Agenda Cultural

O pós-doutor em educação e cultura, e professor da faculdade de educação da UFG, Wilson Paiva, lança, no dia 22 de agosto seu novo livro que reúne seis ensaios que exploram os traços culturais, políticos e educacionais que moldam a brasilidade. O autor propõe uma reflexão sobre como o Brasil e o povo brasileiro foram constituídos de maneira aleatória e contrária às expectativas da Coroa, do Império, da República e de seus intelectuais. A obra busca compreender esse “modo inusitado” de formação nacional, revelando como muitos estadistas e pensadores não conseguiram captar a essência do país.
Escritos ao longo de 15 anos, os ensaios foram inicialmente apresentados em ambientes acadêmicos, como o encontro da Lusophone Studies Association no Canadá. No entanto, ao serem reunidos para publicação, ganharam uma linguagem mais acessível, por vezes poética e irreverente, como destacou a professora Susannah Ferreira, da University of Guelph. Essa escolha estilística torna o livro atraente para qualquer leitor interessado nos dilemas brasileiros, sem perder o rigor intelectual.
Segundo o autor, compreender o Brasil exige romper com os enquadros temáticos “perfeitos” e adotar uma abordagem fenomenológica, inspirada na suspensão eidética de Husserl. O professor aponta que apenas uma leitura integrada entre história, sociologia, antropologia, filosofia e pedagogia pode dar conta das idiossincrasias brasileiras. Ele apresenta o conceito de “ramalhada” como o mais próximo da realidade nacional, em diálogo com pensadores como Gilberto Freyre e Darcy Ribeiro.

Ao longo dos ensaios, o leitor encontrará uma releitura crítica e estética da formação do Brasil, marcada por trechos poéticos, historiográficos e até debochados. A obra não se propõe como uma tese acadêmica, mas como uma tese ensaística que busca entender a brasilidade em sua complexidade. Como resume o autor: “O Brasil e o povo brasileiro desenvolveram uma cultura inusitada, diferente, ‘ramalhada’ e totalmente nova, pela qual se vislumbram riquezas, mas também problemas os quais advêm de uma política e de uma intelectualidade desprezíveis.”
Em entrevista ao Jornal Opção, em formato ping-pong, o docente respondeu perguntas sobre os ensaios:
Raunner — A sua nova obra são ensaios sobre cultura, política e educação: na sua visão qual seria o “espírito” da obra?
O “espírito” presente nos seis ensaios é o caráter da brasilidade e como ela foi constituída. O que chamo de “modo inusitado” é a constituição da terra brasilis e do homo brasilianus de forma totalmente aleatória e às avessas do que se esperava ou do que projetara a Coroa, depois o Império, a República e seus intelectuais. Por isso o título da palestra que será proferida no lançamento leva esse título: “O caráter inusitado da brasilidade”. Ao analisar os traços culturais que nos constituem, assim como nossos estadistas e nossos intelectuais, tento discutir o fato de que muitos deles não entenderam essa brasilidade e muito menos seu caráter inusitado.

Raunner — Você diria que escreveu para um tipo específico de leitor?
Os seis ensaios foram escritos ao longo de 15 anos, alguns foram publicados, como o primeiro, que versa sobre a Saudade, foi apresentado em língua inglesa no encontro sobre Lusofonia, organizado pela Lusophone Studies Association, no Canadá, em 2017. O público era, certamente composto de pesquisadores, professores e estudantes. Outros, também publicados em revistas acadêmicas, em formato menor, tiveram também esse público. Porém, ao reescrevê-los, optei por uma linguagem menos formal, menos acadêmica, às vezes poética e às vezes, como disse a Profa. Susannah Ferreira, da University of Guelf (Canadá), “irreverentes”. Nisso o livro se torna acessível a qualquer leitor, principalmente a quem estiver interessado nos problemas brasileiros.
Raunner — Você diria que compreender o Brasil é fugir constantemente de enquadros temáticos “perfeitos”?
Sim, com certeza. Para compreender o Brasil é preciso fazer a verdadeira suspensão eidética, mais ou menos no sentido que Husserl desenvolveu, e adotar uma mirada fenomenológica em busca não da essência, mas da condição da brasilidade. Os quadros “perfeitos”, criados pela Coroa, pelo Império, pelos positivistas e outros intelectuais e estadistas nunca funcionaram na realidade e nem nas formas de leitura dessa realidade. Portanto, quadros conceituais “perfeitos” não dão conta de nossas idiossincrasias, as quais só se explicam com o conjunto desses integrado desses campos do conhecimento. No livro, eu levanto a tese de que o quadro temático que mais se aproxima é o do ramalhagem, cujo conceito está no Segundo Ensaio.

