Bastidores

Na semana passada, o Jornal Opção conversou com oito petistas, de várias tendências. Todos admitem que o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, do PT, é bem intencionado, mas não tem uma imagem de gestor eficiente. Os petistas frisam que não vão assistir de camarote o possível fracasso do correligionário. Porque seu fracasso vai gerar prejuízo eleitoral para todos os integrantes da legenda, não apenas para o prefeito. O partido, com o desgaste de Goiânia, tende a ficar menor. A escassa intenção de voto em Antônio Gomide é atribuída à má imagem de Paulo Garcia, pois as notícias da capital repercutem em todo o Estado.
Os petistas pretendem organizar um movimento, depois das eleições, com a missão de salvar a gestão de Paulo Garcia e de torná-la mais petista e, sobretudo, mais arrojada e criativa. A tese é: “Mais PT e menos PMDB na prefeitura”.

[caption id="attachment_12364" align="alignright" width="300"] Vanderlan Cardoso: no palanque de Marconi Perillo? É possível[/caption]
A hipótese de segundo turno em Goiás e no Brasil pode provocar uma reviravolta no quadro de alianças.
Se o segundo turno for entre Vanderlan Cardoso, do PSB, e Marconi Perillo, do PSDB, o PT vai ficar neutro? Pode ser que não. Vanderlan estará no palanque de Marina Silva, portanto contra o PT. Agora, se Marconi optar por apoiar Dilma Rousseff, a situação fica complicada para o PT goiano. A presidente poderá pressionar por uma composição local entre petismo e tucanato.
Agora, se o segundo turno for entre Marconi e Iris Rezende — hipótese mais plausível do que Vanderlan no segundo turno —, o PT fica com o segundo para puxá-lo para apoiar Dilma. Aí, Vanderlan não terá como subir no palanque de Iris e terá de buscar o apoio do tucano-chefe para Marina Silva.
Noutras palavras, o quadro é confortável para Marconi e pouco favorável às oposições. O tucano tanto pode ganhar no primeiro turno, se crescer um pouco mais em Goiânia e Anápolis, quanto, se houver segundo turno, conquistar aliados que, de imprevisíveis, se tornariam previsíveis.
A campanha do candidato do PMDB a governador de Goiás, Iris Rezende, está tão sem dinheiro que o comando — leia-se Mauro Miranda, Sandro Mabel e Barbosa Neto (o mais pão duro) — tem de pôr a mão no bolso, toda semana, e assumir alguns dos compromissos financeiros. Sim, eles estão colocando dinheiro pessoal na campanha. O trio citado e mais alguns políticos sabem que, se a campanha for derrotada, vão perder o dinheiro investido. Miranda, Barbosa e Mabel sabem que Iris Rezende tem uma cascavel no bolso e não se preocupa em pagar as dívidas de campanha, deixando os pepinos para o PMDB.
Candidato a deputado federal, Daniel Vilela espera obter pelo menos 50 mil votos em Aparecida de Goiânia. Ele quer ser o mais bem votado do PMDB e de sua coligação para cacifar-se para a disputa do governo de Goiás em 2018. No PMDB, há uma torcida generalizada, até mesmo entre alguns iristas, para que Daniel Vilela tenha mais votos do que Iris Araújo.
O governador Marconi Perillo convocou seus principais aliados, aqueles que participam de uma espécie de “conselho de guerra”, e disse que é possível ganhar no primeiro turno. O que se precisa é de um pouco mais de empenho, sobretudo nas cidades maiores e nas de médio porte. As forças-tarefas, divididas em quatro, vão atuar com rigor, todos os dias, sem descanso, para evitar que se leve a disputa para o segundo turno. Ainda assim, o tucano-chefe tem sugerido que o segundo turno não é nenhum bicho papão. Marconi tem dito que a militância e a cúpula devem se preparar tanto para vencer no primeiro quanto no segundo turno.

