Relatório sobre mortes de jornalista e indigenista é divulgado por senadores
16 agosto 2022 às 18h06
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Criada para investigar o assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo Pereira, a Comissão Temporária sobre a Criminalidade na Região Norte do Senado divulgou nesta terça-feira, 16, o relatório final. Nele, é criticado o fato de a investigação não ter, até o momento, identificado mandantes do assassinato das duas vítimas.
“É, no mínimo, plausível que possa ter havido coordenação e mandante nesse duplo homicídio cometido por diversas pessoas, com queima, mutilação e ocultamento dos cadáveres em locais de difícil acesso, bem como afundamento da embarcação das vítimas e tentativa de sumir com os seus pertences nas águas de um igapó”, resumiu o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), relator da comissão.
Depoimentos prestados durante a comissão temporária indicam que crimes ambientais se sobrepõem no Vale do Javari. O relatório aponta ocorrência de modalidades violentas e atuação de organizações criminosas. “A Terra Indígena tem mais de 8,5 milhões de hectares de extensão, abriga pelo menos 26 povos isolados e faz fronteira com regiões produtoras de cocaína. Essas circunstâncias fazem a região ser visada pelo narcotráfico, por madeireiros, garimpeiros, caçadores e pescadores ilegais, entre outros”, cita trecho do documento.
O documento foi concluído antes dos 60 dias previstos para o funcionamento da comissão. O relator pontou três sugestões de propostas. A primeira altera o Artigo 6 do Estatuto de Desarmamento, para conceder porte de arma de fogo aos integrantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) em atividades de fiscalização.
Desaparecimento
Jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista Bruno Araújo Pereira desapareceram em 5 de junho no Vale do Javari. Os dois foram visto pela última vez se deslocando de barco da comunidade de São Rafael para Atalaia do Norte onde iriam se reunir com líderes indígenas e comunidades ribeirinhas. Os corpos foram encontrados dez dias depois em uma área de mata fechada, a cerca de 3 quilômetros do Rio Itacoaí.
Na mesmo semana, a Polícia Federal (PF) prendeu os irmãos Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como Pelado, e Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como Dos Santos. A dupla confessaram o envolvimento no crimes. Outras pessoas seguem investigadas como suspeitas de participação no assassinato.