Bastidores
Na semana passada, ao inaugurar o trecho duplicado da rodovia BR-060, entre Rio Verde e Jataí, o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, ficou irritado com uma pergunta-crítica de um integrante da Associação Comercial e Industrial de Rio Verde. O membro da Acirv comentou que a duplicação da BR-060 — entre Goiânia e Rio Verde — caminha a passo de tartaruga. Frisou também que, apesar de não estar concluída, o governo da presidente Dilma Rousseff a “inaugurou”. Noutras palavras, o governo federal estaria inaugurando trechos como se fosse a obra toda. Irritado, Paulo Sérgio Passos disse que o governo de Dilma Rousseff está empenhado em melhorar a malha rodoviária do País. Veja-se como os tempos estão mudados. Na década de 1950, ao participar de um comício em Jataí, o candidato a presidente da República Juscelino Kubitschek anunciou que iria transferir a capital do País para o Planalto Central e cumpriu a promessa. Agora, quase 60 anos depois, e no mesmo Sudoeste, um ministro se irrita porque o governo federal está inaugurando uma obra que não está concluída. O Brasil piorou mesmo.
A presidente Dilma Rousseff, se reeleita, pretende fazer uma reforma geral no governo. Não vai romper com sua base política, até porque não tem condições para fazer isto, mas em alguns setores quer ministros com o seu perfil. A senadora reeleita Kátia Abreu (PMDB), por exemplo, deverá ser indicada para o Ministério da Agricultura. Presidente da Confederação Nacional da Agricultura, Kátia Abreu tem sido sondada pela presidente há vários meses. Se assumir, pretende ser a primeira ministra a implantar uma política agrícola no País. A senadora pode levar o suplente de deputado federal José Mário Schreiner (PSD) para sua equipe. Aí os dois seriam interlocutores do governador Marconi Perillo junto ao governo federal. Mas o suplente Schreiner quer ser deputado federal.
Se Aécio Neves for derrotado, é muito provável que o PSDB banque um candidato fora do eixo São Paulo-Minas Gerais para presidente da República em 2018. O governador de Goiás, Marconi Perillo, ao obter sua quarta vitória, credencia-se para a disputa. O País parece um tanto cansado de integrantes da política do Café-com-Leite.
Está pegando mal junto a setores do governo Marconi Perillo o fato de que a secretária da Educação, Vanda Siqueira Batista, estaria articulando abaixo-assinado, teoricamente feito por funcionários da área, clamando para ser mantida. Vanda vai ser mantida no governo, mas a secretaria terá outro titular. O tucanato não quer uma clone feminina de Thiago Peixoto no cargo. A tese: não basta ser um secretário eficiente, sobretudo, dizem aliados do governador, é preciso saber lidar com as pessoas que trabalham na área. Tecnicamente, Peixoto foi irrepreensível, mas saiu com muito desgaste. O perfil apontado como adequado é o da ex-secretária Raquel Teixeira.
O ex-reitor da Universidade Federal de Goiás Edward Madureira, do PT, diz que, mesmo se for convidado, não aceitará a Secretaria de Educação do governo de Goiás. O petista frisa que tem respeito pelo governador Marconi Perillo, mas, por uma questão de coerência partidária, não deve assumir o cargo. “Esclareço que nem fui sondado”, frisa.
Não procede que o ex-presidente da Comurg Luciano de Castro comprou um apartamento para o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), na cidade de São Paulo. Na verdade, trata-se de mais um boato — sem qualquer evidência documental — que um grupo de vereadores está espalhando há algum tempo. O petista não adquiriu nenhum apartamento em São Paulo durante seu mandato de prefeito de Goiânia. A maledicência dos vereadores não contribui em nada para o avanço da sociedade democrática.
Por que Iris Rezende foi cassado? Tem gente que acredita que tem a ver com algum enfrentamento com a ditadura. Nada disso. Iris Rezende, prefeito de Goiânia, passava o tempo adulando militares. Tanto que colocou o nome de Marechal Ribas Júnior num colégio da Vila Redenção. O peemedebista-chefe era uma espécie de vivandeira. Na verdade, Iris foi cassado porque aliou-se a um general, Albuquerque Lima, que caiu em desgraça junto à cúpula das Forças Armadas. Lima queria ser presidente e foi esvaziado. Mal informado, Iris não sabia que os militares não deixariam um general de três estrelas assumir o governo. Então, Iris foi cassado porque aliou-se ao general errado.
