade, tanto que 13 já foram escolhidos. Já os outros...

Em época de eleições, o caminho dos candidatos não é tão fácil quanto se imagina. E o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) tem trabalhado muito julgando situações consideradas irregulares. Porém, nenhum caso foi tão grande quanto o da coligação encabeçada pelo PHS e pelo PSL. A chapinha de deputados federais formada por PHS, PSL, PEN, PTC, PMN e PV foi indeferida pelo TRE, no fim da semana passada. Com isso, os 51 candidatos à Câmara Federal ficam, até o momento, impedidos de disputar o pleito do dia 5 de outubro. A situação é a seguinte: o TRE indeferiu, na última quinta-feira 24, a chapa devido ao "desrespeito à reserva mínima de candidaturas por sexo, tendo em vista o número de registros efetivamente requeridos", o que "implica no indeferimento do Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários (DRAP)". A lei determina que 30% da chapa deve ser reservado e preenchido por mulheres. Assim, a chapa, que era formada por 36 homens e 15 mulheres, ficava com 29,41% de candidatas do sexo feminino. Isto é, abaixo do estipulado pela legislação. A setença foi assinada pelos desembargadores do TRE-GO, Walter Carlos Lemes (presidente do TRE) e Airton Fernandes de Campos (relator do caso) e pelo procurador regional eleitoral Marcello Santiago Wolff. A chapa tinha até o domingo 27 para entrar com o recurso. A simples desistência de um dos candidatos adequaria a chapa à lei, pois faria com que a chapa tivesse 35 homens e 15 mulheres, que representariam exatamente 30% dos candidatos. Acontece que a chapa perdeu o prazo do recurso, o que fez a setença ficar transitada em julgado, isto é, ser definitiva. O representante da coligação é José Carlos da Silva, secretário do PSL. A explicação dada por ele é a seguinte: "Houve erro do TRE, porque não nos comunicaram sobre a setença. Deveriam ter nos mandado via fax, mas não mandaram. Então, fiquei sabendo, por acaso, na segunda-feira. Aí o prazo do recurso já havia passado." A situação toda, segunda consta, foi causada pelo candidato do PHS, Imbrain Lopes Dias, que apresentou candidatura individual, mas se juntou à coligação "de última hora". Provém daí o candidato "sobressalente". Contudo, a chapa já está se preparando para entrar com processo para barrar a decisão. Quem está à frente da questão é Ismerim Medina, chefe da equipe jurídica da campanha do governador Marconi Perillo (PSDB). A chapa irá apresentar recursos individuais e um coletivo. Os candidatos já estão, inclusive, assinando as procurações. É certo que os presidentes de partido estão animados com a possibilidade e já se reuniram com uma equipe jurídica e com o juiz.
Foram muitos os candidatos a desistir de disputar eleições neste ano. Em grande parte, candidatos a deputado estadual e federal. Os motivos são vários e variam com os planos de cada um, mas há um ponto em comum: a tabela de apoios. Segundo consta, as lideranças têm cobrado dos candidatos certos valores para apoiar ou não suas candidaturas. E os valores foram até, informalmente, tabelados. A tabela informada ao Jornal Opção por um candidato é a seguinte, em valores mínimos: R$ 20 mil por prefeitos; R$ 7 mil por vereadores; R$ 3 mil por lideranças (presidentes de associação de bairros, titulares de conselhos tutelares, etc.); e R$ 1 mil por cabos eleitorais diversos. É claro que nem todos os prefeitos, vereadores, líderes de entidades ou pessoas sem cargos entraram no comércio de apoios. Mas o número é expressivo, apontam alguns dos candidatos desistentes. Tudo isso gera o aumento do valor das campanhas e certo desespero por parte de neófitos, que não têm dinheiro ou estrutura partidária para fazer suas campanhas.

