O presidente da JBS-Friboi prestou um serviço inestimável ao país, mas certamente pagará com a destruição de seus negócios

Joesley Batista durante depoimento à PGR | Foto: Reprodução

Há um consenso de que, depois de abrir sua ampla caixa da Pandora, o empresário Joesley Batista, da JBS-Friboi, não vai conseguir sobreviver no mercado brasileiro. Ao fazer um pacto dito faustiano com o Ministério Público Federal e a Justiça, para destruir seus ex-aliados e salvar a própria pele, o goiano de Anápolis pode ter dado um tiro no pé, quer dizer, uma metralhada nos seus empreendimentos.

Apontado como uma espécie de Silvério dos Reis dos tempos republicanos, Joesley “Unabomber” Batista ganhou a maldição e o ódio eternos de líderes do PMDB, do PT e do PSDB. No mercado das máfias, sabiam Vito e Michael Corleone, personagens fictícios do romancista Mario Puzo e do diretor de cinema Francis Ford Coppola, as delações não são perdoadas por aqueles que se consideram traídos.

Traidor ou não, Joesley Batista prestou um inestimável serviço ao país, ao confirmar o que a Operação Lava Jato havia apurado parcialmente: a política, que é fundamental em qualquer país, se tornou um espaço para quadrilheiros. Há exceções, é claro, mas as cúpulas estão altamente contaminadas. Frise-se que Michael Corleone queria “limpar” seus negócios, até descobrir que era impossível. O mundo legal é menos legal do que parece.