O presidente, embora com rejeição alta, venceria Lula da Silva, Ciro Gomes, João Doria e Mandetta. Petista está crescendo e Ciro está sendo esvaziado

Jair Bolsonaro: líder, mas com Lula na sua cola| Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

A revista “Veja” publicou na quinta-feira, 6, um amplo levantamento do instituto Paraná Pesquisas. O que surpreende é a força eleitoral do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). “O presidente lidera nas quatro simulações do primeiro turno, com porcentuais que variam de 32,7% a 34,5%” das intenções de voto. “O mesmo contingente — 32,1% — diz que considera o seu governo ótimo ou bom.” Lula da Silva (PDT) tinha 18% em março e agora tem 29,3% — o que sugere força e crescimento. Ciro Gomes (PDT), o terceiro colocado, aparece com 6,2%. Luciano Huck (sem partido) tem 5,8%. Sergio Moro (sem partido) tem 5,8%. João Doria (PSDB) tem 3,6%. João Amôedo (Novo) aparece com 2,6%. Luiz Henrique Mandetta (DEM) tem 1,4%.

Na intenção de voto para o segundo turno, mais uma vez Bolsonaro mostra a sua força e supera todos os rivais. “De forma até certo ponto surpreendente, o capital eleitoral do capitão reformado do Exército é quase o mesmo de antes da Covid-19.” Para a disputa do segundo turno, Bolsonaro aparece com 42,5% e Lula da Silva com 39,8%. Se a disputa for contra Ciro Gomes, que tem 35,3%, o presidente ganharia com 43,4%. Numa disputa contra João Doria — que teria 31,3% —, Bolsonaro venceria com 42,6%.

Lula da Silva: o petista é a principal ameaça para Bolsonaro | Foto: Reprodução/TV Folha

A rejeição de Bolsonaro é de 48,1%. É alta, mas Lula não fica atrás — com 47,1%. Ciro Gomes tem rejeição de 49,4%. A rejeição de João Doria é de 52,4%.

Mas a pesquisa, registra “Veja”, mostra também que a imagem do presidente começa a se deteriorar — devido aos problemas de sua gestão. “A taxa que considera o seu governo ótimo ou bom caiu 6 pontos porcentuais desde outubro (38,7% para 32,1%), enquanto a dos que considera ruim ou péssimo subiu 11 (32,1% para 43,1%). Em dezembro, a taxa de aprovação era maior que a de reprovação, situação que se inverteu na nova pesquisa”, assinala a revista. O cientista político José Álvaro Moisés, da USP, afirma que “o governo não tem consistência na questão mais importante, que afeta a vida das pessoas neste momento [o combate à pandemia do novo coronavírus]. Isso está solapando a imagem do presidente”.

A publicação da Editora Abril sublinha que, “entre as maiores rejeições, chama atenção o mau desempenho em faixas estratégicas da população — como jovens (58,7%) e mulheres (57%) — e no Sudeste, onde o índice cresceu 6 pontos porcentuais em dois meses e chegou a 54, 9%, praticamente o mesmo do Nordeste (55%), região mais hostil ao bolsonarismo. Outro alerta: mesmo que seja mantido até o ano que vem, o apoio de um terço do eleitorado garante a ida ao segundo turno, mas não a vitória no round final. O cenário que se desenha é de uma disputa acirrada, pois vem caindo a distância de alguns dos principais rivais: Lula, Ciro Gomes (PDT) e mesmo João Doria (PSDB)”.

Ciro Gomes: Lula da Silva parece esvaziá-lo | Foto: Reprodução

Lula da Silva é o político que polariza com Bolsonaro, pois estão tecnicamente empatados, com ligeira vantagem para o presidente. Ciro Gomes, dado o crescimento de Lula como elemento de polarização à esquerda, tem 6,2% das intenções de voto. Mas a revista avalia que “há espaço para crescer até 2022, como mostra o potencial de voto revelado no levantamento: 42,1% dizem que podem votar em Ciro e 39,9% afirmam o mesmo em relação a Doria. Uma das necessidades, no entanto, é que eles marquem diferenças em relação aos líderes, empunhando alguma bandeira com forte apelo popular”.

O discurso contra a corrupção, que certamente atingirá Lula da Silva — com potencial de esvaziá-lo —, pode alavancar um candidato de centro. Bolsonaro, que usou o tema em 2018, dificilmente terá como utilizá-lo em 2022 — dados os problemas gerados por seu filho Flávio Bolsonaro e seu primeiro-amigo Fabrício Queiroz, no esquema da rachadinha. O diretor do Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, frisa: “O lavajatismo é importante para a terceira via porque ele tem militância espontânea, tem eco na sociedade”. “Veja” acrescenta: “No cenário [num deles] do primeiro turno, aliás, o ex-juiz Sergio Moro, símbolo maior da Lava-Jato, aparece em terceiro lugar, atrás apenas de Bolsonaro e de Lula. Mesmo que não se candidate (algo cada vez mais provável), Moro pode ter um papel importante no caso de embarque em alguma campanha”.

Luciano Huck: nome de centro | Foto: Reprodução

A CPI da Pandemia vai criar desgaste para Bolsonaro, mas é preciso verificar quem vai capitalizá-la eleitoralmente. Até o momento, Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde e pré-candidato do Democratas a presidente, é quem tem capitalizado. Mas é preciso examinar o resultado final da CPI.

Murilo Hidalgo diz que o excesso de candidatos prejudica basicamente o fortalecimento de um candidato de centro. “O centro só vai ter alguma chance quando houver desistências. Há muitos nomes que provavelmente não serão candidatos, mas que estão ocupando espaço”, afirma.

João Doria e Eduardo Leite: os nomes do PSDB para a disputa | Foto: Reprodução

O que se deve concluir é que ninguém descolou e, por isso, nenhum dos postulantes pode cantar vitória desde já. O quadro está aberto, mas com dois favoritos: Bolsonaro e Lula da Silva.

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