O cenário de polarização eleitoral desenhado no Brasil desde a redemocratização – mais inflamado à nível federal, e com semelhanças das disputas realizadas em 1989 – teve início após as eleições de 2014, no governo da presidente Dilma Rousseff (PT), quando se intensificou o anti-petismo, de acordo com historiadores ouvidos pelo Jornal Opção.

“A polarização tem a ver com estratégias de comunicação que foi se afirmando após as eleições de 2014, com o governo Dilma, quando o anti-petismo era bastante lucrativo. Não se pode esquecer no âmbito nacional que o PSDB e o PT eram os dois grandes partidos que disputavam desde as eleições de Fernando Henrique”, relembra o historiador Carlos Ugo Santander Joo. “A polarização não deixa de ser resultado do fracasso dos partidos de centro-direita, nesse caso, o próprio PSDB se entusiasmou apoiando a extrema-direita”, salientou, acrescentando que o presidente sempre tem buscado polarização.

Para o doutor em História, professor da Faculdade de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Goiás (UFG), Rildo Bento de Souza, todas as eleições são polarizadas. “Geralmente tem um grupo que se afina com determinado projeto político (na maioria das vezes o que está no poder), e outro para contrapor a esse projeto de poder vigente. O eleitor sempre procura endossar o governo da hora ou apostar suas fichas na candidatura de oposição que tenha força de se contrapor a esse governo”, opina.

O especialista faz uma análise histórico desde o período da redemocratização. “Se pegarmos a Nova República, excluindo as eleições de 1989, somente a de 2018 não teve esse caráter, já que foi uma eleição completamente fora da curva, onde fatores externos e o discurso da ‘não política’ dominaram a pauta”, frisou.

O doutor em história cita que outros candidatos podem ser vistos como um Lula mais jovem e mais radical nos discursos, como Ciro Gomes (PDT); ou apontada como defensora das mesmas pautas econômicas do governo do presidente Jair Bolsonaro, no caso de Simone Tebet, mesmo representando a centro-direita. “Então, o eleitor se pergunta para quê votar em candidaturas que representam quase os mesmos projetos dos candidatos líderes nas pesquisas, com o diferencial de que já foram testados no governo. Por isso é muito difícil uma candidatura da chamada terceira via se consolidar”, indica.