Realismo indica que base governista deve bancar Márcio Corrêa para prefeito de Anápolis
17 dezembro 2023 às 00h01
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A nove meses das eleições para prefeito, o quadro político-eleitoral de Anápolis é um dos mais complicados. Há teses e especulações.
Há quem postule que, com vários candidatos, o segundo turno, contra o candidato do PT, Antônio Gomide, estaria garantindo. Diz-se que o petista pode ser o mais votado no primeiro turno, mas tende a não ser eleito, no segundo turno, porque “estará” isolado. A direita e o centro, pelo contrário, até por uma questão de sobrevivência política, acabarão tendo de se unir, divergências pontuais e pessoais à parte. Deste modo, aumenta a possibilidade de derrotar o petista.
Há quem advogue que as oposições devem lançar Márcio Corrêa, pelo PL, Amilton Filho, pelo MDB, e Márcio Cândido, pelo União Brasil. O trio, sabendo que o principal “alvo” é Antonio Gomide, partiria para o ataque, com o objetivo de desidratá-lo, desde o primeiro turno.
A tese é realista, pois, no momento, quem lidera, nas pesquisas de intenção de voto — as sérias, as quase-sérias e as ficcionais —, é exatamente Antônio Gomide. Este é o favorito. Mas, sob ataque, pode perder força — o que acabaria por gestar um certo equilíbrio na disputa.
Márcio Corrêa: o favorito da base governista
Há, porém, outras teses. Uma delas é de um realismo ímpar. Diz-se que Márcio Corrêa deve ser o candidato da base governista — disputando pelo MDB ou pelo PL.
Há quem acredite que a base governista vai apoiar Márcio Corrêa, desde o primeiro turno, porque há a possibilidade de elegê-lo sem precisar de segundo turno. Os defensores da tese sugerem que dado o fato de Anápolis ser uma cidade muito importante para a disputa de 2026 — afinal, tem o terceiro maior eleitorado de Goiás e influencia o voto de vários municípios próximos — é preciso, desde já, manter a base governista aglutinada.
“Há quatro políticos que influenciam a disputa eleitoral de Anápolis: o governador Ronaldo Caiado (União Brasil), que nasceu na cidade, o vice-governador Daniel Vilela (MDB), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o prefeito Roberto Naves (Republicanos). Digamos que são os quatro mosqueteiros. Se apoiarem o quinto mosqueteiro, Márcio “D’Artagnan” Corrêa, ele terá chance de ser eleito prefeito e, quem sabe, até no primeiro turno”, afirma um analista fino da Suzhou do Cerrado.
Comumente afirma-se: “O prefeito Roberto Naves tem desgaste e pode prejudicar seu candidato”. Quase todo prefeito tem desgaste, que, se for alto, atrapalha mesmo seu candidato. No entanto, o gestor anapolino pode melhorar sua imagem e, sobretudo, não será candidato em 2024 e, como tal, dificilmente, durante a disputa, os eleitores estarão avaliando a sua gestão.
Roberto Naves pode bancar candidato, à revelia de Ronaldo Caiado e Daniel Vilela? Impossível, talvez. Porque, a partir de 1º de janeiro de 2025, não terá mais a “caneta” e, se não aceitar a coordenação do governador na política de Anápolis, dificilmente ocupará um cargo de proa no governo. E, se ficar fora do governo, desaparecerá da política de Goiás e de Anápolis pelo menos por dois anos. Então, a tendência é que aceite que a coordenação do processo na cidade fique nas mãos de Ronaldo Caiado.
Realista absoluto e articulador político de primeira linha — daí sua falta de “pressa” (na falta de fatos “reais” não dá para definir uma posição) —, Ronaldo Caiado sabe que às vezes se banca o candidato possível, aquele que tem chance de ganhar, e não necessariamente o postulante dos sonhos. Hoje, de acordo com as pesquisas de intenção de voto mais confiáveis, o mais palatável dos pré-candidatos da base governista é mesmo Márcio Corrêa, por sinal o preferido de Daniel Vilela (mais do que aliados políticos, são amigos).
Portanto, é possível um frentão político — com Ronaldo Caiado, Daniel Vilela, Jair Bolsonaro e Roberto Naves — para bancar a candidatura de Márcio Corrêa. Isto não é uma questão de gostar ou deixar de gostar. É uma questão de política, de alta política — aquela que fica acima das raivas e, mesmo, ódios. Roberto Naves e Márcio Corrêa terão de guardar suas iras nas gavetas e sentar-se à mesa para a negociação política. Será possível, considerando que os dois se abominam? O presidente Getúlio Vargas, com a autoridade de quem governou o país por quase 20 anos, dizia que não havia ódios eternos. Só meninos birrentos não sabem a hora de guardar as armas para apoiar um projeto coletivo mais importante, como a disputa da Prefeitura de Anápolis em 2024 e do governo em 2026.
Vitor Hugo, Márcio Cândido e Hélio Lopes
Como fica o ex-deputado federal Major Vitor Hugo? Há quem postule que planeja ser candidato a prefeito de Anápolis, com o apoio da base governista. Porém, como não articula com clareza, pode chegar tarde à mesa das negociações. Se disser que quer ser candidato, Bolsonaro o apoia — e isto poderá fazer a diferença.
O vice-prefeito Márcio Cândido é apontado como a aposta de Roberto Naves para a disputa da prefeitura. E, de fato, pode ser candidato — afinal, é pastor da Igreja Assembleia de Deus, e os evangélicos são fortes na política de Anápolis. Mas talvez seja um nome colocado no jogo mais para pressionar (e tencionar) Márcio Corrêa, que resiste a uma aliança com o prefeito, por questões pessoais e por não se entusiasmar com sua gestão.
O PSDB vai apostar em Hélio Lopes, um advogado respeitado em Anápolis, sobretudo por sido presidente da Apae. Os eleitores do município apreciam apostar em “novidades” — como Ernani de Paula, Pedro Sahium e o próprio Roberto Naves. Entretanto, se o tucano é uma novidade, Márcio Corrêa também é, e está mais bem ranqueado.
Quanto a Amilton Filho, seu problema é falta de entusiasmo, sobretudo por saber que o nome preferido do MDB não é ele, e sim Márcio Corrêa. Este, por sinal, caminha para se filiar ao PL (mas e se for para o União Brasil? Se for, barra a filiação de Márcio Cândido).
Em suma, o realismo sugere que o nome mais consistente, em termos eleitorais, para enfrentar Antônio Gomide — com a possibilidade de mudar a configuração do jogo político já no primeiro turno —, é mesmo o de Márcio Corrêa. Até por uma questão de lógica: por que não apoiar quem está em segundo lugar, encostando em Antônio Gomide, para bancar quem aparece lá atrás, como uma espécie de figurante? (E.F.B.)