Se a administração de Goiânia pelo ex-prefeito Pedro Wilson (PT) fosse comparada pelo senso comum à carreira de um piloto de Fórmula 1, muito provavelmente a maioria o enquadraria como alguém que teve a trajetória de Rubens Barrichello.

Ambos foram competentes no que fizeram, mas poucos são os que sabem reconhecer. Barrichello ficou marcado como “perdedor” depois de ter como companheiro de equipe o alemão Michael Schumacher, uma lenda do automobilismo. Foi destratado pelos humoristas do programa Casseta & Planeta, que criaram o personagem Rubinho Pé de Chinelo para zoar do brasileiro.

Em Goiânia, quando se candidatou à reeleição, Pedro Wilson tinha no currículo obras importantíssimas para a cidade. Somente o fato de ter tratado com dignidade os moradores da área de fundo de vale do Córrego Botafogo por ocasião das obras da marginal, construindo para eles o Residencial América Latina, um condomínio vertical “ao lado” de onde moravam – em vez de lhes “dar” um lote nos confins da cidade – já lhe valeria ao menos um busto.

Porém, em 2004, a campanha de Iris Rezende “barrichellizou” Pedro Wilson – no sentido de colocar alguém competente como inapto – e, utilizando-se de imagens indignas, como comparar o então prefeito a uma tartaruga para dizer que ele era “parado”, venceu a eleição. Quem se lembra bem daquela disputa recordará o quanto ela foi injusta com o petista.

Ironicamente, o “parado” Pedro foi um prefeito de muitas marcas com sua gestão – e em áreas que iam bem além do asfalto. Entre elas, concluiu a Marginal Botafogo da Avenida Independência até a Goiás Norte; construiu unidades de saúde, Cmeis e escolas em boa quantidade e em qualidade melhor ainda; idealizou e obteve recursos para o Projeto Macambira-Anicuns, que revolucionaria a sustentabilidade em Goiânia, mas teve apenas uma pequena parte executada pelos governos seguintes; e, talvez a medida mais visível, deu solução para a ocupação da Avenida Goiás pelos trabalhadores ambulantes.

Somente essa última ação já credenciaria definitivamente Pedro Wilson a ser designado superintendente regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. É que o projeto de revitalização da Goiás tornou a avenida uma das mais belas do País e com certeza o principal cartão postal da capital à época (hoje o projeto original foi em grande parte descaracterizado pelas obras do BRT).

O professor Pedro Wilson está com 81 anos e, ao ser nomeado, certamente precisará de técnicos e assessores de grande conhecimento e bastante dinâmicos. Mas seu currículo e sua trajetória pessoal já são os maiores atributos para o cargo.