Artigo de Opinião

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opinião
Quando a arquitetura veste alta-costura

O mercado global de real estate de luxo movimentou US$ 289,6 bilhões em 2023 e deve chegar a US$ 515,3 bilhões até 2032, crescendo a uma taxa anual de 6,5%

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Mais esforço nos estudos, mais engenheiros, menos influencers

Expansão do ensino superior não basta: sem dedicação e vocação técnica, país seguirá carente de profissionais essenciais

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Cultura
O rap morreu para o mainstream: a perda da poesia e da resistência das ruas

Devemos valorizar aqueles que entendem que o rap é uma arte criada para salvar vidas

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Segurança
A execução de Ruy Ferraz e a urgência do dever de casa da segurança pública em São Paulo

O episódio expõe problemas que o governo de São Paulo, sob a gestão de Tarcísio de Freitas, insiste em não enfrentar com a profundidade necessária

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501 vagabundos contra Fachin e o pensamento livre

Violência política à esquerda e à direita expõe o país que criminaliza ideias em vez de conviver com o contraditório

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Plano de negócios: o mapa que diferencia um sonho de um sucesso sustentável

O primeiro passo para estruturar um plano de negócios é começar simples: colocar no papel informações básicas sobre produto, público-alvo, custos e metas. A clareza inicial é meio caminho andado

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Homenagem
Aparecida de Goiânia celebra 40 anos da ACIAG e seu legado de progresso

Ao completar 40 anos de fundação, em 2 de outubro de 2025, a ACIAG não é apenas uma entidade representativa; ela é o símbolo de uma transformação profunda que elevou Aparecida de Goiânia de uma cidade periférica a um polo econômico vibrante no Centro-Oeste

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Opinião
Os Alvos da Justiça: Analisando a Imposição Autoritária do Supremo Tribunal Brasileiro

Se o Brasil espera curar e unificar, deve abandonar a tendência de desenhar linhas arbitrárias e focar em promover diálogo, compreensão e adesão aos princípios democráticos

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Angela Ro Ro cantou e compôs a trilha sonora de uma vida

Cantora transmitia a sensação de o Brasil ter jeito; para eliminar traumas não basta transformá-los em versos, todavia, acende a esperança

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Operação contra o PCC funciona, mas só resolve se for uma por dia

A facção deixou o tráfico de armas e drogas como ramo menor e passou a investir em petróleo, combustíveis, bebidas e cigarro

Bagunça na Câmara dos Deputados em agosto de 2025 d3e 1300 por 867
O 8 de Janeiro – segundo ato

A ultradireita e seu modus operandi (pra lembrar a apropriada expressão de Moraes) veio definitivamente pra ficar, nos Estados Unidos, tanto quanto no Brasil – na Europa, quanto em alguns países do Oriente

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O país do presidente Donald Trump quer copiar o dos aiatolás do Irã

A barbárie não é produto do demônio e dos ditos bárbaros. A barbárie é uma construção genuinamente nossa, cada vez mais atrevida, nesse primeiro quarto do século XXI — não um descarte da história

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Saiba por que a verdade morreu e ninguém percebeu

Djalba Lima

A verdade não caiu de repente – foi assassinada aos poucos, golpe a golpe, até desaparecer do horizonte. No lugar dela, ergueu-se um projeto frio e calculado: a mentira como poder.

Não é apenas distorcer fatos. É acender medos, moldar identidades e redesenhar a própria realidade. Do fantasma do “comunismo” à sombra do “inimigo interno”, da “degeneração moral” ao “perigo estrangeiro”, tudo se torna matéria-prima para narrativas fabricadas com precisão cirúrgica.

Mais do que convencer, a mentira faz uma simplificação perversa do mundo. Cria uma narrativa de confronto absoluto: “nós” – os puros, os patriotas – contra “eles” – a elite corrupta, os traidores, os imigrantes, as minorias. E se veste de moralidade: afirma agir para “proteger a nação” de um mal maior, ainda que inventado. Parafraseando Groucho Marx, esse tipo de política é “a arte de procurar problemas, encontrá-los em toda parte, diagnosticá-los incorretamente e aplicar os remédios errados”.

