Bastidores
Ninguém entendeu os motivos de Iris Rezende ter preferido voltar para a fazenda, no Xingu, a ir ao velório do ex-prefeito de Goiânia, Darci Accorsi (PT), que morreu, na semana passada, aos 69 anos. Um peemedebista histórico apresentou uma explicação: “Iris Rezende possivelmente acredita que terá de enfrentar Adriana Accorsi na disputa pela Prefeitura de Goiânia, em 2016. Portanto, já a considera como adversária”. Ocorre que Iris, nestes casos, é sempre um homem elegante e cortês.
Friboi permanece acreditando que, em 2018, terá o apoio do PMDB e do PSDB do governador Marconi Perillo para disputar o governo. Sonho? Fantasia? Talvez ingenuidade de quem é novo no meio político.
Em Valparaíso, Lêda Borges (PSDB), que se elegeu deputada estadual este ano, vai disputar a prefeitura contra a prefeita Lucimar Nascimento (PT). Lêda Borges tem o apoio da senadora Lúcia Vânia e do deputado federal eleito Célio Silveira. Lucimar Nascimento enfrenta um problema. Ela terá a força da máquina, mas, além do desgaste de uma gestão pouco renovadora e criativa, não terá mais o apoio de Agnelo Queiroz, que, em 2016, não estará mais no governo do Distrito Federal.
Não deixa de ser curioso ou sintomático: o PT do Entorno do DF não elegeu nenhum deputado, estadual ou federal, em 2014. Mostrou fraqueza eleitoral. O Professor Silvano (7.095), Hugo Bites (1.851) e Cassiana Tormin (14.171) não obtiveram, somados, o número de votos de Lêda Borges (32.217).
O prefeito de Cristalina, Luiz Carlos Attié, vai tão mal que não está conseguindo articular um sucessor da cidade. Tanto que está tentando buscar um político de Luziânia para disputar a prefeitura, em 2016. Recém-eleito deputado estadual, Diego Sorgatto (PSD) terá dificuldade para explicar ao eleitor de Cristalina porque, sendo de Luziânia, quer disputar mandato noutra cidade. Ele pode alegar que seu pai tem negócios na região. Mesmo assim, é inexplicável e, até, indefensável. Daniel do Sindicato (PSL) não foi eleito deputado estadual, mas em Cristalina teve mais votos do que Diego Sorgatto, que fez uma campanha com muito mais estrutura e o apoio da máquina da prefeitura.
Em Novo Gama, Sônia Chaves, do PSDB, vai terçar forças contra o prefeito Everaldo do Detran (PSL). Sônia Chaves, a favorita, dado o desgaste do prefeito, brigou com Lêda Borges e aproximou-se do prefeito de Luziânia, Cristóvão Tormin (PSD).
A presidente Dilma Rousseff recuou de seu projeto inicial e indicou Nelson Barbosa para o Ministério do Planejamento e o “duro” Joaquim Levy (secretário do Tesouro do governo Lula) — defensor de um Estado mais enxuto — foi para o Ministério da Fazenda. Joaquim Levy é tido como um economista ortodoxo, pouco dado a firulas populistas. Mas é apontado como leal e cumpridor de ordens. Costuma ser rigoroso no ajuste das contas públicas e não teme cara feia.
[caption id="attachment_21259" align="alignright" width="300"]
Foto: Divulgação/ Facebook da senadora Kátia Abreu[/caption]
Kátia Abreu é goiana, mas é senadora pelo PMDB do Tocantins. Ela também é presidente da Confederação Nacional da Agricultura e vai ser anunciada como ministra da Agricultura do segundo governo da presidente Dilma Rousseff.
A senadora, reeleita no pleito deste ano, é uma das vozes mais autorizadas do setor rural no País.
A presidente Dilma Rousseff convocou o economista Nelson Barbosa para uma conversa em Brasília. A petista-chefe não quer conversa de que o ministro da Fazenda terá “autonomia” — o que queria Luiz Carlos Trabuco e Henrique Meirelles — para definir a política econômica, o que o tornaria uma espécie de primeiro-ministro. Ela não quer um novo Fernando Henrique Cardoso no governo. No governo de Itamar Franco, FHC assumiu o Ministério da Fazenda e se tornou, de pronto, “primeiro-ministro”, praticamente mandando na gestão. Dilma Rousseff quer um ministro forte, mas seguindo firmemente sua orientação. A presidente não quer o Estado a serviço do mercado financeiro. Quer manter o Estado como representante da sociedade, inclusive com amparo aos setores mais carentes. Se Nelson Barbosa aceitar a tese de que é preciso um Estado necessário, não um Estado mínimo, será indicado ministro da Fazenda. Nos bastidores, comenta-se que vai aceitar a incumbência, mas vai trabalhar por um Estado um pouco menor e menos dispendioso para a sociedade, mas sem contrariar as linhas básicas do pensamento de Dilma Rousseff. O foco de Nelson Barbosa, se assumir, será fortalecer o crescimento da economia, mas sem esquecer nas apostas do desenvolvimento.
