Bastidores
É consenso entre todos os grupos políticos de Formosa: a gestão ruim e equivocada do prefeito Itamar Barreto, do PSD, contribui para eleger Ernesto Roller para deputado estadual. Mais: tende a eleger Roller para prefeito, em 2016. O peemedebista agradece, aos deuses da política, por ter um adversário como Barreto.
Conta-se que, quando discutia como o suíço Carl Gustav Jung, o pai da psicanálise, Sigmund Freud, às vezes desmaiava. Relata-se que, quando ouve o nome de Aécio Neves, porque este bate duro e está se tornando tão teflon quanto Lula da Silva, a presidente Dilma Rousseff assusta-se e passa mal, como no debate da semana passada. Dilma teria dito que não está acostumada a apanhar tanto. Nos quatro anos de seu governo, ela bateu duro em alguns ministros. Política decente, sem envolvimento pessoal em qualquer falcatrua, a presidente também lamenta o fato de que não pode pôr a boca no trombone no caso Petrobrás.
Se a presidente Dilma Rousseff for derrotada, é praticamente certo que o prefeito de Goianésia, Jalles Fontoura, vai tentar aproximar Edward Madureira, ex-reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG) e um gestor de primeira grandeza, do governador Marconi Perillo. Por ser professor, e sobretudo por ter sido reitor, Edward terá facilidade para lidar com os professores do Estado. Por enquanto, a única rival de Edward é a professora Raquel Teixeira, que foi uma das mais qualificadas secretárias da Educação da história de Goiás.
Não se comenta outra coisa na Câmara de Vereadores da capital: se o governador Marconi Perillo for reeleito e se Aécio Neves for eleito presidente, o prefeito de Goiânia pode sofrer impeachment em 2015. Mas por que impeachment se Paulo Garcia foi eleito pelo voto e, até onde se sabe, faz um governo com dificuldades mas honesto?
Petistas têm notado que o candidato do PMDB a governador de Goiás, Iris Rezende, está fazendo o possível para descolar sua imagem da do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia. Eles estão achando muito estranho, pois o prefeito petista tem uma adoração quase religiosa pelo peemedebista-chefe. Em debate recente, quando o tucano-chefe Marconi Perillo apontou a conexão de Iris com Paulo Garcia, Iris foi brusco e não aceitou a associação. O irismo acha que Paulo Garcia, com uma gestão mal avaliada, contribuiu para a queda da popularidade de Iris Rezende em Goiânia.
Daniel Messac, Victor Priori, Henrique César, Waguinho Siqueira, Marcos Martins, Carlos Leréia, Sônia Chaves e o pastor Jeferson Rodrigues tiveram mais votos do que o Major Araújo

[Heuler Cruvinel, do PSD, deputado federal reeleito, é cotado para a Secretaria da Agricultura]
O governador de Goiás, Marconi Perillo, favorito para a disputa no segundo turno, não quer saber de salto alto e de discutir secretariado (com agências) agora. Mas o mercado persa da política já começa a discutir os possíveis secretários do quarto governo do tucano chefe. A seguir, uma lista mínima dos mais cotados, na avaliação de deputados, deputados eleitos e secretários.
O leitor não deve estranhar se o nome de uma pessoa aparecer em dois lugares. Significa que é cotada para um lugar ou outro. É o caso de José Taveira, que está bem na Secretaria da Fazenda, mas pode ir para a Secretaria de Saúde.
Thiago Peixoto fez um trabalho de qualidade na Secretaria da Educação, mas saiu com desgaste político. Raquel Teixeira, que decidiu não disputar mais mandato, é o nome mais cotado. O nome de Henrique Tibúrcio está em alta.
[Henrique Tibúrcio: o presidente da OAB é cotado para a Secretaria de Segurança Pública]
Listão dos cotados para o primeiro escalão do governo Marconi Perillo entre 2015-1018
1 — Fazenda — José Paulo Loureiro e José Taveira
2 — Saúde — José Taveira, Antônio Faleiros e Cristina Lopes
3 — Segurança Pública — Joaquim Mesquita (o governador aprecia seu trabalho), Henrique Tibúrcio (irá para o primeiro escalão, falta definir o cargo) e Waldir Soares
4 — Educação — Raquel Teixeira
5 — Seplan — Thiago Peixoto ou Igor Montenegro
6 — Gestão (que pode ser desmembrada da Segplan) — Igor Montenegro e Marcos Abrão
7 — Governo — Vilmar Rocha, Jayme Rincon e Virmondes Cruvinel Filho.
8 — Agecom — Orion Andrade (o mais cotado) e Sandes Júnior
9 — Agetop — Jayme Rincon
10 — Agricultura — Heuler Cruvinel (favorito) e José Mário Schreiner
11 — Meio Ambiente — Leonardo Vilela (cotado para o TCM) e Jaqueline Vieira.
12 — Detran — João Furtado.
13 — Cidadania e Trabalho —Flávia Morais, Virmondes Cruvinel Filho e Henrique Arantes.
14 — Juventude — Rodrigo Zani.
15 — Cultura — Aguinaldo Coelho, Nasr Chaul, Décio Coutinho.
16 — Saneago — Júlio Vaz
17 — Casa Civil — Joaquim Mesquita e Henrique Tibúrcio