[caption id="attachment_11014" align="alignright" width="620"] É pouco provável que o escritor russo Fiódor Dostoiévski tenha imaginado que sua personagem se atrelaria à figura de Iris Rezende[/caption]
Após uma noite de sono agitado, Raskólnikov procura freneticamente em suas roupas por vestígios de sangue. Havia matado alguém na noite anterior. Em um bolso descobre os itens penhorados que ele roubou e tenta escondê-los. Imagina que seu julgamento está escapando dele. “Isso pode ser o castigo já começando? Certamente, é”, exclama a si mesmo.
O trecho acima compõe a mais que famosa história de Raskólnikov, narrada com maestria pelo escritor russo Fiódor Dostoiévski em “Crime e Castigo”. E ela tem uma característica em particular: a mania de perseguição da personagem principal. O protagonista do romance, após matar duas mulheres, vive atormentado por uma paranoia sem fim, o que acaba lhe denunciando.
E nesse ponto, é possível dizer que há também um Raskólnikov no Cerrado goiano. Não por ter matado alguém. Longe disso. Mas pela “mania de perseguição” que lhe assemelha ao herói da literatura russa. Ao dizer que a presidente Dilma Rousseff (PT) “encheu o Marconi [Perillo (PSDB)] com dinheiro, e deixou o [prefeito de Goiânia] Paulo Garcia sofrendo sozinho”, Iris Rezende (PMDB) assustou algumas pessoas.
Isso porque a presidente é aliada — ou ao menos deveria ser — de seu partido. Assim, a tal “mania de perseguição” repercutiu não apenas entre os aliados — há um acordo pré-firmado de que PMDB e PT estarão juntos no segundo turno das eleições, caso haja um —, como nos próprios membros do partido. Tanto que o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, saiu em defesa da presidente, afirmando que ela “tem sido correta com Goiás”.
Contudo, é necessário dar um desconto a Iris. O momento eleitoral é, de fato, tenso. Pode ter sido um rompante momentâneo, quem sabe. É provável que depois ele se lembre dos convênios assinados entre governo federal e municipal e que somam mais de R$ 300 milhões. Todos na área de mobilidade urbana. Assim, será possível que haja alguma reflexão quanto à “teoria da conspiração” suscitada pela fala — e que, para uma mente criativa, pode ser muito mais profunda.
Mas voltemos a Raskólnikov, o russo: no fim do romance, ele alcança a redenção. Na Sibéria, mas alcança. Olha aí.

[caption id="attachment_10217" align="alignright" width="620"] Frederico Jayme retribui críticas a um membro irista do PMDB, mas deixa suspense sobre a identidade do atingido | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]O bate e rebate entre Frederico Jayme e seu partido, o PMDB, não acaba. Mais especificamente, o debate com Iris Rezende. Acontece que Iris resolveu disparar contra todos na última semana. E se sobrou até para os aliados, quem dirá para Jayme. Iris apareceu perguntando a jornalistas quem era Frederico Jayme. Disse que não o conhecia.
O ex-deputado, por sua vez, respondeu a Iris que irá lhe lembrar quem ele é: um dos fundadores do PMDB, que deixou o partido para assumir cadeira no TCE, órgão que presidiu, e voltou ao partido, quando se aposentou do TCE, a pedido do próprio Iris e do agora prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela. Mas Jayme não tem sofrido ataques apenas de Iris.
Chegaram a apresentar seu processo de expulsão do PMDB. Como dizem na linguagem coloquial, “não vingou”. E, assim, Jayme resolveu falar sobre outro peemedebista que o chamou de sem caráter: “Tenho tanto caráter que me indigno com homem que molesta mulher casada, apanha na cara, chora e não reage”. Quem será?

[caption id="attachment_11010" align="alignright" width="620"] Paulo Garcia Legenda – Prefeito Paulo Garcia é pivô de debate, que não é feito sem os devidos cuidados | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
Muito se fala sobre qual será a influência da administração do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), nas eleições deste ano. As análises políticas dão conta de que o momento ruim vivido pela gestão de Goiânia será determinante na disputa pelo Palácio das Esmeraldas. Essa linha de pensamento, de fato, faz sentido, uma vez que a capital goiana é reduto eleitoral de seu ex-prefeito Iris Rezende (PMDB), padrinho político de Paulo Garcia.
Em contrapartida, a cidade onde o governador Marconi Perillo (PSDB) tem maior rejeição é justamente Goiânia. Assim, os problemas vividos na cidade poderiam afetar de maneira substancial a votação ao governo, se o eleitor atribuir a imagem de Paulo Garcia a Iris, o que atrelaria os problemas da capital à candidatura do peemedebista. A questão é: “se.” Não há dúvidas de que a influência dos problemas de Goiânia é negativa para Iris Rezende, mas não apenas para ele: Antônio Gomide, por ser petista, também leva um pouco da má imagem.
Contudo, a discussão central aqui deve ser feita em torno do fator “consciência do eleitor”.
Essa consciência deve ser relativizada, uma vez que não existe uma consciência tão apurada por parte do eleitor capaz de fazer essas ligações de modo tão intrincado. Existe, por exemplo, um porcentual certo de pessoas que votam em Iris Rezende. Esse porcentual pode variar um pouco, mas existe. O mesmo ocorre com o Marconi, pois são lideranças consolidadas, além de estarem vinculados a partidos com grande expressão. Ou seja, eles têm um eleitorado constante.
Dessa forma, a disputa é pelos votos dos indecisos, que são muitos. E quem poderia capitalizar esse voto seria Vanderlan Cardoso (PSB) e o próprio Marconi, muito mais conhecidos na capital que Gomide. Contudo, nesse caso, Marconi leva vantagem, mesmo tendo um nível considerável de rejeição. Isso acontece porque ele está no poder e, ao contrário dos outros candidatos, esteve em campanha o tempo todo. Tem obras e ações para mostrar.
Por outro lado, ainda há tempo para a recuperação, pelo menos parcial, da imagem de Paulo Garcia. E se isso ocorresse, o que mudaria? Nada. Como bem ressalta o cientista político e professor Silvio Costa, as questões eleitorais serão definidas ao longo da campanha, que está apenas no início.
A recuperação da imagem do prefeito, de certo, não beneficia a Marconi, mas também não atrapalha, uma vez que o governador, se crescer mais na capital, deverá fazê-lo junto aos eleitores sem posição tomada por enquanto. E esses eleitores, provavelmente, não farão ligações tão complexas em relação às alianças políticas.
Portanto, o prefeito Paulo Garcia poderá, sim, ser relevante nas eleições, mas não determinante, como se tem colocado. Tanto é que ele tem se abstraído das questões eleitorais e focado naquilo que mais lhe interessa: a gestão de Goiânia.

