Rogério Cruz e o desafio de não virar Temer ou Bolsonaro em 2024
13 agosto 2023 às 00h06
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Que Rogério Cruz (Republicanos) vai encontrar desafios para se reconduzir ao posto de prefeito de Goiânia nas próximas eleições, disso não há dúvidas. Mesmo estando no poder, a sensação por vezes não é de que ele esteja administrando, mas “sobrevivendo” ao mandato.
Mas como está nessa situação, mesmo tendo, em tese, uma base ampla na Câmara? Um político experiente, hoje deputado federal, e bastante ligado a Goiânia, diz que Cruz se tornou “refém” dos vereadores. Ou seja, não é ele que tem uma base, mas é a base que “tem” o prefeito. Por isso, pelo “conjunto da obra”, segundo esse parlamentar, não há qualquer chance de ele se viabilizar como candidato nas próximas eleições.
A questão é que é relativamente raro alguém ocupando o cargo no Executivo chegar ao período eleitoral totalmente sem competitividade para se colocar na disputa pela própria vaga. Desde que se abriu no Brasil a possibilidade de reeleição a cargos do Executivo, a partir de 1998, houve, para a Prefeitura de Goiânia, três candidatos à reeleição: Pedro Wilson (PT), em 2004; Iris Rezende (MDB), em 2008; e Paulo Garcia (PT), em 2012. Apenas Pedro não obteve êxito, perdendo para Iris.
No caso do governo estadual, todos os que tentaram se reelegeram: Marconi Perillo (PSDB), em 2002 e 2014; Alcides Rodrigues (então no pP), em 2006; e Ronaldo Caiado (UB), em 2022. Para a Presidência, depois de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1998, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2006, e Dilma Rousseff (PT), em 2014, somente Jair Bolsonaro (PL), em 2022, não conseguiu o segundo mandato.
De todos os ex-presidentes, qual o único no cargo que não tentou a recondução? Apenas Michel Temer (MDB), em 2018, alguém que estava com a popularidade baixíssima, a menor entre todos os governantes. Não havia a menor condição de sucesso, como ele e seu partido sabiam – naquele ano, os emedebistas tiveram como candidato o ex-ministro Henrique Meirelles, que, sintomaticamente, buscou “desgrudar” ao máximo sua imagem da do mandatário e correligionário.
Ainda que as pesquisas qualitativas sejam guardadas a sete chaves pelos interessados, o sentimento das ruas mostra que o momento atual não é nada bom para Rogério Cruz em busca da reeleição. Nem mesmo para ser o principal padrinho de alguma candidatura. Nesse sentido, está como Temer, no momento.
Mas política, já dizia aquele grande estadista mineiro, raposa do ofício, é como nuvem, quando se olha pela segunda vez já mudou tudo. E tudo pode passar a correr em favor do prefeito. Se seu desempenho diante do eleitor melhorar e Rogério Cruz resolver arriscar, sua missão será, então, não se tornar um novo Bolsonaro, perdendo nas urnas mesmo com alguma popularidade e a máquina pública nas mãos.
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