O acidente que matou Eduardo Campos mandou Aécio Neves, do PSDB, para o Inferno, a presidente Dilma Rousseff, do PT, para o Purgatório e Marina Silva, do PSB, para o Paraíso. Não se trata de uma daquelas cartas espíritas que “apimentam” o jornalismo do além-túmulo do “Diário da Manhã”. Mas talvez seja possível invocar Dante Alighieri com sua “Divina Comédia”.
As pesquisas indicam que Marina Silva deve derrotar a presidente Dilma Rousseff no segundo turno. Mas a líder da Rede Sustentabilidade, nome que lembra mais blog do que partido político, vai enfrentar duas máquinas poderosas — a do PT e a do governo federal. Turbinadas durante quase 12 anos, as duas máquinas vão jogar pesado para tentar evitar a derrota da presidente.
Se eleita, Marina Silva terá uma dificuldade imensa para arrancar o PT dos poros do poder. O PT incrustou-se na máquina pública e dará um trabalho de Hércules ao próximo presidente.
Sabe-se que, aos 71 anos, Iris Araújo vai disputar, este ano, sua última eleição para deputada federal. Ela teve problemas pulmonares — motivados pelo ar condicionado e carpete do Congresso Nacional — e chegou a ser internada no Hospital Sírio-Libanês. Iris Araújo aprecia o Parlamento, mas percebe que está chegando a hora de se aposentar para se dedicar ao que mais gosta — culinária.
O deputado federal Sandro Mabel confidenciou a um peemedebista, todo faceiro, que fechou um acordo com o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela. Sandro Mabel será candidato a prefeito de Aparecida de Goiânia, em 2016, com o apoio de Maguito. Em algumas cidades, o peemedebista está apoiando Daniel Vilela para deputado federal. Noutros municípios, o empresário precocemente aposentado arma palanque para Alexandre Baldy, candidato a deputado federal pelo PSDB.
Quando tudo parecia perdido, a cúpula do PT, que não morre de amores pela presidente Dilma Rousseff, cogitou trocá-la pelo ex-presidente Lula da Silva. Avaliou-se que o ex-presidente seria o único capaz de derrotar o fenômeno Marina Silva, tão teflon quanto o ex-sindicalista.
Lula, que nada tem de bobo, teria encomendado uma pesquisa e teria ficado estupefato com o resultado. Nem mesmo ele, ao menos no momento, tem condições de derrotar Marina Silva. O eleitorado quer retirar o PT do poder — o problema nem é com a presidente Dilma. O motivo? Dois, ao menos. Primeiro, a crise da economia. A classe média está consumindo menos e avalia que chegou a hora de mudar. Segundo, o eleitorado avalia que, no poder, o PT se corrompeu e, por isso, pretende trocá-lo por uma política que acredita decente.
Como os números raramente “mentem”, o petismo, ou o Lulopetismo, decidiu permanecer apoiando Dilma Rousseff, resguardando Lula para a disputa de 2018.
Piada contada por peemedebistas jovens: “Se Iris Rezende for eleito, Lázaro Barbosa será indicado para o cargo de secretário da Juventude”. O ex-senador tem 76 anos. Para os parâmetros do decano peemedebista, é até “muito jovem”. Lázaro Barbosa enfrenta a forte concorrência de Luiz Soyer, de 74 anos.
O ex-senador Demóstenes Torres conta que, quando surgiu o celular, era promotor de justiça em Anicuns. Certa dia, um homem simples liga no seu celular e diz: “Quero falar com o promotor ‘Demoste’”. Demóstenes Torres responde: “É o próprio”. O caipira não entende e diz: “Sr. Próprio, eu quero falar é com o promotor ‘Demoste’”.
Uma das surpresas das eleições para deputado estadual pode ser Eliane Pinheiro (PMN). Ela está forte em Goiânia e, sobretudo, em Anápolis. Eliane Pinheiro é articulada e respeitada no meio político.
Eurípedes Júnior trabalha, em tempo integral, com o objetivo de ser eleito deputado federal. Ele é o comandante nacional do PROS. Joga pesado e comporta-se como um político profissional. Em Brasília, o goiano Eurípedes Júnior surpreende pelo prestígio. Ele fala com a presidente Dilma Rousseff e entra e sai dos ministérios sem nenhuma cerimônia.
O PT continua trabalhando com a perspectiva de eleger dois deputados federais: Rubens Otoni e Olavo Noleto. Porém, se não apertar o pé e Antônio Gomide, candidato do PT a governador, definhar ainda mais, pode eleger apenas — Rubens.
O PT gostaria de eleger o ex-reitor da Universidade Federal de Goiás Edward Madureira. Mas, quando se conversa em off, os petistas dizem que será muito difícil elegê-lo para deputado federal. Edward Madureira é um político leve, competente e decente. Mas, segundo os petistas, não se “enraizou” na política de Goiás e nem mesmo na estrutura do PT.