O Paço Municipal abriu negociações com o mercado imobiliário para articular o projeto de expansão urbana da Capital. Com a provável aprovação da Planta de Valores e reajuste do IPTU e ITU de forma linear, que beneficia os gigantes do segmento imobiliário -- já que o aumento progressivo afetaria diretamente os empreendimentos com maior valor venal e, claro, os especuladores -- o tema voltou à pauta do Palácio das Campinas Venerando de Freitas. As informações são de uma fonte da Câmara Municipal. Segundo ela, o segredo sombrio por trás dos quase 60% de reajuste linear é o antigo desejo (e compromisso) do prefeito Paulo Garcia (PT) de aprovar uma nova expansão urbana -- a qual a cidade, definitivamente, não comporta. "O assunto é comentado com toda a liberdade na prefeitura", revelou. Paulo Garcia não teria encontrado, ainda, o momento certo para apresentar o projeto da expansão -- haja vista que 2014 foi um ano turbulento e marcado por insatisfação social para com a atual administração municipal --, mas que, agora com a Planta de Valores "bem encaminhada", já teria sido solicitado ao grupo dos grandes do mercado imobiliário que preparassem os detalhes da proposta -- leia-se, apresentassem seus ambiciosos interesses.
Após a prestação de contas do segundo quadrimestre do ano da Prefeitura de Goiânia, feita pelo prefeito Paulo Garcia (PT) nesta terça-feira (18/11), o vereador Pedro Azulão Jr. (PSB) disse em sessão na Câmara Municipal que foi "convencido" a votar contra o aumento do IPTU e ITU na capital. "Agora, que sei que a cidade está a mil maravilhas, não preciso votar a favor. Pra que aumentar?", cutucou. Em reunião na Comissão Mista, realizada na sala presidência da Casa, o petista apresentou balanço de contas, que havia sido adiado por duas vezes para "correção formal de dados". De acordo com Paulo Garcia, o Paço Municipal zerou há dois meses o déficit mensal de R$ 34 milhões.
[caption id="attachment_20737" align="alignleft" width="1158"]
Anselmo Pereira, Welington Peixoto e Carlos Soares estão no jogo para a presidência da Câmara Municipal[/caption]
O governador Marconi Perillo (PSDB), por enquanto, não articulou com possíveis candidatos a presidente da Câmara Municipal de Goiânia. Um de seus aliados tem conversado com alguns vereadores, mas não se trata de uma articulação, ao menos no momento, muito forte. Já o prefeito Paulo Garcia (PT), preocupado com a governabilidade, saiu a campo e está “negociando” direta e, por intermédio de alguns auxiliares, indiretamente.
No momento, o quadro é o seguinte: um possível candidato do paulo-garcismo conta com 15 vereadores, o que é insuficiente para eleger o presidente da Câmara. A oposição sugere que aglutina 13 vereadores, número também insuficiente para eleger o sucessor do peemedebista Clécio Alves. Para piorar, pelo menos um vereador, Tayrone di Martino, não está inteiramente “fechado” com a oposição. O chamado Bloco dos 7, com sete vereadores, é a chave da eleição. Se apoiar a oposição, esta ganha, saltando de 13 para 20 votos (ou 19, se confirmada a defecção de Tayrone di Martino). Se apoiar a situação, esta ganha — com 22 votos. Pertencem ao Bloco: Welington Peixoto, Rogério Cruz, Zander Fábio, Divino Rodrigues, Bernardo do Cais, Paulo Magalhães e Paulo da Farmácia.
O Bloco, aproveitando-se de sua força desequilibradora, pretende lançar um candidato a presidente, possivelmente Welington Peixoto, do Pros. Irmão do deputado Bruno Peixoto, do PMDB, Welington poderia obter o apoio deste partido. Bruno tem elogiado Iris Rezende para conquistar seu apoio para o irmão. O paulo-garcismo não tem resistência ao seu nome, poderia até apoiá-lo, mas aposta noutros dois caminhos. Um visto como “ótimo” e o outro como o “possível”.
O paulo-garcismo gostaria de ver Carlos Soares, irmão de Delúbio Soares, na presidência da Câmara. Porque, pertencendo à Articulação, é da estrita confiança do prefeito Paulo Garcia. “Carlos Soares é experiente e centrado”, afirma um integrante do Bloco. “Os sete do Bloco preferem apoiá-lo, se não conseguir bancar Welington Peixoto, a Clécio Alves e Célia Valadão, ambos do PMDB.”
O presidente da Câmara, Clécio Alves, está se movimentando. “Clécio Alves fala um português estropiado, mas é leal e defende o prefeito Paulo Garcia. Ele tem tutano”, afirma um paulo-garcista. “Mas tem alguma rejeição. Célia Valadão é considerada séria, mas sem energia para enfrentar uma casa que viverá, nos próximos dois anos, tempos quentes”, sugere o paulo-garcista. O PMDB tem cinco vereadores e, por isso, quer manter o controle da Casa.
