Bastidores

Em seu retorno ao Senado, após licença de 120 dias resolvendo questões pessoais, Wilder Morais (DEM-GO) voltou muito mais ácido e crítico em relação ao governo federal. Seus posts no Twitter evidenciam suas críticas. Num de seus tweets recentes e com grande alcance, ele aborda o crime de Dilma em relação ao descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal: “Desrespeito à Lei de Responsabilidade Fiscal é coisa séria. Isso é uma prova clara que o governo perdeu o prumo da retidão administrativa”.
Mas Wilder tem ressaltado que suas críticas “não são guiadas pelo viés meramente partidário, e que não torce para que o pior aconteça no governo petista, pois aí seria torcer contra 200 milhões de brasileiros”. Segundo o parlamentar, essa linha de ação não bate com seu perfil político, e que está no Senado “para travar uma luta de ideias para melhoramento do País, principalmente de Goiás, e não para luta demarcatória de território político-partidário”.
Para Wilder, o governo petista tem feito o Brasil viver uma fase de corrupção “sem paralelo em sua história”. Ele diz mais, alvejando a Operação Lava Jato: “É muito dinheiro indo para o ralo, ou melhor, para o bolso de corruptos, que não deveriam estar gerindo dinheiro público”.

Dadas sua estrutura e sua capilaridade política, a base do governador Marconi Perillo vai lançar candidatos a prefeito em todas as cidades de Goiás. Mas 14 cidades, com o acréscimo de Valparaíso, Nova Gama, Ceres e Uruaçu, são apontadas como decisivas. Prioridades do tucano-chefe: Alexandre Baldy (PSDB) — Anápolis; Chico Bala (PTB) — Itumbiara; Delegado Waldir Soares (PSDB) — Aparecida de Goiânia; João Fachinello (PSDB) — Cristalina; Gláucia Melo (PSDB) — Porangatu; Heuler Cruvinel (PSD) — Rio Verde; Hildo do Candango (PTB) ou Geraldo Messias (PP) — Águas Lindas; Itamar Barreto (PSD) ou Tião Caroço (sem partido) — Formosa; Jânio Darrot (PSDB) — Trindade; Jardel Sebba (PSDB) — Catalão; Jayme Rincon (PSDB) — Goiânia; Marcelo Melo (Pros) — Luziânia; Misael Oliveira (PDT) — Senador Canedo; Victor Priori (PSDB) — Jataí; Caldas Novas — Evandro Magal (PP); Morrinhos — Rogério Troncoso (PTB).

[caption id="attachment_22708" align="alignright" width="620"] Friboi (priemiro à direita) deve começar périplo pelo interior para iniciar a organização de candidaturas para prefeito | Fotos: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
Trava-se uma guerra surda pelo controle do PMDB de Goiás. De um lado, o grupo do prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela — do qual participam o empresário Júnior Friboi, o deputado federal eleito Daniel Vilela, os deputados federais Leandro Vilela e Pedro Chaves e o prefeito de Jataí, Humberto Machado. Maguito, que fala em nome do grupo, insiste que, para sobreviver, o PMDB precisa se renovar, e já. Do outro lado, o grupo de Iris Rezende trabalha, em tempo integral, para travar a renovação.
Recentemente, Iris Rezende convocou Samuel Belchior para uma conversa. O deputado estadual avisara-lhe que, a partir de 2015, iria cuidar de seus negócios — loteamentos que valem milhões de reais — e que deixaria a presidência do PMDB em março, abrindo espaço para a disputa pelo comando. O ex-prefeito de Goiânia fez um apelo veemente ao jovem líder peemedebista: “Não renuncie”. Ante o apelo, feito com olhos lacrimejantes, Samuel Belchior decidiu continuar na direção do partido até o final de 2015, quando será realizada eleição para a presidência do Diretório Regional do partido.
A tese de Iris Rezende: se a disputa fosse feita em março, no calor de sua derrota para o governo — seu terceiro fracasso eleitoral —, tendo ficado com a imagem de que não permite a renovação, ele seguramente perderia o controle do partido para o grupo de Maguito Vilela-Júnior Friboi. O deputado Daniel Vilela provavelmente seria eleito presidente do PMDB. Se isto acontecesse, na opinião do irismo, Iris Rezende não conseguiria se candidatar a prefeito de Goiânia ou indicar seu possível candidato.
Mas é provável que Iris Rezende tenha apenas adiado sua derrocada no partido. Porque, a partir de 2015, com a ida de Daniel Vilela para a Câmara dos Deputados e em decorrência de Iris Araújo deixar de ser deputada federal, vai se tornar, politicamente, mais frágil. Seu grupo não tem nenhum deputado federal. O grupo de Maguito Vilela tem dois deputados federais, Daniel Vilela e Pedro Chaves, além dos prefeitos de Aparecida de Goiânia e de Jataí. Em termos nacionais, Iris Rezende praticamente não contará, e isto vai influenciar localmente.
O grupo de Maguito Vilela-Júnior Friboi projeta o seguinte cenário: impedir que Iris Rezende seja candidato em Goiânia, ou lance um nome de seu grupo, e bancar nomes consistentes tanto na capital quanto em Aparecida de Goiânia. Ao mesmo tempo, o empresário, com apoio de Maguito Vilela e Daniel Vilela, vai começar um périplo pelo interior para iniciar a organização de candidaturas para prefeito nas principais cidades do Estado.
Se Iris Rezende conseguir disputar a Prefeitura de Goiânia, Júnior Friboi vai buscar abrigo noutro partido, como o Pros. Porém, se o empresário se tornar figura dominante do partido, cacifando-se para a disputa do governo de Goiás, em 2018, o ex-prefeito vai, aos poucos, se afastar, abrindo até a possibilidade de desfiliar-se.

