Bastidores

Conselheiro do TCM afirma que apresentou a documentação, mas ainda recebeu sinal verde do INSS

O marqueteiro Renato Monteiro vai trabalhar na campanha de Daniel Vilela, pré-candidato do MDB a governador de Goiás.
Renato Monteiro não é apenas competente. Ele sabe tudo — ou quase — sobre os políticos de Goiás. O que facilita as conexões e desconexões com o marketing de cada um.

Políticos dizem que o senador Ronaldo Caiado não parece o político de outrora. Está mais reflexivo, menos tolerante e menos agressivo. Um marqueteiro e um linguista, a pedido do Jornal Opção, examinaram suas falas em entrevistas e concluíram que se trata de alguém que quer agradar e compor. O marqueteiro acrescenta: “Ele virou um personagem, como Lula da Silva em 2002, sob orientação de Duda Mendonça. Resta saber se na campanha, ante uma crítica mais dura, o personagem não perderá o papel para o Caiado real”.
Nos debates, se ocorrer conflitos, como vai reagir? Se explodir, o personagem desmonta em questão de minutos.
O linguista, ao examinar o discurso recente de Caiado, frisa que ele mantém o tom crítico, mas fala menos e de maneira mais cadenciada, o que significa que está pensando no que está dizendo. “Percebe-se que está tentando agradar alguém, talvez possíveis aliados, como o deputado federal Daniel Vilela.”
O marqueteiro sublinha que “Caiado está tentando, pela fala, passar a imagem de que se tornou um político conciliador, de alguém que aprendeu a agregar”. Está funcionando? Marqueteiro e linguista dizem que, independentemente de ser verdadeiro ou não, o senador é convincente.

[caption id="attachment_113175" align="aligncenter" width="620"] Foto: divulgação[/caption]
Um deputado perguntou a Daniel Vilela, pré-candidato a governador pelo MDB, qual era a possibilidade de desistir de sua postulação para apoiar Ronaldo Caiado, dando-lhe a chance de numerá-la de zero a dez.
Mal havia começado a falar, Daniel Vilela disse que a chance de apoiar Caiado é igual a zero.
O deputado saiu espalhando que a candidatura do presidente do MDB é pra valer.

A senadora Lúcia Vânia, mais do que o deputado federal Marcos Abrão (PPS), é a principal fiadora da indicação de Murilo Barra para titular da Secretaria Cidadã.
A aliados, Lúcia Vânia sugere que a indicação é do sobrinho Marcos Abrão, “esquecendo” que, na política, os dois são uma coisa só.
Sem a força da senadora, Marcos Abrão jamais teria conseguido emplacar Murilo Barra, um técnico eficiente — com experiência em Furnas, na Saneago e na Agehab —, na Secretaria Cidadã, que é gigante e, bem trabalhada, pode ser uma máquina de produzir, digamos, votos.

[caption id="attachment_118071" align="aligncenter" width="620"] Senadora Lúcia Vãnia | Foto: reprodução[/caption]
De um deputado federal: “A cúpula fechou com Lúcia Vânia para senadora. Mas a base não fechou. Há um cansaço intenso com relação à senadora, mas os líderes parecem não perceber o óbvio”.
É provável que o cansaço não seja só entre os políticos da base. “Lúcia Vânia pode ser vítima da renovação geral da sociedade brasileira”, afirma o deputado.

Recuperando-se de uma pneumonia, o ex-senador Iram Saraiva, de 73 anos, disse ao Jornal Opção que pode se filiar ao PMN para disputar mandato de deputado federal na eleição de outubro. “Mas não há nada definido, sobretudo porque o país está caótico e não tenho recursos financeiros para bancar uma campanha.”
Lúcido e articulado, Iram Saraiva continua lendo vários livros. E até escreve alguns.


[caption id="attachment_100164" align="aligncenter" width="620"] Foto: Divulgação / Ruber Couto[/caption]
O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), tem incentivado o procurador de justiça Demóstenes Torres (PTB) a disputar mandato de deputado federal. “Respeito a opinião do governador, mas aviso, desde já, que vou disputar mandato de senador. Quero reescrever minha história e isto se dará com a volta ao Senado.”

De um conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM): “Fala-se que Maguito Vilela pode disputar o governo de Goiás, se seu filho, Daniel Vilela, não emplacar. Por que ninguém esclarece que o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia está inelegível?”
Pelo menos no momento, frisa o conselheiro, Maguito Vilela não pode ser candidato a nada. Não pode nem mesmo ser suplente do senador Wilder Morais (PP).

O deputado estadual Francisco Júnior (PSD), que apoia José Eliton (PSDB) para governador, sugere que é preciso um envolvimento total da base aliada para mudar os rumos da eleição de 2018.
Francisco Júnior afirma que trabalho intenso, feito de maneira articulada e levando em conta o que pensa a sociedade, costuma mudar quadros políticos que, inicialmente, pareciam imutáveis.
“Ninguém vende voto, as pessoas vendem a dignidade, e a gente precisa trabalhar essa situação melhor. Este ano é o momento oportuno, por ser um ano eleitoral. Nós precisamos fazer isso, precisamos nos envolver de forma honesta, todos os problemas que vemos no Brasil decorrem de uma má postura”, afirma Francisco Júnior.

Duas coisas que o prefeito de Catalão, Adib Elias, e Ronaldo Caiado têm em comum: não morrem de amores pelo Tribunal de Contas dos Municípios e não toleram Daniel Vilela. Os dois, se pudessem, trabalhariam, dia e noite, pelo fechamento do TCM e exilariam o deputado federal em Jataí.
A rigor, por uma questão de justiça, Caiado não tem falado em extinguir o órgão. É provável que Adib Elias seja mais radical.

Um cientista político afirma que, como o DEM não é controlado inteiramente por Ronaldo Caiado — a maioria dos prefeitos democratas está na base do governador Marconi Perillo, do PSDB —, o pré-candidato a governador mantém-se escorado nos evangélicos. “O PE, ‘Partidos dos Evangélicos’, banca o senador.”

Não deixa de ser curioso que Ronaldo Caiado tenha mais apoio no MDB — por exemplo, de seus cinco principais prefeitos, Iris Rezende, de Goiânia, Paulo do Vale, de Rio Verde, Adib Elias, de Catalão, Ernesto Roller, de Formosa, e Renato de Castro, de Goianésia — do que no DEM.

A Assembleia de Deus, por intermédio de vários pastores, como Oídes José do Carmo, apresenta um argumento convincente: se Ronaldo Caiado for eleito governador, seu suplente, Luiz Carlos do Carmo, ganha quatro anos de mandato de senador na maré-mansa.
Luiz Carlos do Carmo é evangélico da Assembleia de Deus e irmão de Oídes José do Carmo.