O secretário de Cultura de Goiânia, Uugton Batista, compareceu na manhã desta quinta-feira, 14, à Câmara Municipal para prestar esclarecimentos aos vereadores. Durante a sessão, ele se retratou à vereadora Aava Santiago (PSDB) e pediu desculpas aos demais parlamentares. Batista também destacou que a Secretaria de Cultura (Secult) mantém as portas abertas para o diálogo com os integrantes do Legislativo.

Segundo o titular da Cultura, a sua fala foi retirada de contexto durante a Pecuária de Goiânia deste ano. “Uma jovem, durante a Pecuária, gravou um vídeo afirmando que pessoas pobres não deveriam estar no evento. Pela primeira vez na história de Goiânia, a festa foi gratuita para quem mais precisava. Ao criticar essa jovem, acabei, no momento errado, direcionando a crítica à vereadora Aava”, disse Ugton.

“Foi um erro, e por isso, Aava, eu te peço perdão. Aos vereadores, digo que não foi direcionado a vocês, mas, se alguém se sentiu ofendido por ser amigo dela, peço perdão também”, afirmou o secretário de Cultura. Ao mesmo tempo, ele pontuou que deseja manter uma boa relação com os parlamentares: “Quero reforçar que a Secretaria de Cultura está à disposição de todos vocês”.

Em resposta, Aava afirmou que essa movimentação foi motivada pela defesa do Parlamento. Segundo ela, a insistência em determinados assuntos ocorreu porque o secretário concedeu diversas entrevistas posteriormente. “Quero dizer ao senhor e a todos os colegas que toda essa agenda foi sobre a dignidade que se trata o Parlamento. O senhor deu várias entrevistas depois, só por isso eu insisti, para que a gente se alinhe para acabar com isso”, declarou.

Aava também mencionou um requerimento que solicitava informações à pasta, mas que não havia sido respondido. Ela lembrou que já havia apresentado o documento em maio solicitando registros de pagamentos da Secult. Em seguida, estendeu o pedido aos técnicos que acompanham o secretário, para que os documentos fiquem acessíveis no portal da transparência, sem necessidade de requerimento individual.

Após o pedido de desculpas de Uugton, a maioria dos vereadores presentes aplaudiu, incluindo Fabrício Rosa (PT), que é de oposição. A exceção foi o líder do prefeito, Igor Franco (MDB), e o vereador Cabo Senna (PRD), que não acompanharam.

Além do decano da Casa, Anselmo Pereira (MDB), da vereadora Aava Santiago e do secretário Uugton Batista, outros vereadores também se manifestaram. Muitos defenderam o pedido de desculpas e a postura do secretário, enquanto outros ressaltaram a importância de respeitar o Parlamento. Houve ainda quem aproveitasse o momento para fazer críticas ou solicitar informações à pasta.

Ao todo, sem contar o mediador, quinze vereadores também comentaram a respeito: Luan Alves (MDB), Aava Santiago (PSDB), Fabrício Rosa (PT), Vitor Hugo (PL), Coronel Urzêda (PL), Markim Goyá (PRD), Geverson Abel (Republicanos), Thialu Guiotti (Avante), Tião Peixoto (PRD), Pedro Azulão Jr. (MDB), Welton Lemos (SD), Wellington Bessa (DC), Isaías Ribeiro (Republicanos), Willian do Armazém (PRTB), Rose Cruvinel (UB).

No final da sessão, Pereira pediu que os dois se dessem as mãos para simbolizar o fim do conflito: “(Ugton), dê as mãos à Aava, assim dando as mãos para o Parlamento goianiense, e declaro encerrada a sessão”.

Pediu pela demissão

Vários vereadores elogiaram a iniciativa de Uugton de comparecer à Casa e prestar esclarecimentos aos parlamentares, incluindo o autor do requerimento, Luan Alves. No entanto, o vereador Markim Goyá (PRD) aproveitou o momento para elevar o tom contra o secretário. “Inclusive, pedi ao prefeito Sandro Mabel que o demitisse. Na próxima vez, se ele não o fizer, vou deixar a base dele”, declarou.

Na ocasião, o vereador afirmou ter apresentado um requerimento relacionado ao bairro que representa, o Goyá, solicitando apoio para a festa de aniversário da localidade. Segundo ele, o pedido não foi atendido e houve desrespeito por parte do secretário. “Não me respeitou como autoridade, assim como uma assessora dele. Ele precisa aprender a respeitar o vereador, atender o telefone do vereador. Quando o prefeito determina, ele não pede, ele ordena. O evento foi realizado, mas não da forma como deveria”, declarou.

Em resposta, Ugton afirmou que, sempre que os vereadores apresentarem suas emendas, elas serão atendidas da forma desejada. No entanto, ressaltou que, segundo a lei municipal, o evento em questão não poderia ser fechado apenas para um vereador, devendo ser aberto a todos.

Conversas

O presidente da Comissão de Cultura da Câmara, Fabrício Rosa (PT), mencionou que existem diversas denúncias contra a gestão anterior, envolvendo fraudes, falta de transparência e atrasos nos pagamentos a artistas, e pediu a ajuda de Ugton para resolver essas questões. Ele também solicitou apoio em assuntos relacionados às bibliotecas de Goiânia, pedindo uma agenda com o secretário para debater melhorias. Por sua vez, o secretário pediu aos vereadores que encaminhassem emendas para ajudar a Secult com recursos, já que a pasta não pode realizar investimentos devido ao decreto de calamidade.