[caption id="attachment_22700" align="alignright" width="300"] Chiquinho Oliveira e Helio de Sousa: os dois nomes mais fortes para a disputa da presidência da Assembleia Legislativa no próximo ano | Fotos: Divulgação e Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
Quem encontrou o deputado eleito Francisco Oliveira (PHS) na sexta-feira, 5, ficou convencido de que sua candidatura à presidência da Assembleia está mais firme do nunca. Estava muito animado com as conversas que manteve na quinta-feira, 4, com o governador Marconi Perillo, o vice-governador José Eliton e o presidente da Agetop, Jayme Rincón. Chiquinho Oliveira teria recebido forte sinalização para tocar sua candidatura. Com base nessas conversas, chegou a cancelar viagem de férias que faria com a família, antes do Natal, para acelerar as articulações.
A avaliação do núcleo político do governador Marconi é que Chiquinho Oliveira reúne as qualidades para comandar a Assembleia. Além da inquestionável lealdade ao governo e a Marconi, é conhecido como articulador político habilidoso e tem uma larga experiência legislativa, que soma nada menos que três mandatos como presidente da Câmara Municipal de Goiânia. Um presidente com este perfil daria tranquilidade ao governo na tramitação de matérias polêmicas, que o Palácio das Esmeraldas acredita serem essenciais no decorrer do quarto mandato de Marconi.
Além das qualidades que o núcleo político do governador enxerga na candidatura de Chiquinho Oliveira, um palaciano afirma que começaram a surgir resistências ao nome do concorrente direto de Chiquinho, o deputado Helio de Sousa. Para os aliados mais próximos de Marconi, é difícil engolir a eleição para presidente da Assembleia de um deputado que votou em Ronaldo Caiado na última eleição. Helio de Sousa é do DEM, mesmo partido de Caiado, e fez parte da aliança de Iris Rezende na disputa para o governo. Caiado é tido hoje como o mais ferrenho adversário de Marconi. Além disso, há dois anos Helio de Sousa teria sido convidado a deixar o DEM e se filiar num partido da base, mas recusou o convite, preferindo ficar ao lado de Caiado.
Nos bastidores, Caiado já trabalha pela reeleição de Helio de Sousa, pois acredita que, se o deputado do DEM conseguir se manter na presidência da Assembleia, isso aumentará seu cacife em Brasília, especialmente junto ao comando nacional do seu partido. Outra questão: não deixa de ser estranho que a articulação de Helio de Sousa esteja sendo feita pelo PMDB e pelo PT.

