A polarização Jair Bolsonaro versus Fernando Haddad revela a pobreza do momento político do país

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Gilvane Felipe

Pela primeira vez, desde que eleições para presidente da República foram restabelecidas, fiquei sem escolher um candidato a quem apoiar por tanto tempo.

Analisei todas as candidaturas, todas as propostas e trajetórias apresentadas. Minha primeira escolha, com todos os prós e contras, todas as reservas e discordâncias, recaiu sobre o candidato do Partido Novo, João Amoêdo.

Ocorre que, a apenas três dias das eleições, o cenário que se apresenta é o de uma polarização nociva em todos os aspectos para o país.

De um lado, Fernando Haddad, representando o PT. Um partido que traiu o sonho de mudança que tantos brasileiros por muitas décadas lutaram. Foi muito decepcionante notar que não só repetiram os erros de seus antecessores, ditos reacionários, como em muitos casos os pioraram, como no caso da corrupção. Pior ainda, o PT se apresenta nestas eleições não com uma posição de autocrítica pelos erros cometidos, não como um partido renovado com lideranças não comprometidas com escândalos que levaram vários de seus dirigentes a serem indiciados e condenados. Não, o PT que se apresenta é o da reafirmação, o do vitimismo. Daí para a reincidência e o revanchismo, é só um passo.

De outro lado, Jair Bolsonaro, efeito colateral dos desmandos da era petista à frente do governo federal. Representa uma reação desproporcional e irracional. Defende bandeiras liberticidas, discriminatórias e, na falta de um termo melhor, toscas. O discurso rudimentar e arcaico de Bolsonaro mobiliza, como em “Star Wars”, o “lado negro da força”, o ódio ao diferente, ao estranho, ao outro.

Ciro Gomes: na seca da política, o líder do PDT é um oásis

Como muitos brasileiros, não quero me ver forçado a escolher entre o péssimo e o horrível. Por isso, decidi votar em Ciro Gomes, que, em minha opinião, tem inúmeros defeitos, tanto que não era minha primeira opção. Aliás, até minha primeira opção tinha inúmeros equívocos em seu plano de governo. Mesmo assim, não adianta ficarmos apegados a um perfil ideal de candidato, os candidatos são esses que aí estão e é entre esses que devemos escolher.

Decidi votar em Ciro Gomes por alguns motivos
1

Pela insatisfação com as opções oferecidas por essa polarização até agora existente entre Bolsonaro e Haddad. Não quero nenhum deles;

2

Por Ciro ser última possibilidade viável de evitar que o segundo turno seja a “Batalha dos Fanáticos”, como se fosse um episódio da sangrenta série Game of Thrones;

3

Pelo tom que assumiu a campanha de Ciro nessa reta final de repudiar essa polarização extremista e propor algo que vá além do “votar contra”, que seja “votar a favor do país”;

4

Por fim, e não menos importante, porque minha filha, eleitora pela primeira vez, me apresentou argumentos inteligentes e muito sensatos sobre como a melhor escolha para evitar o pior, neste momento, deveria ser Ciro.

Não é preciso concordar comigo, mas respeite minha posição

Não pretendo que meus amigos e seguidores nas redes sociais concordem comigo nesta decisão, até porque é uma decisão minha, pessoal. Respeito quem se decidir por outros, e peço que, por favor, respeitem meu posicionamento. Já vou avisando que não aceitarei que venham transformar esse meu post em um depósito de agressões e baixarias, infelizmente, coisa corriqueira nas redes sociais nos dias que correm. Sugiro que quem quiser agir assim, use sua própria página e perfil.

Assim, amigos e amigas, manifesto-me pela primeira vez publicamente sobre minha escolha para presidente do Brasil. Não pretendo escolher entre o vilão de “Game of Thrones” e o de “Star Wars”. Por isso, vou de Ciro 12!

Gilvane Felipe é mestre em História pela Université de la Sorbonne de Paris, França, ex-secretário estadual de Ciência e Tecnologia, ex-superintendente do Sebrae em Goiás e ex- secretário estadual de Cultura. É superintendente na Secima.