Bastidores
Eleito deputado federal com uma votação extraordinária, Daniel Vilela é, hoje, a principal estrela do PMDB. Uma estrela em ascensão. Hábil nas negociações, considerado o político mais bonito de Goiás, bom de voto, apoiando por um grupo forte, Daniel Vilela (ou Leandro Vilela) deve ser eleito presidente do PMDB em dezembro e é cotado para disputar o governo em 2018. Enganam-se aqueles que acreditam que Daniel é apenas “o filho de Maguito Vilela” e um “rosto bonito”. O garoto está cada vez mais preparado, é ponderado e agregador. Sobretudo, tem comportamento de líder.
O decano Iris Rezende não quer repassar o controle do PMDB para o grupo de Maguito Vilela e Junior Friboi. O peemedebista-chefe chegou a confidenciar a aliados que pensa em convidar Ronaldo Caiado a filiar-se ao PMDB e, em dezembro, ele assumiria o comando do partido. Não se sabe se Iris Rezende falou isto a sério. Se foi, deve levar em consideração que, recém-eleito senador, Ronaldo Caiado dificilmente deixará o DEM. Se tentar, o partido poderá tomar-lhe o mandato.
É cedo para definir teses, portanto é preciso tratar o debate como especulativo e rico mais em hipóteses. Porém, entre analistas refinados predomina a ideia de que a eleição de 2018 será, finalmente, a eleição da renovação. O senador eleito Ronaldo Caiado (DEM) pretende ser candidato a governador, mas apenas se conseguir montar uma grande aliança, que inclua o PMDB. Ao aliar-se a Iris Rezende em 2014, mesmo sabendo que o decano peemedebista não tinha qualquer chance de ser eleito, Caiado já estava pensando no futuro. Porém, apesar do desejo de Caiado de unir-se ao PMDB, o fato é que o partido não vai abdicar de lançar candidato em 2018. Será, possivelmente, Daniel Vilela. Enquanto ele terá pouco mais de 30 anos, Caiado estará, naquele ano, com quase 70 anos. Claro que o “novo” não tem a ver apenas com idade, mas o eleitor costuma levar a idade em consideração. Caiado, portanto, tem de ficar de olho nisto.
Os aliados do deputado federal Daniel Vilela (PMDB) estranham, cada vez mais, o empenho de Ronaldo Caiado (DEM) em lançá-lo para a disputa de prefeito de Goiânia em 2016. Os danielistas desconfiam que Caiado quer retirar Daniel Vilela do páreo das eleições para governador de Goiás em 2018. Aliados de Caiado sugerem que Daniel é muito jovem e pode disputar o governo em 2022 ou 2026. Quanto a Caiado, que terá 69 anos em 2018, dificilmente gera como disputar mandato em 2022, quando terá 73 anos. Os danielistas não concordam com a tese dos caiadistas. Daniel, afirmam, deve disputar o governo já em 2018.
O grupo de Júnior Friboi (PMDB) apoiou a reeleição do governador Marconi Perillo e, como não pediu nada em troca, está em alta. O tucano-chefe aprecia, além dos prefeitos, os advogados Robledo Rezende e Francisco Bento. Robledo e Chiquinho trabalharam na campanha de Marconi e contribuíram para esvaziar parte do PMDB. Se quiserem, irão para o governo do tucano. Robledo é cotado para a Secretaria da Agricultura, para a Agência de Agrodefesa e para a Emater. Ele foi secretário da Agricultura no governo de Maguito Vilela e foi aprovado tanto pelo peemedebista quanto pelos produtores rurais. Saiu como um dos secretários mais eficientes do governo de Maguito. Chiquinho é expert na área de turismo.
Seguidores do vilelismo dizem que Daniel Vilela, Leandro Vilela e Maguito Vilela pretendiam enfrentar o grupo de Iris Rezende, para assumir o controle do PMDB, com o apoio de Júnior Friboi. Mais: o líder do grupo seria Friboi. Porém, como Friboi ficou fora do processo em 2014, o vilelismo saiu das eleições com extrema força. Daniel Vilela foi o deputado federal mais bem votado do partido. Na campanha, Friboi levou Daniel Vilela ao frigorífico da família e apresentou-o aos funcionários. Mesmo assim, o vilelismo está meio afastado de Friboi e deve assumir o controle do PMDB.
O prefeito de Senador Canedo, Misael Oliveira (PDT), e seu secretário de Governo, Joaquim Liminha, presidente do PSC, trabalharam, como leões, na campanha do governador Marconi Perillo, no segundo turno. “Iris Rezende representa tudo aquilo que Goiás rejeita há 16 anos: atraso e vingança. Marconi Perillo faz um governo moderno. O Estado não é uma província”, afirma Joaquim Liminha. Todos os políticos ligados ao empresário Vanderlan Cardoso apoiam a candidatura de Marconi.
Um amigo do empresário Vanderlan Cardoso perguntou: “Por que, tendo apoiado Iris Rezende em 2010, no segundo turno, você não quis ajudá-lo na eleição deste ano?” Vanderlan Cardoso, segundo o amigo, teria dito mais ou menos o seguinte: “Não vou pegar na alça do caixão político de Iris Rezende pela segunda vez”. Em 2010, o líder do PSB apoiou Iris Rezende no segundo turno. E arrependeu-se.
O deputado estadual Júlio da Retífica, do PSDB, obteve mais de 27 mil votos, mas, dado o quociente eleitoral, não foi reeleito. Mas o governador Marconi Perillo teria dado garantia, a políticos do Norte goiano, que o tucano vai assumir o mandato.
Conta-se que Iris Rezende (PMDB) odeia tanto o governador Marconi Perillo (PSDB) que, ao fazer palavra cruzada, quando aparece “quem incendiou Roma”, o peemedebista tenta escrever “Marconi” e fica intrigado ao perceber que se exige quatro letras. De Nero. Durante os debates, fica-se com a impressão de que Iris Rezende acredita que todos os problemas de Goiás têm como responsável o tucano-chefe. A obsessão é tão grande que alguém próximo de Iris Rezende, como o inteligente e sensato Mauro Miranda, deveria recomendar-lhe sessões com um psicanalista.
Um ex-deputado do PMDB saiu com esta na semana passada: “Iris Rezende está destilando tanto veneno que, se for levado para o Instituto Butantan, ninguém achará estranho”. O ex-parlamentar acredita que, terminada a campanha, “terá de se tratar. O ódio excessivo deixa as pessoas doentes”.
O síndico de um edifício que fica ao lado do Restaurante Tribo, um dos mais descolados de Goiânia, no Setor Marista, está preocupado. Ele confidenciou a amigos que, como tem certeza que Iris Rezende será derrotado para governador de Goiás, acredita que o peemedebista-chefe vai querer ser síndico do prédio. Mas, em eleições limpas, é capaz de derrotá-lo, teria sugerido, levemente aliviado.
O primeiro turno foi o velório político de Iris Rezende. O segundo turno foi o enterro político do peemedebista-chefe.
Vanderlan Cardoso (PSB) está “crente” que Iris Rezende será candidato a prefeito de Goiânia. Quer dizer: será seu concorrente na disputa de 2016. Já Iris Rezende não acredita que Vanderlan Cardoso terá coragem de enfrentá-lo em Goiânia.
O empresário Júnior Friboi, que está processando Iris Rezende — com sua costumeira falta de habilidade para apresentar provas, o peemedebista-chefe, na hora agá, vai clamar por acordo —, não apenas decidiu votar no governador Marconi Perillo. Ele pediu votos para o tucano-chefe.