[caption id="attachment_10990" align="alignleft" width="300"] Antônio Faleiros: “Depois da saúde, minha bandeira no Congresso será a reforma política” | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
Eleição para deputado federal demanda altos investimentos, pois é necessário aglutinar muito apoio e formar bases pelo Estado. Isso é sabido. Porém, as bandeiras representadas pelos candidatos também são de suma importância. E é nesse ponto que um dos favoritos da base para a Câmara Federal, o ex-secretário de Saúde Antônio Faleiros (PSDB) tem apostado. Faleiros diz que as eleições atualmente têm um defeito: “profissionalizou-se a campanha, mas não a política.”
Segundo ele, são poucos a dispensar apoio por puro entrosamento com as bandeiras levantadas pelo candidato. “Hoje, qualquer pessoa que tenha algum tipo de liderança só quer te apoiar se for para ganhar algo em troca. Assim, eu não quero. Por isso que, quando eleito, minha principal causa depois da saúde, será a reforma política”, diz.
Faleiros está concentrando sua campanha principalmente em Goiânia, onde é mais conhecido, mas passará a dispensar algum tempo no interior também a partir de agosto. Com o apoio dos servidores da saúde, médicos, da Igreja Católica e de segmentos evangélicos e de militares, o ex-secretário tem a expectativa de conquistar 100 mil votos, o que é o suficiente para que ele se eleja, mesmo estando no chapão.
Aguimar Jesuíno (PSB), candidato ao Senado na chapa do também pessebista Vanderlan Cardoso, tem participado de viajado bastante nos últimos dias devido à campanha. E ele atesta: a população tem demonstrado muito frieza em relação à política e aos políticos. “A população está insatisfeita com a política de modo geral. E não é efeito da Copa. Isso vem de antes. Veja as manifestações do ano passado”, declara. E Aguimar afirma que essa insatisfação não é apenas da população, mas dele também. “Sou o único candidato a senador que pode fazer o discurso das reformas, pois sou o único, entre os grandes partidos, que nunca tive mandato no Congresso Nacional”, afirma se referindo a Vilmar Rocha (PSD), Ronaldo Caiado (DEM) e Marina Sant’Anna (PT). “Não tenho tempo de TV, nem sou tão conhecido da população quanto os outros, mas tenho discurso e falarei em nome da insatisfação do povo no horário eleitoral”, diz o senatoriável. O que pode ajudar Aguimar é a grande quantidade de indecisos. A última pesquisa Fortiori, por exemplo, mostrou que 80% do eleitorado não sabe em quem votar para senador.
Um dos coordenadores da campanha de Iris Rezende ao governo, Barbosa Neto tem evitado falar sobre divisão de partido ou mesmo a respeito do grande número de prefeitos peemedebistas que não apoiarão a candidatura de Iris em virtude de outros candidatos. Para ele, ninguém perdeu mais apoio do que o governador Marconi Perillo (PSDB). “O governador perdeu o líder nacional do DEM, Ronaldo Caiado, e o deputado federal Armando Vergílio (SD). O que fará o PMDB crescer é a falta de planejamento do governo atual. Apoios são questões menores”, diz. Para ele, o verdadeiro debate não são os apoios que cada um tem, mas a atual situação que o Estado vive, citando, entre outros temas, o imbróglio da Celg. “Esse é o debate. Porém, estão desvirtuando-o a todo o momento. Mas não deixaremos”, declara Barbosa.
Durante o primeiro mandato do presidente Lula, o PT era considerado um dos partidos mais queridos do país. Mas depois das sucessivas crises tanto no cenário nacional quanto nos Estados, o partido já não é tão bem visto assim. No DF, por exemplo, o governador Agnelo Queiroz tem uma rejeição de quase 70%. Isso, somado aos quase 30% de rejeição da presidente Dilma. É muita rejeição para um partido só. Tanto é que em Brasília materiais de campanha de candidatos petistas, como placas e panfletos, tem sofrido ataques de vandalismo. Por isso, o PT de Brasília tem pensado em variar um pouco suas cores nesta campanha. Em vez de usar o famoso “vermelho PT”, o partido quer usar mais o amarelo ou tons pastel. Será que cola?