Zander Fábio Alves da Costa (PSL) corre por fora, mas articula. Na semana passada, nas proximidades do Café Bandeira, no Setor Bueno, negociava uma aliança com Carlos Soares. “Eu te apoio e você me apoia” — a conversa teve mais ou menos este teor.
Um tucano “de todos os partidos e governos”, Anselmo Pereira, também é cotado. Dos oposicionistas, dado seu pragmatismo, o líder do PSDB é o único aceitável para Paulo Garcia.
[caption id="attachment_20728" align="alignleft" width="699"]
Marconi Perillo, governador, planeja buscar sucesso político
nacional por intermédio da excelência de gestão em Goiás | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
Na semana passada, o Jornal Opção perguntou a três pessoas do círculo íntimo do governador Marconi Perillo: “O que, de fato, pretende o tucano-chefe com a reforma administrativa?”
Um dos entrevistados, que exigiu “off 100%”, antes de analisar a reforma, disse: “O Marconi Perillo pós-eleição de 2014 não está preocupado com miudezas. Não quer resolver todos ‘os problemas’ de sua base política e não pretende se envolver em todas as disputas paroquiais. Está mais preocupado em fazer uma gestão eficiente, com resultados de qualidade, para se projetar em termos nacionais. Mesmo antes de concluir sua gestão, e já a partir de 2015, ele vai ter como uma de suas preocupações a inserção na política nacional, como um par do senador Aécio Neves, e não como um ator coadjuvante. Quer ser protagonista”.
Outro analista, ainda mais próximo de Marconi, afirma que ao antecipar sua reforma administrativa, extinguindo secretarias — serão apenas dez, possivelmente a menor e menos dispendiosa equipe do País —, o governador, além de chamar a atenção nacional, tende a influenciar outros governadores (é um exemplo até para Dilma Rousseff). “Quem não fizer o que Marconi fez não vai suportar as possíveis turbulências da economia em 2015. Alguns Estados, se atrasarem as reformas por falta de coragem e competência, poderão começar o ano com dificuldade até para pagar a olha do funcionalismo.”
O terceiro analista sustenta que Marconi, além de político racional, aprendeu que não se reorganiza a gestão de um Estado com “jogadas políticas” e “empurrando os problemas para debaixo do tapete”. “O Marconi de 2015 será gestor, até duro, como as reformas sinalizam. Mas também será político. Acredito, porém, que fará política mais no plano nacional e, em Goiás, funcionará mais o gestor. Porque o segredo de seu sucesso no País depende do sucesso administrativo no Estado.”
O último analista frisa que, nacionalmente, Marconi vai vender a excelência de sua gestão. “Porque almeja, num dia não muito distante, disputar a Presidência da República.”
[caption id="attachment_13827" align="alignleft" width="620"]
Waldir Soares: "O principal desafio do governador Marconi Perillo é a segurança pública Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
O deputado federal eleito Waldir Soares (PSDB) diz que se sente confortável para disputar pelo menos cinco prefeituras goianas: Goiânia, Aparecida de Goiânia, Trindade, Senador Canedo e Goianira. “Fui muito bem votado nas cinco cidades.”
Como o PSDB deve bancar Jayme Rincón para prefeito de Goiânia, em 2016, a tendência é que o delegado Waldir Soares seja candidato a prefeito de Aparecida.
“Na verdade, quero exercer o meu mandato de deputado federal. Mas admito que, como tenho cacife eleitoral, posso disputar alguma prefeitura. Eu tenho votos nas urnas e credibilidade pessoal e política.”
No momento, Waldir Soares está mais preocupado com a renovação dos diretórios do PSDB. “Não preciso ser presidente do partido, mas defendo que, além de contemplar os vitoriosos nas urnas, é preciso renová-los. Como parlamentar mais bem votado, quero participar deste processo.”
Sobre a permanência de Joaquim Mesquita na Secretaria de Segurança Pública, Waldir afirma que se trata de uma incógnita. “O fato é que o setor precisa avançar e a violência é crescente. Segurança pública é o maior desafio do governador Marconi Perillo.” O deputado João Campos pode substitur Mesquita? “Parece que não. Eu não quero o cargo, pois fui eleito para legislar.”
Um ex-prefeito de Goiânia disse para o Jornal Opção que, se PT e PMDB disputarem a eleição para a prefeitura da capital em campos opostos, “vão se tornar inhambu na capanga do PSDB de Jayme Rincón”. O político afirma que o PMDB e o PT têm nomes consistentes para a disputa. “O PMDB tem Daniel Vilela e Agenor Mariano e o PT tem Adriana Accorsi e Humberto Aidar. São quatro jovens de valor. O ideal é que a montagem da chapa tenha um titular do PT e um vice do PMDB ou vice-versa. Adriana Accorsi poderia ser vice de Agenor Mariano ou este poderia ser vice dela.” Com a reeleição do governador Marconi Perillo, sugere o ex-prefeito, o PSDB vai jogar pesado em Goiânia. “É melhor para o PT e para o PMDB que o prefeito seja de um dos partidos, mas não do PSDB.”