A filósofa Hannah Arendt alertou:

“O sujeito ideal do regime totalitário não é o nazista convicto nem o comunista convencido, mas aqueles para quem a distinção entre fato e ficção e entre verdadeiro e falso já não existe.”

Joseph Goebbels, ministro da Propaganda nazista, foi mais direto:

“Uma mentira contada mil vezes torna-se verdade.”

A mentira nunca foi monopólio de um lado político. Mas, em determinados contextos, ela deixou de ser recurso ocasional para se tornar o eixo central da estratégia de poder. Movimentos autoritários de extrema-direita, em épocas diferentes, usaram-na como arma principal.

No passado, o regime nazista teve em Goebbels o arquiteto de uma máquina de propaganda em escala industrial. Na Itália, o fascismo centralizou a manipulação cultural e jornalística no Ministério da Cultura Popular (MinCulPop), dirigido por ministros como Dino Alfieri.

No presente, Donald Trump e Jair Bolsonaro adotaram táticas semelhantes, impulsionados por estrategistas como Steve Bannon. Em todos os casos, o objetivo vai além de enganar: é corroer a confiança nas instituições e substituir a realidade por um roteiro escrito pelo poder.

Mentiras que mudaram a História: das falsificações antissemitas ao golpe no Brasil

Poucas coisas são tão eficazes na política quanto uma conspiração inventada. Um exemplo clássico é Os Protocolos dos Sábios do Sião, falsificação antissemita forjada pela polícia secreta czarista no início do século 20. Apresentado como ata de um plano secreto de líderes judeus para dominar o mundo, o texto plagiava sátiras políticas francesas, distorcendo-as para culpar os judeus por crises econômicas e sociais. Sua circulação pela Europa inflamou perseguições e foi incorporada ao ideário nazista para justificar o Holocausto.

O Brasil teve seu próprio “Protocolo” em 1937: o Plano Cohen. Forjado pelo então capitão Olímpio Mourão Filho, ligado ao integralismo, descrevia um suposto plano comunista para promover insurreições, assassinatos e instaurar uma ditadura soviética. Getúlio Vargas usou o documento para justificar o golpe de 10 de novembro daquele ano, dissolver o Congresso e instaurar a ditadura do Estado Novo.

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A verdade saindo do poço, de Jean-Léon Gérôme

A era da pós-verdade: quando o fato perde a força

O termo “pós-verdade” foi cunhado em 1992 pelo jornalista Steve Tesich, que alertou para a complacência da sociedade americana diante de mentiras oficiais, como as da Guerra do Golfo e do escândalo Irã-Contras. Ele escreveu:

“Estamos rapidamente nos tornando um povo da pós-verdade, que aceita a mentira como fundamento da política pública.”

Na pós-verdade, fatos objetivos pesam menos que crenças e emoções. O critério de verdade deixa de ser o que aconteceu e passa a ser o que confirma o que eu já acredito. O conceito ganhou o mundo em 2016, ano do Brexit e da eleição de Trump, e foi escolhido pelo Dicionário Oxford como a palavra do ano.

Como a mentira se profissionalizou no século 21

Cambridge Analytica – Empresa britânica que usou dados pessoais coletados ilegalmente do Facebook para construir perfis psicológicos de milhões de eleitores, principalmente nos Estados Unidos e no Reino Unido. Com esses dados, criou campanhas altamente direcionadas com desinformação e apelos emocionais, explorando medos, inseguranças e preconceitos dos usuários para influenciar votos, como no Brexit e na eleição de Donald Trump (2016). Adotou como tática o microtargeting, que é o uso de dados online com o objetivo de personalizar mensagens publicitárias para indivíduos, com base na identificação das vulnerabilidades pessoais dos destinatários.