[caption id="attachment_17229" align="alignright" width="620"] José Vitti sugeriu que estará a postos, à espera do apoio de Marconi Perillo | Foto: Ascom/Assembleia Legislativa[/caption]
O deputado José Vitti comentou com um deputado que está assistindo de camarote a disputa entre Helio de Sousa (DEM), bancado pelo DEM, pelo PMDB e pelo PT, e Chiquinho Oliveira (PHS) pelo direito de presidir a Assembleia Legislativa de Goiás.
Vitti acredita que, como a disputa está se acirrando, vai chegar um momento em que o governador Marconi Perillo terá de procurar um tertius que tenha bom trânsito na Assembleia e que seja de seu partido, o PSDB. O tucano sugeriu que estará a postos, à espera do apoio do tucano-chefe.
O problema de Vitti é que, segundo um integrante do DEM, não frequenta muito o plenário da Assembleia. “Ele cuida mais de seus negócios particulares.”

Admitindo a tese de que na política ninguém sobrevive isolado e brigado, o trio parada dura de Rio Verde — o prefeito Juraci Martins (PSD), o deputado federal Heuler Cruvinel (PSD) e o deputado estadual eleito Lissauer Vieira (PSD) — comeu a soja da paz.
Martins, Cruvinel e Vieira entenderam, finalmente, que, separados, seriam presas fáceis para o discurso de oposição do pré-candidato do PMDB a prefeito do município, Paulo do Vale.
Por isso, na semana passada, o trio reuniu-se e definiu: o candidato a prefeito pelo PSD será Cruvinel. Vieira acatou a ideia de que, em política, há “fila” e sugeriu que vai ficar mesmo na Assembleia Legislativa.

[caption id="attachment_22144" align="alignright" width="620"] Welington Peixoto é o nome mais forte | Foto: Marcello Dantas/Jornal Opção Online[/caption]
Alguns vereadores garantem que o governador Marconi Perillo (PSDB) e o prefeito Paulo Garcia (PT) não entraram pra valer, apoiando “A” ou “B”, na disputa pela presidência da Câmara Municipal de Goiânia. Quem está mandando alguns sinais é o ex-prefeito Iris Rezende, que teria dito a vereadores de seu partido que a “melhor escolha” é a vereadora Célia Valadão (PMDB). Os peemedebistas respeitam Iris e Célia, mas sugere que não tem experiência e tutano para dirigir a casa. Há quem avalie que Denício Trindade (PMDB) pode deixar a Secretaria da Habitação da Prefeitura de Goiânia para dirigir o Legislativo.
Porém, enquanto se fala na intervenção das cúpulas, os vereadores articulam por si sós. O bloco independente, composto de 8 integrantes, uniu-se às oposições e tende a bancar um candidato. Se a eleição fosse hoje, o blocão provavelmente faria o presidente, pois teria também os votos dos oposicionistas, aproximadamente 12 nomes. Wellington Peixoto é o nome forte.
As oposições estão discutindo nomes e, sobretudo, critérios para escolha do presidente, como unidade do grupo, defesa da cidade e não do prefeito, valorização do vereador, credibilidade do candidato interna (Câmara) e externa (sociedade). O candidato precisa ter uma presença ativa na Câmara e levar suas ações para a população.
Entre a Superintendência de Indústria e Comércio e a companhia Goiasindustrial, o empresariado anapolino tende a optar pela segunda, ficando a primeira com Aparecida de Goiânia ou Rio Verde. Aposta-se que, esvaziada, a superintendência não terá força alguma. Será meramente decorativa. Mas a Goiasindustrial, que tem autonomia, permaneceria forte.
Se Júnior Friboi decidir indicar alguns de seus integrantes para o governo de Marconi Perillo, os nomes mais cotados são Robledo Rezende, que iria para alguma área ligada à agricultura, e Francisco Bento, que é expert em turismo. Os dois são advogados, não estão pleiteando cargos, mas, se forem convocados e se Friboi não colocar nenhum obstáculo, irão para o governo. Tanto Robledo quanto Francisco já participaram de governos. São experimentados.
Se não for derrubada pelo grupo JBS, liderado por Joesley Batista — que conversou com o “primeiro-ministro” Aloizio Mercadante —, a senadora Kátia Abreu será uma das ministras, da Agricultura, mais fortes do segundo governo Dilma Rousseff. Por meio de amigos, a peemedebista sugeriu ao governador Marconi Perillo que mande o suplente José Mário Schreiner (PSD) para a Câmara dos Deputados. Schreiner, em Brasília, agradaria tanto Kátia Abreu quanto Dilma Rousseff. Seria um aliado a mais.

