Vilmar, Lúcia e Jovair querem mais espaço do que romper com a base de Marconi Perillo
11 março 2017 às 12h43
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PTB, PSD e PSB querem ocupar espaço na chapa majoritária, o que é legítimo. No fundo, não querem deixar a base, quer dizer, a aliança com o tucano-chefe
Na política forças às vezes convergentes mas em processo de divergência unem-se pelo “amor” ou pela “dor” (ou necessidade). No momento, há mesmo uma rebelião na base aliada do governador Marconi Perillo e não dá para esconder um “gigante”. Mas a leitura precisa do fato sugere que rebelião não é sinônimo de rompimento. O fato é que, na feliz definição do deputado estadual Jean Carlo (PHS), a “família cresceu e é preciso reacomodá-la”. O fato é exatamente este: no lugar de ficar menor, a base aliada cresceu, de maneira extraordinária, e reacomodar os “novos familiares”, sem perder os “velhos integrantes”, não tem sido fácil.
Os deputados federais Jovair Arantes (PTB) e Thiago Peixoto (PSD), a senadora Lúcia Vânia (PSB) e o ex-deputado federal Vilmar Rocha (PSD) querem mesmo romper com a base aliada, deixando de apoiar o candidato do PSDB a governador de Goiás, José Eliton, em 2018? Na verdade, não planejam romper. Estão tencionando para ocupar novos espaços — tanto no governo quanto na chapa majoritária. Dada sua experiência política, o governador Marconi Perillo, do PSDB, mostra-se mais atento aos fatos do que incomodado. Porque, no fundo, sabe do que se trata e, mais, entende as movimentações de sua base como legítimas.
Veja-se o caso do PSD. Um de seus líderes mais criativos, Thiago Peixoto, tem como compor com o PMDB, de onde saiu por falta de espaço político? As palavras que podem responder são duas: “Quase impossível”, que não é o mesmo que apenas “impossível”. Vilmar Rocha mantém conversações com Maguito Vilela, do PMDB, mas dificilmente abandonaria o tucano Marconi, seu aliado histórico, para acompanhar tanto Maguito Vilela quanto Daniel Vilela. A palavra chave é “dificilmente”. Porém, no vocabulário da política, a palavra que não existe é impossível. O fato é que Vilmar Rocha quer disputar mandato de senador e ao lado de Marconi Perillo e, se não der, Thiago Peixoto pode ser o vice de José Eliton. Portanto, o PSD tenciona, não para sair, e sim para figurar com mais destaque na base aliada.
Jovair Arantes relaciona-se bem tanto com os Vilelas, Maguito e Daniel, quanto com Iris Rezende. Por quê? Porque não é mais um mero político de província, um liderado. Tornou-se um político de projeção nacional e, portanto, um líder no Estado, sem chefe local. Por isso, o PTB tanto pode apoiar José Eliton, como é a tendência, quanto um dos Vilelas para o governo do Estado. O que quer mesmo o PTB goiano? Respeito. Falta-se, hoje, a sensação de pertencimento, quer dizer, de que pertence à base. Seus líderes, Jovair e seu filho, Henrique Arantes, precisam ser reconquistados.
A senadora Lúcia Vânia, de posicionamentos firmes, quer romper? Na verdade, não. Ocorre que um “familiar novo”, o senador Wilder Morais, está se impondo, mais pelo dinheiro do que pelas ideias, como “candidato natural” à reeleição — o que fatalmente, se Marconi Perillo também for candidato a senador, a excluirá da chapa majoritária. Para quem está há quase 16 anos no Senador, servindo a Goiás, é mesmo uma afronta. Mas, em suma, a líder do PSB não quer sair; quer, isto sim, permanecer na base aliada. Mas precisa se sentir “querida”.