QAnon – Conspiração nascida em fóruns como 4chan e Reddit com o argumento de que Trump estaria lutando secretamente contra uma rede global de pedófilos satanistas infiltrados no estado profundo (deep state). Espalhou-se como movimento de massas, com adeptos que confundem fantasia com realidade. Foi usada para atacar adversários políticos, deslegitimar instituições e estimular o extremismo..

Steve Bannon – Estrategista político, ex-assessor de Trump, é um dos arquitetos do uso moderno da desinformação como arma política. Defende o conceito de “flood the zone with shit” (inundar o debate público com merda, ou lixo). O objetivo é claro: criar muita confusão e ruído para que a verdade se torne irrelevante. As táticas usadas são “guerra cultural” baseada em fake news, memes, ataques à imprensa tradicional e criação de inimigos imaginários (imigrantes, globalistas, elites).

Astroturfing e as chamadas operações de influência. São movimentos aparentemente espontâneos, mas coordenados por redes de bots e perfis falsos, simulando um consenso artificial.. A meta é simples: criar a sensação de que a maioria já pensa de determinada forma, pressionando políticos, imprensa e sociedade a reagirem a um cenário fabricado.

A mentira em números

Podemos traduzir os resultados dessas estratégias em números assustadores:

Donald Trump – 30.573 declarações falsas ou enganosas no primeiro mandato (21 por dia), conforme o Washington Post Fact Checker.

Jair Bolsonaro – 6.685 declarações falsas ou distorcidas em quatro anos, segundo Aos Fatos, sendo 2.511 sobre a pandemia.

Por que as pessoas acreditam mais na mentira do que na verdade

Há várias teorias sobre a prevalência da mentira sobre a verdade na comunicação. Vamos citar as quatro mais importantes.

Viés de confirmação – Daniel Kahneman mostrou que buscamos informações que confirmam nossas crenças e rejeitamos aquelas que as desafiam.

Velocidade e impacto emocional – Estudo do Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT, 2018) provou que fake news se espalham seis vezes mais rapidamente que notícias verdadeiras, especialmente em política.

Moralidade intuitiva – Jonathan Haidt demonstrou que julgamentos morais são guiados primeiro pela emoção; a razão só entra para justificar.

Frames linguísticos – George Lakoff explica como palavras moldam pensamento: “estado profundo”, “inimigos do povo”, “comunismo globalista”… Esses termos funcionam como atalhos emocionais. Ao ouvi-los, já sentimos antes de pensar. A guerra política é também uma guerra por linguagem. Quem define os termos ganha a narrativa.

Nem as democracias mais sólidas estão a salvo

O ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021 foi consequência direta de uma mentira eleitoral.

No Brasil, a mesma lógica produziu a invasão e depredação da Praça dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro de 2023, alimentada por narrativas falsas de fraude nas eleições presidenciais.

Na Hungria e na Polônia, governos de extrema-direita corroem instituições usando desinformação e revisionismo histórico.

Ficção ou profecia?

Em “O Homem do Castelo Alto” (1962), Philip K. Dick imagina um mundo em que os Estados Unidos perderam a Segunda Guerra e a realidade é moldada por vencedores autoritários. O livro, apesar de ficção, mostra o risco real: quando a verdade é reescrita e a mentira, institucionalizada, a própria história vira produto de manipulação.

Defender a verdade é resistir

O colapso da realidade compartilhada começa com pequenas mentiras – convenientes, emocionais, repetidas. A democracia não se fragiliza apenas com tanques nas ruas, mas com palavras distorcidas, sentidos sequestrados e confiança pública dilacerada.

Defender a verdade, hoje, é um ato de resistência.

Djalba Lima, jornalista, é editor de Relatos — A Estadão da História.

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A medicina do trabalho faz bem à saúde do Brasil

Somente em junho de 2025, mais de 330 mil brasileiros maiores de 18 anos solicitaram ao governo afastamento de suas atividades profissionais

Pressupostos da filosofia de Nietzsche

Filosofia de Nietzsche é marcada pela crítica a moral socrática e aos valores do Cristianismo, embora, não tenha criticado Jesus