[caption id="attachment_17902" align="alignleft" width="620"] Iris Rezende e Paulo Garcia: o segundo patrocina a campanha do primeiro com garra e dedicação quase filial. O petista é um “grande” cabo eleitoral | Fotos: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
A tese hegemônica na condução da campanha do PMDB é de Iris Rezende e de Jorcelino Braga (PRP), a eminência parda do marketing do peemedebista-chefe. Iris e Braga se entendem por música. Um irista diz que Braga e o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), são tratados como filhos pelo encanecido político. Iris e Braga concluíram que só há uma maneira de “desidratar” e, portanto, reduzir o favoritismo do governador Marconi Perillo (PSDB). Eles decidiram que vão trabalhar na desconstrução da imagem do governador como gestor, político e indivíduo. “Nós vamos para o tudo ou nada e vamos ‘bater’ sem dó nem piedade em Marconi. Nós só fomos para o segundo turno porque ‘atacamos’ o governador com firmeza. Vamos continuar assim até o fim dos programas na televisão. Como falta dinheiro à campanha, vamos concentrar energia e recursos financeiros nos programas de tevê”, afirma um irista de quatro costados. “Nós vamos também ‘credenciar’ Iris. Estamos dizendo que ele foi ministro duas vezes, ou seja, é um político de estatura nacional. O eleitor goiano respeita quem consolida-se na política nacional.”
O peemedebista afirma que, no primeiro turno, Iris estava profundamente irritado e, assim, ouvia pouco seus aliados. “Chegamos a pensar que estava paranoico. Ele via um ‘espião’ de Marconi em cada esquina, mas, no segundo turno, relaxou e está ouvindo mais. Com a criação do Conselho Político de Avaliação, Iris decidiu escutar mais. Estão no conselho Ronaldo Caiado, Armando Vergílio, Maguito Vilela, Daniel Vilela, Jorcelino Braga, Paulo Garcia, Antônio Gomide, Samuel Belchior, Barbosa Neto e Agenor Mariano.”
As reuniões têm sido consideradas positivas por peemedebistas e aliados. “Das conversas e do novo planejamento saem ideias para os programas eleitorais. Não resta dúvida de que os programas estão melhores e menos engessados. Iris está mais descontraído e menos burocrático.”
Um segundo irista ouvido pelo Jornal Opção se diz realista: “É praticamente impossível derrotar o governador Marconi Perillo, dados a estrutura de campanha que montou e seu enraizamento em todo o Estado. Mas eu disse ‘praticamente”, não sublinhei que é impossível. Com um marketing guerrilheiro, sem os recursos técnicos da campanha do adversário, talvez seja possível fazer com que o eleitorado preste mais atenção nos nossos programas. Nosso objetivo é, colocando Marconi na defensiva, contribuir para aumentar sua rejeição e, deste modo, reduzir sua intenção de voto”.
O peemedebista afirma que Marconi é hábil e explora as brechas dos programas de Iris. “Mas nós vamos trabalhar, com precisão cirúrgica, para aumentar seu desgaste. Vamos atacá-lo em vários flancos, solapando suas defesas. Se não responder nossas críticas, elas podem ‘pegar’. Se responder, estará dentro de nosso jogo.” Ele sugere que o irismo quer retirar o tucano-chefe de sua zona de conforto. “Queremos puxá-lo para o nosso terreno, para a nossa guerra.”
O irista destaca que, com perspicácia, Marconi tem “fugido” da guerra, para não se “contaminar” com as bombas espalhadas pela campanha do PMDB. “Mas ele terá de entrar no jogo. As primeiras pesquisas devem mostrá-lo liderando, mas não muito, quem sabe com 14% ou 15% de frente, uma diferença que, embora pareça, não é intransponível.”

