Na disputa entre Marconi e Friboi, dinheiro tem peso mas o candidato é que fará a diferença
10 maio 2014 às 13h50
COMPARTILHAR
O discurso da “mudança” e do “novo” está no ar. Mas resta saber qual ou quais candidatos cabem no figurino. Até o momento, pelo menos, os eleitores não identificaram quem simboliza a “mudança” e o “novo” em Goiás. Há um certo grau de opacidade e, para a surpresa de muitos, o político que está sendo mais observado — e já mais positivamente — é o governador Marconi Perillo (PSDB). É, porém, cedo para avaliações peremptórias.
Há pesquisadores e marqueteiros que dizem que os resultados das pesquisas atuais revelam mais “conhecimento” do que “aprovação real” dos pré-candidatos. Eles sugerem que é na campanha, quando os candidatos estão expostos, e se pode apresentar o contraditório, que os eleitores efetivamente se definem. Sobretudo, ao menos os consultados pelo Jornal Opção, os especialistas sustentam que nas eleições deste ano, se o discurso da mudança não for apropriado por nenhum candidato, se as luvas do “novo” não servirem nas mãos daqueles que se apresentam como “novos”, os eleitores tendem a votar naquele candidato que, apontado como experiente, deu provas de que saber gerir a máquina pública em prol da sociedade. Os eleitores, se apreciam a “mudança”, não têm qualquer paixão por aventuras. Os eleitores são menos aventureiros do que alguns candidatos.
Como Júnior Friboi vai fazer uma campanha cara — dolarizada, dizem —, e o governador Marconi Perillo fará uma campanha bem profissional, a tendência é que a batalha se dê entre estruturas. Acredita-se que a campanha de Friboi vai movimentar mais dinheiro, mas também se diz que não faltará dinheiro à campanha tucana. Daí que, a partir de certa quantidade de dinheiro no mercado político, as coisas se igualam. Estruturas equivalentes se anulam — e aí o que faz a diferença não é, portanto, dinheiro, e sim o candidato.
Friboi é inexperiente e o trabalho básico do marqueteiro Duda Mendonça e de seus aliados políticos é torná-lo mais profissional. O empresário terá quatro meses e 25 dias para aprender a fazer política e a dialogar com os eleitores, com a sociedade. Sabendo que enfrentará, em 5 de outubro deste ano, um profissional da política altamente qualificado,
que sabe até o pulo desconhecido do gato, pode-se concluir que se trata de pouco tempo.
Friboi não tem cultura, mas é um homem inteligente e pragmático. Mas, nos debates e nos programas de televisão, por mais orientado que seja, estará por conta própria — solitário. O leitor vai prestar muita atenção se o que está dizendo é crível e, sobretudo, se tem preparo para gerir o Estado. Se continuar falando errado, com concordâncias verbais tortas, o eleitor certamente desconfiará de seu preparo para governar Goiás.
Comenta-se entre peemedebistas que Friboi sabe ouvir, mas o problema é que, como ouve várias vozes, eventualmente se confunde, sobretudo porque não tem ideias próprias sobre vários assuntos. Por exemplo: o marqueteiro manda que fale sobre escola de tempo integral, mas a impressão que se passa é que o pré-candidato não tem uma visão exata do que isto significa. Friboi entende muito de boi, mas Goiás, diria o poeta e prosador Brasigóis Felício, não é mais “Boiás”. O Estado modernizou-se. Friboi teria sintonia com este Estado avançado, menos ruralizado, dinâmico e, educacionalmente, mais bem preparado? O empresário fala ao coração e à razão deste Goiás moderno e, sem dúvida, refratário àqueles que, no fundo, representam a vanguarda do atraso? As respostas ficam para o leitor.