[caption id="attachment_22666" align="alignright" width="620"] Deputados Sandro Mabel (esquerda) e Armando Vergílio querem a vice em 2016 | Fotos: Jornal Opção[/caption]
O deputado federal Sandro Mabel conversou demoradamente com dois políticos do PMDB. A um deles, deputado, frisou que Aparecida de Goiânia não frequenta seus sonhos de gestor. O que ele quer mesmo é ser prefeito de Goiânia. Ao segundo interlocutor, o peemedebista abriu outra janela, sublinhando que, se Iris Rezende for candidato a prefeito de Goiânia, em 2016, vai apresentar seu nome para a vice. Como o decano peemedebista terá 83 anos, em 2016, Mabel acredita que na disputa seguinte, em 2020, quando terá 87 anos, não será candidato e o apoiará.
Mabel parte do pressuposto de que, em 2016, se Iris Rezende disputar, não sobrará espaço para mais ninguém. Mas o empresário, que não quer mais disputar pleito proporcional, acredita numa outra hipótese. Ele sugere, nas conversas, que, escaldado pela derrota de 2014, Iris talvez não dispute eleição para prefeito e abra espaço para um aliado, no caso, o próprio Mabel. Problema: o deputado Armando Vergílio também estaria planejando ser vice de Iris Rezende.
Agora é oficial: o governador Marconi Perillo (PSDB) convenceu o deputado federal eleito Waldir Soares (PSDB) a transferir seu título eleitoral para Aparecida de Goiânia. O delegado de polícia, o mais bem votado da história de Goiás, estava indeciso, pois havia chegado a pensar em disputar a Prefeitura de Goiânia, mas acabou decidindo que, a partir de agora, vai se preparar para o próximo pleito, em Aparecida de Goiânia. Entre 2015 e 2016, o Delegado Waldir quer consagrar-se como um parlamentar eficiente, aprofundando suas ações em defesa de uma segurança pública mais rigorosa e de penas duras para os criminosos. Embora seja extemporâneo, a primeira pesquisa eleitoral feita em Aparecida de Goiânia mostra que o Delegado Waldir é favorito, superando tanto Euler Morais (PMDB), suposto pré-candidato apoiado pelo prefeito Maguito Vilela (PMDB) quanto Ozair José (PT) e Ademir Menezes (PSD). Na espontânea, o único que o supera é Maguito Vilela, que não pode disputar eleição em 2016. O PSDB planeja casar as campanhas do Delegado Waldir, em Aparecida, e do presidente da Agetop, Jayme Rincón, em Goiânia. O objetivo, claro, é impor uma derrota ampla ao PMDB. Acredita-se, também, que o deputado federal Alexandre Baldy tende a ser eleito prefeito de Anápolis. Assim, além do governador, o PSDB teria o controle das três principais prefeituras do Estado de Goiás.

[caption id="attachment_22690" align="alignright" width="250"] Flávio Borges é mestre em Direito e professor da UFG[/caption]
Se confirmada a renúncia de Henrique Tibúrcio da presidência da OAB-Goiás, Flávio Borges será candidato para concluir o mandato-tampão, até o final de 2015. A eleição é indireta.
Flávio Borges, mestre em Direito e professor da Universidade Federal de Goiás, é considerado um nome categorizado.
Quando o nome de Flávio Borges foi anunciado como possível substituto de Henrique Tibúrcio, vários advogados disseram, aliviados: “Menos mal”.
O fato é que a categoria gostaria que Henrique Tibúrcio, cotado para a Casa Civil do governo de Marconi Perillo, permanecesse no comando da OAB. Mas avalia que Flávio Borges está à altura do cargo de presidente da Ordem.
As oposições vão bancar Lúcio Flávio para a disputa da presidência da OAB, no final de 2015. O grupo do pré-candidato não vai apostar na candidatura do desembargador aposentado Paulo Teles. Paulo Teles pode, assim, se apresentar como a terceira via, tanto contra o grupo de Henrique Tibúrcio quanto contra o grupo de Leon Deniz.

[caption id="attachment_22653" align="alignright" width="620"] Se depender do governador, Frederico Jayme assume cargo de proa | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção Online[/caption]
O ex-presidente da Assembleia Legislativa de Goiás e ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado Frederico Jayme continua dizendo que não deve ocupar cargo no quarto governo de Marconi Perillo. No entanto, se depender do tucano-chefe, o advogado assumirá algum cargo de proa. Aos amigos, Frederico Jayme afirma que prefere atuar na advocacia e cuidar de seus negócios particulares.