O Jornal Opção ouviu dois marqueteiros e dois pesquisadores que têm experiência com a política de Anápolis e pediu que avaliasse o quadro pré-eleitoral.

O mais experimentado dos marqueteiros avalia que, “dependendo da performance dos candidatos da direita, o postulante pelo PT, o deputado estadual Antônio Gomide, pode ser eleito no primeiro turno”.

De acordo com o marqueteiro, a força de Antônio Gomide não deriva do PT e de Lula da Silva — “os dois atrapalham em Anápolis” —, e sim do fato de ter sido um “gestor eficiente” em dois mandatos.

Agora, se não ganhar no primeiro turno, sugere o marqueteiro, Antônio Gomide poderá ter problemas. Porque as direitas podem se unir, ainda que aos trancos e barrancos, e vencê-lo. O deputado do PT não obterá novos apoios no segundo turno. Mas qualquer um dos candidatos da direita deve conquistar mais apoio.

Um pesquisador postula que o pré-candidato do PL, Márcio Corrêa, conta com alguns trunfos. Primeiro, é fato novo na política de Anápolis, até por não ter vínculos com forças antigas e tradicionais da cidade. Segundo, é jovem e bem-sucedido como empresário. Terceiro, conta com o apoio do bolsonarismo, do ex-presidente Jair Bolsonaro, do senador Wilder Morais e do ex-deputado federal Major Vitor Hugo. Quarto, desde já, aparece em segundo lugar, ou seja, é visto como uma alternativa ao candidato petista.

Um dos pesquisadores, que eventualmente opera como marqueteiro, afirma que não se pode subestimar Eerizânia Freitas, a pré-candidata apoiada pelo prefeito Roberto Naves. “Fala-se em desgaste de Roberto Naves, o que é normal num segundo mandato. Porém, examinei duas pesquisas qualitativas e posso concluir que o prefeito não está ‘morto’ politicamente e que transfere votos para sua postulante. O fato de Eerizânia ter o apoio do governador Ronaldo Caiado vai fortalecê-la. Trabalho com política há mais de 30 anos e sei que estrutura conta muito, às vezes é decisiva, em disputas eleitorais. Então, a base da campanha da candidata do União Brasil será sólida e poderá fazer a diferença.”

O pesquisador-marqueteiro admite que, no momento, “Eerizânia Freitas ainda não representa uma força considerável — é possível que tenha entre 5% e 8%, contra, quem sabe, 16% de Márcio Corrêa e cerca de 40% de Antônio Gomide. Os números atuais devem ser mais ou menos estes. Mas, em disputas eleitorais, é melhor crescer devagar, de maneira sustentada. É o que pode ocorrer com a política do Republicanos”.

Um marqueteiro diz que o voto evangélico precisa ser equacionado. “Se Eerizânia Freitas melhorar seus índices, os eleitores evangélicos tendem a apoiá-la. Porém, se não subir, eles tendem a migrar para aquele candidato que poderá derrotar o postulante do PT”, assinala.

Outro pesquisador tem a visão mais heterodoxa das interpretações. “É óbvio que sei que Antônio Gomide é forte. Porém, se começar a cair, pode ser puxado para baixo de maneira incontornável. E, se isto acontecer, não me surpreenderei se a disputa em Anápolis se der entre dois candidatos da direita. O mais provável é que Márcio Corrêa e Eerizânia Freitas cresçam. Se o crescimento de ambos se der com a ‘tomada’ de eleitores do petista, o que é possível — porque os eleitores não são, em sua maioria, ideológicos, e sim pragmáticos —, a tendência é que a polarização mude de configuração, com a disputa se dando entre os postulantes do PL e do Republicanos. Parece loucura, mas não é. As direitas, com os nomes definidos em campo, podem ‘atropelar’ o deputado estadual”.

Marqueteiros e pesquisadores preferem não se identificar porque, no geral, estão dando consultorias para vários partidos — alguns deles ligados ao pré-candidatos citados neste texto. Ao dizerem “verdades inconvenientes”, não querem perder clientes, de acordo com deles. (E.F.B.)