O empresário Júnior Friboi, que tende a ser expulso do PMDB, pode ser convocado para o cargo de secretário da Indústria de um possível quarto governo de Marconi Perillo. Na verdade, Friboi não está se oferecendo para cargos. Porém, se for convocado, provavelmente aceitará assumir o comando da SIC. Friboi planeja disputar o governo de Goiás em 2018.
O ex-prefeito de Goiânia Iris Rezende (PMDB) vai ganhar pelo menos um título: ficará na história de Goiás como o único político que perdeu três eleições para governador... e para um só político, o governador Marconi Perillo (PSDB). Fica-se com a impressão que, de certa forma, Iris Rezende sente algum prazer com as derrotas. Seria uma espécie de masoquismo inconsciente. Marconi começou a aposentá-lo há 16 anos, em 1998, e este ano acabou de aposentá-lo.
Até parentes de Iris Rezende dizem que o peemedebista-chefe precisa deixar a política e abrir espaço para uma geração. Eles apostam que, se disputar a Prefeitura de Goiás, em 2016, Iris Rezende pode amargar outra derrota.
Peemedebistas mais preparados intelectualmente acreditam que o PMDB só voltará ao poder em Goiás quando Iris Rezende aposentar-se politicamente em definitivo. Eles afirmam que, como não permite a renovação do partido, Iris Rezende impede suas vitórias. Sem Iris no páreo, nem mesmo como consultor, o PMDB poderá, finalmente, adotar um discurso crível de renovação e mudança.
O deputado federal Sandro Mabel, dono de uma fortuna estimada em mais de 1 bilhão de reais, acredita que, como pagou o marketing da campanha do candidato do PMDB a governador de Goiás, Iris Rezende, será apoiado por ele para presidente do PMDB e, sobretudo, para prefeito de Goiânia em 2016. Mabel disse a aliados que, ao financiar o marketing da campanha de Iris, ganhou a garantia de que será o candidato do partido a prefeito de Goiânia. Porém, até seus aliados duvidam que Iris Rezende vai cumprir a promessa. Acredita-se que o decano, que fará 83 anos em 2016, será o candidato a prefeito da capital e que Mabel ficará chupando o dedo.
Um irista disse ao Jornal Opção que hoje há três PMDBs. O de Iris Rezende é, por enquanto, hegemônico. O segundo é o do prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, dos deputados Leandro Vilela (federal) e Daniel Vilela (federal eleito) e do prefeito de Jataí, Humberto Machado. O terceiro grupo é o de Júnior do Friboi, Frederico Jayme, Francisco Bento e Robledo Rezende. Para combater o grupo de Iris Rezende, os grupos de Maguito e Friboi podem ser unir. A tendência é que o grupo de Maguito assuma o comando do partido.
Eleito deputado federal com uma votação extraordinária, Daniel Vilela é, hoje, a principal estrela do PMDB. Uma estrela em ascensão. Hábil nas negociações, considerado o político mais bonito de Goiás, bom de voto, apoiando por um grupo forte, Daniel Vilela (ou Leandro Vilela) deve ser eleito presidente do PMDB em dezembro e é cotado para disputar o governo em 2018. Enganam-se aqueles que acreditam que Daniel é apenas “o filho de Maguito Vilela” e um “rosto bonito”. O garoto está cada vez mais preparado, é ponderado e agregador. Sobretudo, tem comportamento de líder.
O decano Iris Rezende não quer repassar o controle do PMDB para o grupo de Maguito Vilela e Junior Friboi. O peemedebista-chefe chegou a confidenciar a aliados que pensa em convidar Ronaldo Caiado a filiar-se ao PMDB e, em dezembro, ele assumiria o comando do partido. Não se sabe se Iris Rezende falou isto a sério. Se foi, deve levar em consideração que, recém-eleito senador, Ronaldo Caiado dificilmente deixará o DEM. Se tentar, o partido poderá tomar-lhe o mandato.