[caption id="attachment_17899" align="alignleft" width="620"] Iris e seus aliados sabiam, desde o início, que se tratava de outro Jaime. O objetivo era, atingindo Jayme Rincon (foto), agredir Marconi Perillo | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
O candidato a governador de Goiás pelo PMDB, Iris Rezende, tem uma história de seriedade. Porém, com receio de perder a eleição para o governador Marconi Perillo, do PSDB, o peemedebista-chefe parece ter perdido o equilíbrio e cedido aos caprichos de uma mente sórdida e destemperada que, no segundo turno, foi acoplada ao seu marketing eleitoral. No primeiro turno, ao saber que uma gravação era falsa, por não envolver Jayme Rincon, e sim Jaime Ferreira, o candidato do PSB, Vanderlan Cardoso, não quis usá-la. Iris, pelo contrário, sem fazer nenhuma checagem, mandou pôr a gravação no ar.
Na gravação, Wladmir Garcêz e Jaime Ferreira aparecem discutindo sobre o valor de pesquisas, em 2011. Ao levar a gravação ao ar, o programa de Iris frisa que se trata do presidente da Agetop, Jayme Rincon. Na verdade, Iris e seus aliados sabiam, desde o início, que se tratava de outro Jaime. O objetivo era, atingindo Jayme Rincon, mais uma vez agredir Marconi. Uma bola fora.
O tiro de Iris pode ter saído pela culatra. Primeiro, porque provavelmente terá de abrir seu programa para Jayme Rincon se defender. Segundo, numa nota enviada à imprensa, Wladmir Garcêz assegura que a conversa de 2011 tinha a ver com um projeto autorizado exatamente por Iris Rezende, e até sem “a observância do que prevê a lei de licitações”. Portanto, frisa Garcêz, “se malfeito havia, este estava sendo tramado pelo candidato Iris Rezende ou por seus prepostos”.
Iris não é um político sórdido. Por isso não deve permitir que um marqueteiro inescrupuloso o use para destilar seu ódio contra Marconi, Jayme Rincon e outras pessoas. Consta que um dos marqueteiros da campanha de Iris não concordou com o uso da gravação, por saber que se tratava de uma farsa, mas venceu o marqueteiro do ódio e a gula de Iris pelo poder.

[caption id="attachment_17896" align="alignleft" width="620"] Misael Oliveira: Marconi merece continuar modernizando Goiás | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
A parte política do grupo de Vanderlan Cardoso, do PSB, optou por apoiar a reeleição do governador Marconi Perillo. Entenda-se por “parte política” aqueles que têm votos e, portanto, experiência eleitoral. São os casos do prefeito de Senador Canedo, Misael Oliveira (PDT), e do presidente do PSC, Joaquim Liminha.
Misael Oliveira, que faz uma gestão aprovada em Senador Canedo, e Joaquim Liminha, ex-presidente da Câmara Municipal de Anápolis, são os principais aliados políticos de Vanderlan Cardoso. E os dois dizem que o tucano-chefe é o nome apropriado para ampliar a modernização da economia de Goiás.
O candidato do PMDB, Iris Rezende, ficou com o apoio tão-somente de Jorcelino Braga, que, embora presidindo o PRP, é mais marqueteiro do que político. Braga nunca disputou eleição e, pressionado por Vanderlan no pleito deste ano, caiu fora, alegando que não era político.
Com Vanderlan apoiando Marconi indiretamente, por meio de seus aliados mais próximos, a situação de Iris Rezende piora na Grande Goiânia. Em Senador Canedo, acredita-se que, com o apoio de Misael Oliveira, Alsueres Mariano (PSB) e Joaquim Liminha, o tucano-chefe deve receber cerca de 80% dos votos. É a estimativa dos vanderlanistas.
A irmã de Vanderlan, Ivanilda Cardoso, também aderiu à campanha de Marconi.

