Paço Municipal pode bancar Leandro Sena contra Romário Policarpo em 2022

04 maio 2021 às 16h18

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Rogério Cruz não quer ficar refém do jogo político do presidente da Câmara e criou uma “zona de instabilidade” para ele

O prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, do Republicanos, e o presidente da Câmara Municipal, Romário Policarpo, do Patriota, são aliados políticos. Os dois montaram uma engenharia perfeita, o que garante a governabilidade do gestor — em sintonia com os vereadores. Mas mesmo aliados entram, às vezes, num processo de relativa desconexão.
O busílis da questão é um só. O vice-prefeito de Goiânia é o presidente da Câmara, Romário Policarpo. Porque o vice era Rogério Cruz, que, com a morte de Maguito Vilela, assumiu o cargo de prefeito.
Examinando o processo eleitoral da Assembleia Legislativa, onde Lissauer Vieira foi reeleito com antecedência, Romário Policarpo decidiu antecipar a eleição na Câmara. Portanto, seu grupo criou uma resolução pela qual antecipava-se a eleição e criava funções — em tese, sem aumentar despesas —, mas um grupo de vereadores, alinhados com o Paço Municipal, decidiu impedir a sua aprovação. Vinte e cinco vereadores ficaram com o Paço e contra Romário Policarpo.

Há dois recados de Rogério Cruz. Primeiro, Romário Policarpo não tem o controle total da Câmara. Segundo, o prefeito pode bancar um candidato para a sucessão do presidente (a eleição ocorrerá no final de 2022).
Na próxima disputa, o Paço Municipal tende a bancar o vereador Leandro Sena, do Republicanos, para substituir Romário Policarpo. Será difícil, porque o líder do Patriota é um político hábil e agregador. Porém, ao perder uma queda de braço para Rogério Cruz, ficou evidenciado que não é imbatível e tem uma certa vulnerabilidade.

Se quiser chegar forte em 2022, Romário Policarpo terá de recompor sua base. Mas o que tem a oferecer aos vereadores?
Político inteligente, de rara perspicácia, Romário Policarpo certamente entendeu que não está enfrentando unicamente o vereador Lucas Kitão, do PSL, e mais 24 vereadores. A pedra no seu caminho é o prefeito Rogério Cruz, que está se mostrando um articulador atento e que, apesar de pensar no presente, já está de olho no futuro. “O prefeito não quer e não vai ficar nas mãos de Romário”, sumariza um vereador. “O prefeito soube, com o apoio do secretário de Governo, Arthur Bernardes de Miranda, criar uma “zona de instabilidade” para o presidente do Legislativo. Depois do céu de brigadeiro, as nuvens cumulonimbus”, acrescenta.