“Tenho simpatia por Zé Eliton, mas o PSD só define seu projeto em 2018”, diz Thiago Peixoto
25 novembro 2017 às 12h19
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O deputado federal afirma que o partido planeja lançar Vilmar Rocha para senador e sugere que tempo de TV é decisivo na formatação de alianças
O deputado federal Thiago Peixoto (PSD) acaba de chegar de uma viagem aos Estados Unidos, onde participou de um seminário, patrocinado pela Fundação Lemann e organizado por Oxford e pela Universidade Yale, sobre como melhorar o serviço público e atrair talentos. Foram discutidas experiências de Singapura, EUA e Chile. “Os senadores Kátia Abreu e Ricardo Ferraço, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, e o ministro da Educação, Mendonça Filho, participaram do encontro.”
Thiago Peixoto aplaude a indicação do deputado federal Alexandre Baldy para ministro das Cidades. “Todo mundo gosta de Baldy. É inteligente, articula com desenvoltura, tanto que se tornou ministro. Goiás ganha com sua presença no governo de Michel Temer.”
O pai de Thiago Peixoto, o doutor em economia Flávio Peixoto, tem conversado com o pré-candidato a governador de Goiás pelo PSDB, José Eliton. “Não se trata de um diálogo formal, não se trata de uma assessoria. Ele me diz que José Eliton está conversando com muita gente, e não apenas com pessoas do meio político ou do governo. Meu pai avalia que é um político qualificado e que sabe ouvir.”
José Eliton é o candidato definitivo da base governista? “O nome está definido e não haverá recuo. Ele quer e trabalha para ser candidato. E tem o respaldo do governador Marconi Perillo (PSDB). Tem atraído cada vez mais líderes da base para o projeto dele.”
Quanto ao PSD? “Vilmar Rocha [presidente do partido] nos respeita e a gente tem de respeitá-lo. A relação é saudável. O PSD só define sua posição em 2018, na hora certa. Eu, Heuler Cruvinel e Francisco Júnior temos preferência pela candidatura de José Eliton a governador. O partido pleiteia uma vaga na chapa majoritária, de preferência para Vilmar disputar mandato de senador. Frise-se que não temos interesse em ocupar espaço [cargos] no governo. Queremos, insisto, uma vaga na chapa majoritária.”
Lúcia Vânia e Wilder Morais são “nomes consistentes para o Senado”, sublinha Thiago Peixoto. “Não conheço bem Lúcia, mas sei que não tem o hábito de desistir de seus pleitos. É vista como inflexível, vai para o enfrentamento. Não sei avaliar o político Wilder, mas sua história de vida, como empresário, mostra que se trata de um homem decidido.”
Quanto à vice de José Eliton, procede que desistiu? “Como posso ter desistido se nunca disse que seria vice? Sou pré-candidato a deputado federal. Quem ficar discutindo a questão da vice agora vai dar com os burros n’água, notadamente porque não será decidido no momento. Sei, porém, que vai pesar o que cada partido tem a oferecer. Tempo de televisão será fundamental. O PSD, o PSB, o PR e o PP têm mais tempo de tevê do que, por exemplo, o PTB. O DEM conquistou a vice em 2010 porque tinha tempo de televisão e, claro, o então senador Demóstenes Torres. É matemática, não é uma coisa pessoal ou emocional.”
Os pré-candidatos do PMDB, Daniel Vilela, e do DEM, Ronaldo Caiado, a governador de Goiás estão se afastando? “Percebo que Daniel Vilela está muito distante de Ronaldo Caiado e vice-versa. O que não quer dizer que, adiante, não possam se unir. É claro que Daniel Vilela quer o apoio de Caiado, assim como este quer o apoio daquele. Resta saber quem vai se sacrificar. O postulante do PMDB é um jovem impetuoso e não se sei se cederá.”
A crise econômica nacional está cedendo? “A recuperação começou, e de maneira sólida. Henrique Meirelles e Michel Temer têm seus méritos. O embaixador da Alemanha me disse, durante um almoço: ‘O que o presidente Temer tem feito no Brasil nenhum líder mundial conseguiria fazer na economia. Nem a chanceler alemã, Angela Merkel, conseguiria. É impressionante’. Temer tem coragem de fazer e está fazendo mudanças estruturais. A Reforma Trabalhista parecia impossível e, mesmo assim, ele a fez. Agora, tenta aprovar a Reforma da Previdência, embora menos ampla do que deveria.”
Instado a avaliar a possível candidatura de Luciano Huck a presidente da República, Thiago Peixoto mostra-se heterodoxo: “Não tenho o hábito de agir com preconceito. Não acho que Huck tenha se preparado para a vida pública, mas é democrático que pleiteie um cargo público, ainda mais num momento em que há demanda por renovação. Sua pretensão não equivale ao fim do mundo. Conheço algumas pessoas do grupo do apresentador de televisão, que são minhas amigas, e que gostam de sua conversa. Elas sustentam que ele tem disposição para ouvir e sabe questionar. Não fica fazendo discurso, tem capacidade de dialogar e anota o que as pessoas dizem”.
Thiago Peixoto frisa que o PSDB deve bancar o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para presidente. Quais as pretensões políticas do presidente do PSD, o ministro Gilberto Kassab? “É provável que, se o senador José Serra disputar o governo de São Paulo, Kassab seja o seu vice. Procede também que sua relação com o prefeito de São Paulo, João Doria, é muito boa. Quanto à disputa pela Presidência da República, o PSD poderá se aliar ao PSDB — se não lançar o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, um nome consistente e respeitado nacionalmente.”
Assim como o secretário de Cidades, Vilmar Rocha, Thiago Peixoto está lendo o livro “História da Riqueza no Brasil — Cinco Séculos de Pessoas, Costumes e Governos” (Estação Brasil, 624 páginas), do pesquisador Jorge Caldeira. Trata-se de uma revisão da história do país. O autor mostra que a Colônia tinha um mercado interno considerável, mas que a historiografia deixou de registrar com precisão. Ele ressalta que a República Velha, entre 1889 e 1930, foi um período próspero.