[caption id="attachment_17892" align="alignleft" width="620"] Jayme Rincon, Vanderlan Cardoso, Humberto Aidar e Sandro Mabel: nomes de peso para a disputa da Prefeitura de Goiânia em 2016 | Fotos: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
A dois amigos íntimos, o reservado Vanderlan Cardoso confidenciou que planeja mesmo disputar a Prefeitura de Goiânia em 2016. “Vanderlan decidiu não apoiar Marconi Perillo ou Iris Rezende para governador, no segundo turno, porque pretende ser candidato a prefeito da capital no próximo pleito”, afirma um de seus aliados.
Vanderlan raciocinou da seguinte forma: em 2016, mais uma vez, o irismo e o marconismo vão terçar forças em Goiânia. Iris, se derrotado para o governo, pode disputar a prefeitura, para tentar manter o controle do PMDB, ou pode apoiar Agenor Mariano ou Sandro Mabel. O tucano-chefe tende a bancar o presidente da Agetop, Jayme Rincon.
Permanecendo independente, Vanderlan credencia-se como um candidato forte. Pesquisas qualitativas comprovam que o líder do PSB é “pequeno para Goiás”, por não ter apoio de líderes consistentes, mas tem o “tamanho” adequado para Goiânia.
O principal adversário de Vanderlan deve ser Jayme Rincon, credenciado pela quantidade e pela qualidade das obras que executou no Estado e em Goiânia.
O PT, se quiser manter certa independência em relação ao prefeito Paulo Garcia, tende a lançar o deputado estadual Humberto Aidar, do grupo do deputado federal Rubens Otoni e do ex-prefeito de Anápolis Antônio Gomide. Porém, o paulo-garcismo pode endurecer e bancar Adriana Accorsi para prefeita.
O deputado federal Daniel Vilela não entende o empenho do senador eleito Ronaldo Caiado em lançá-lo para prefeito de Goiânia. Um de seus principais conselheiros contra-ataca: “Caiado é um dos melhores nomes do irismo para prefeito da capital. Iris não teria como barrá-lo, até porque teme sua língua viperina. Na verdade, assim como Caiado, Daniel quer disputar o governo de Goiás em 2018”.
O peemedebista Sandro Mabel espalha, nos bastidores, que, para apoiar Iris Rezende — inclusive comprometendo-se a pagar parte do marketing de sua campanha —, conseguiu o compromisso de que ele o “apoiará” para prefeito de Goiânia. Henrique Meirelles, Vanderlan e Júnior Friboi decerto já começaram a rir.

[caption id="attachment_17890" align="alignleft" width="300"] Carmem (à esquerda) ao lado da esposa de Iris Rezende, Iris de Araújo[/caption]
A empresária Carmem Sílvia Oliveira, ex-mulher do prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, desfiliou-se do PMDB, na semana passada, e anunciou apoio à candidatura de Marconi Perillo (PSDB) ao governo de Goiás. Mesmo com escassa estrutura de campanha, aparentemente sabotada pela cúpula do PMDB, Carmem Sílvia conseguiu obter quase 5 mil votos.
O prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, havia se imposto uma missão: transformar seu filho, Daniel Vilela, o golden boy do PMDB, no deputado federal mais votado do pleito deste ano. Só não conseguiu devido ao fenômeno Waldir Soares, que obteve quase 300 mil votos. Embora seja discreto e pouco dado a enfrentamentos, Maguito planejava mostrar ao casal Iris Rezende e Iris Araújo que ele e o filho têm luz própria. Com os quase 200 mil votos recebidos pelo jovem parlamentar, fica evidenciado que, sim, os dois são, hoje, mais sólidos politicamente do que o casal retrô. Além de fragilizado eleitoralmente, a dupla Rezende-Araújo não tem a humildade de Maguito e Daniel. Maguito prepara Daniel para voos mais altos, como a Prefeitura de Goiânia e, sobretudo, o governo de Goiás.
Integrante do governo da presidente Dilma Rousseff, prestigiado pela cúpula nacional do PMDB e do Pros, o ex-deputado federal Marcelo Melo, do PMDB, deve disputar a Prefeitura de Luziânia, em 2016. O fato novo fica por conta de seu principal apoiador. É quase certo que o deputado federal eleito Célio Silveira (PSDB) hipoteque apoio à candidatura de Marcelo Melo. Considerado imbatível, tanto por suas qualidades pessoais — é integro e competente — quanto pela capacidade de articular e agregar, Marcelo Melo é favoritíssimo. Além disso, conta com um “cabo” eleitoral: a gestão abaixo da crítica do prefeito Cristóvão Tormin, que os adversários chamam de “Vão Dormin”.

[caption id="attachment_17885" align="alignleft" width="198"] Dirigente do PHS, Eduardo Machado[/caption]
O PHS, partido presidido pelo goiano Eduardo Machado, elegeu 5 deputados federais. Eles são do Paraná, de Minas Gerais, de Pernambucano, do Ceará e de Roraima. Antes, não tinha nenhum. Agora, o partido tem 11 deputados estaduais no Brasil, antes tinha três. “Em Goiás, não tínhamos nenhum deputado estadual e nas eleições deste ano elegemos 2.”
“Os deputados estaduais do PHS de Goiás chegam fortes à Assembleia Legislativa. Chiquinho Oliveira, ligado ao governador Marconi Perillo, é cotado para presidir o poder”, afirma Eduardo Machado.