Raunner — O que leitor encontrará em sua obra?
O leitor, qualquer que seja, vai encontrar muita informação histórica, sociológica, antropológica, filosófica e até pedagógica – pois intento fazer um diálogo com a educação ao longo dos ensaios. Além disso, vai encontrar uma releitura do Brasil, de sua constituição, de sua cultura, pela perspectiva que chamo de “ramalhada”, a qual aproxima da visão culturalista de Gilberto Freyre e de Darcy Ribeiro. Por fim, vai encontrar um conjunto de seis textos que se conectam e se desenvolvem por meio de trechos bem poéticos, outros historiográficos, muitos trechos críticos (às vezes até debochados) para que, na liberdade da escrita ensaística, eu conseguisse unir o rigor acadêmico e a leveza literária.
Raunner — Se pudesse resumir a ideia geral em uma frase, qual seria?
O Brasil e o povo brasileiro desenvolveram uma cultura inusitada, diferente, “ramalhada” e totalmente nova, pela qual se vislumbram riquezas, mas também problemas os quais advêm de uma política e de uma intelectualidade desprezíveis.
Raunner — Qual é a proposta central dos ensaios que você escreveu sobre a identidade brasileira?”
Dentre os colegas que fizeram a leitura dos manuscritos, e teceram seus comentários, fiz questão de publicar na contracapa a observação da Profa. Susannah Ferreira, que é uma canadense de origem portuguesa, porque ela conseguiu captar minha tentativa de fazer um “deep dive” na história, na cultura e na identidade do Brasil. E o argumento que tento elaborar, como bem comentando por ela, é exatamente o de que “é preciso entender a história e a identidade brasileiras para forjar o futuro do Brasil”.
Mas entender pela via da suspensão eidética, que comentei antes, sem a qual o fenômeno da brasilidade, sobretudo no seu caráter inusitado, se nos escapa e acabamos presas de ideologias interpretativas que captam apenas parte desse fenômeno, quando o fazem. Não é uma tese acadêmica, mas uma tese estética, especificamente ensaística, que levanto e busco argumentar através desses seis ensaios. Espero que a leitura seja agradável e proveitosa.
Descrição pessoal
Pós-doutor em educação e cultura, pela University of Calgary (Canadá); Pós-doutor em filsofia estética e educação pela Sorbonne Université (França). Doutor em Filosofia da Educação, pela USP; e Mestre em Filosofia Ética e Política, pela UFG. Professor da Faculdade de Educação da UFG; Professor do PPGE. É especialista em Rousseau, com foco na obra Emílio ou da Educação;. É membro da Rousseau Association, nos EUA, da LSA - Lusophone Studies Association, do Canadá, e outras associações e grupos de pesquisa no Brasil e no exterior. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Filosofia Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: Teorias educacionais, cultura e educação, educação brasileira, jesuítas, colonização, filosofia política, democracia, Rousseau, filosofia da educação, estética, epistemologia, colonização, políticas públicas, política e escola, projeto pedagógico e gestão educacional. Foi professor visitante na Universidad Autónoma de Madrid (Espanha), na University of Calgary (Canada) e na Sorbonne Université (França).

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A psicóloga e psicanalista Larissa Leão de Castro, finalista do Prêmio Jabuti Acadêmico 2025, lança neste sábado (2) seu mais recente trabalho, “Hélio Pellegrino: por uma psicanálise política”, no Tô Bar, em Goiânia. O evento está marcado para às 17h40, na Rua 20, nº 1.078, no Centro da capital goiana, com produção executiva de Gilberto David Filho.
A obra resgata o legado intelectual de Hélio Pellegrino (1924–1988), reconhecido como um dos principais nomes da psicanálise brasileira, e propõe uma leitura crítica de suas contribuições teóricas e políticas. Com destaque entre as cinco obras finalistas do Jabuti na categoria Acadêmico, o livro será também representado na cerimônia de premiação, que ocorre no dia 5 de agosto, às 20h, no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo.
Uma psicanálise engajada
Hélio Pellegrino foi responsável pela criação da primeira Clínica Social de Psicanálise no Brasil, iniciativa que teve papel essencial na democratização do acesso ao atendimento clínico no país. Além de sua prática clínica, produziu textos marcados pelo diálogo entre a psicanálise, a crítica social e os direitos humanos, como o ensaio Complexo de Édipo, Pacto Edípico e Pacto Social — traduzido para o inglês e catalogado na Biblioteca Sigmund Freud, em Londres como Oedipus Complex, Oedipal Pact, and Social Pact.
Sua obra, ainda pouco explorada pela historiografia oficial da psicanálise, vem ganhando reconhecimento internacional e figura como verbete exclusivo no Dicionário de Psicanálise, de Élisabeth Roudinesco e Michel Plon — um feito reservado a poucos autores brasileiros.

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